Dupla Gre-Nal cria departamento de torcida e vê violência diminuir

Medidas adicionais foram tomadas pelo Inter para lidar com a violência

Em 2016, o Grêmio fez uma inovação no futebol brasileiro: criou um departamento exclusivo para se relacionar com a torcida, o Departamento do Torcedor Gremista

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Porto Alegre, RS, 24 – Em 2016, o Grêmio fez uma inovação no futebol brasileiro: criou um departamento exclusivo para se relacionar com a torcida, o Departamento do Torcedor Gremista (DTG). Desde então, o setor trabalha para, ao mesmo tempo, incentivar a festa no estádio do clube e tentar evitar problemas com violência da torcida. Em 2017, o arquirrival Internacional fez a mesma coisa. Ambos os clubes veem resultados positivos e creem que a relação com os órgãos públicos responsáveis pela segurança melhorou.

Thiago Floriano, supervisor do DTG, explica como começou. “Existe um processo que os clubes demoraram a entrar, em termos de uma gestão mais profunda da relação com torcidas organizadas e torcedores em geral. O laço está no Estatuto do Torcedor, que responsabiliza o clube nos problemas que uma torcida pode causar. Buscamos modelos para atender essa demanda, e encontramos um que nos agradou, que foi o do Borussia Dortmund”, relata.

Ele conta que, a partir disso, foram criadas normas, e adaptações para algumas regras que a polícia e o Ministério Público não conseguiam aplicar por falta de interlocução com o clube. “Atuamos como órgão intermediário entre as necessidades da torcida, deixando isso de uma forma prática para adaptar essas necessidades às leis, e também fazendo o caminho contrário, trazendo as leis e regras de boa convivência para os torcedores de forma bem mais simples para que eles possam se adaptar.”

Assim, os clubes passaram a conversar diretamente com representantes do Ministério Público, do Poder Judiciário, da Brigada Militar, de torcidas organizadas e torcedores comuns para evitar a violência dentro dos estádios, ajudando a construir uma relação de confiança com os órgãos públicos. O Grêmio se responsabiliza, por exemplo, pela banda dos torcedores, que são todos cadastrados pelo Ministério Público.

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Medidas adicionais foram tomadas pelo Inter para lidar com a violência. “Obrigamos todos os membros de organizadas a se tornaram sócios do clube. Dessa forma, sabemos facilmente quem causou problemas e podemos impedir que voltem a frequentar o Beira-Rio. Desde que essa regra entrou em vigor, mais de 400 já foram expulsos do quadro de sócios”, relata Norberto Guimarães, vice-presidente de relações institucionais.

Para jogos fora de casa, os clubes também buscam informações para facilitar a vida dos torcedores e cuidar para que não ocorram confrontos. “Na final da Libertadores 2017, sabíamos que o risco era alto, então negociamos com o Lanús para facilitar a venda de ingressos. O ponto de encontro, o caminho a ser percorrido e a chegada dentro do estádio foram monitorados pelo clube, visando a segurança dos torcedores que viajaram. Por isso, apesar do clima tenso, não houveram problemas”, afirma Floriano, do Grêmio.

Outro resultado positivo é a diminuição de ocorrências em clássicos. Segundo o funcionário do Grêmio, a média era de 40 por jogo, mas o número chegou a ser zerado em um clássico disputado em 2017. Nos de 2018, aconteceram alguns problemas, mas em número pequeno. O setor de torcida mista, que se tornou característico do Gre-Nal nos últimos anos, continua em vigor, embora o foco do trabalho para os clássicos seja nos setores de torcida visitante.

FESTA

Tanto Grêmio quanto Inter citam a vontade de ter uma festa bonita dentro do estádio como uma das razões para a criação do departamento de torcidas. “Acreditamos que ter uma festa com faixas, trapos, instrumentos musicais pode ser muito benéfico, incentivando o time dentro de campo e pressionando os adversários, e também para a marca, podendo tornar o time conhecido ao redor do mundo. Basta lembrar da Muralha Amarela do Borussia Dortmund ou da Bombonera”, cita Floriano.

Para Guimarães, o Inter visa incentivar a festa no estádio inteiro. “Não queremos que fique restrito apenas ao setor das organizadas, queremos que todo o Beira-Rio cante igualmente. É uma festa que tem que ser catalisadora para todo o estádio, que todos incentivem o clube a conseguir a vitória”, afirma.

Outra das atuações dos departamentos é relacionada aos materiais das torcidas organizadas, já que os clubes se responsabilizam pelos instrumentos e faixas. O Grêmio já conseguiu, por exemplo, a liberação de materiais que estavam proibidos de entrar no campo desde que o clube passou a mandar jogos no seu novo estádio, em 2013.