Em excursão pela Europa, René Simões visita CT da seleção da França
Treinador participa de cursos relacionados ao futebol nas próximas semanas e conta experiências ao Futebol Interior
Treinador participa de cursos relacionados ao futebol nas próximas semanas e conta experiências ao Futebol Interior
Campinas, SP, 16 (AFI) – Prezado amigo e leitor do Portal Futebol Interior…
Memórias são para serem cultivadas. Elas nos trazem embasamentos para presentes e futuras ações.
Chegamos na França no sábado, dia 14 de setembro, ao Castelo de Clairefontainne, no Centro de treinamento da seleção de futebol da França.
Um Castelo do Século XIX, adquirido pela Federação Francesa de Futebol nos anos 80 e reformado para receber as seleções. Deu sorte! Já foram dois títulos mundiais e mais uma Eurocopa.
O lugar é revigorante e tem tudo o que uma equipe precisa para uma ótima preparação. Passeando por minhas memórias, constatei que meus períodos de imersão são de sete anos.
Em 1998, ainda na Jamaica, depois da Copa do Mundo, visitei vários países africanos. Em 2005, como técnico do Irã, foi a vez da Ásia. Em 2012, trabalhando no São Paulo, fui ao Barcelona o escolhido, agora em 2019, é a França.
Te aconselho a fazer uma imersão de tempo em tempo. Qual o objetivo? Retificar o que tiver fazendo errado, ratificar o que for correto e aprender novos conceitos e tendências.
Será que chegaremos lá?
Nossa primeira aula em Clairefontainne foi a exposição feita por Mr.Kenny, diretor de relações internacionais da Federação.
Ele nos fez refletir sobre como poderemos ser no Brasil. Imitar a Federação Francesa? Absolutamente, não. Captar e adaptar um modelo inteligente? Sim, sem dúvidas.
O Juninho Paulista, por exemplo, está montando um projeto com esse objetivo e aqui vão algumas sugestões.
A liga é comandada pelos clubes, assim como em todas na Europa. A Federação ganha um pequeno percentual da liga e se sustenta com seus patrocinadores.
Ela administra as seleções nacionais, núcleos de formação e aperfeiçoamento de todos os níveis de profissionais do futebol, determina a normatização e sistematização pedagógica dos núcleos de formação de jogadores e gerencia todo o futebol amador.
A segunda aula foi de Mr. Jean Claude, diretor técnico de Clairefontainne. A Federação possui 13 núcleos espalhados pelos país, os quais selecionam e treinam meninos de 13 até 16 anos – são 43 mil ao todo.
Daí saíram Thierry Henry, Mbapé e outros. Aos 16 anos, os clubes podem contratar livremente os jogadores. A negociação é feita com as famílias ou agentes, sem nenhuma interferência da Federação.
Os clubes podem fazer este trabalho também. A ideia é facilitar a permanência dos meninos com seu núcleo social. Segundo eles, estudos comprovam que a retirada do menino desse núcleo apresenta perda de 60% deste percurso.
Nossa terceira aula foi dada pelo Diretor de Arbitragem da Federação. Dois pontos bem interessantes e preocupantes. O primeiro foi da formação das árbitras, as quais não têm o mesmo trabalho psicológico dos homens.
Achei sensacional. Não entendo os cursos serem os mesmos, quer para árbitros como para treinadoras e treinadores, para dirigirem as jogadoras. Bati palmas!
O segundo foi sobre o VAR. Esse foi polêmico e houve discussão acalorada. Ele mostrou um lance em que o juiz não marcou pênalti, mas as câmeras mostraram que foi pênalti e não chamaram o árbitro.
Argumentei que o VAR veio para acabar com erros e injustiças. Ele falou que não. Disse que o árbitro é autoridade máxima. Discordo plenamente. Mostrou que as decisões demoram 1,28 minuto quando sem a ajuda da tecnologia e 2,38 minutos quando ele vai ao monitor.
De maneira geral, alguns pontos importantes para o futebol brasileiro.
Um abraço e viva com fair play!
Renê Simões, técnico de futebol