Dorival Júnior ainda sonha com seleção brasileira. Veja entrevista ao 'Toque de Letra'
"Pode demorar um pouquinho, pode dar uma volta um pouco maior, mas vai acontecer"
Campinas, SP, 22 (AFI) – No programa Toque de Letra, desta segunda-feira (14), transmitido para o estado de São Paulo na TV Cultura, o jornalista esportivo Oliveira Andrade perguntou ao técnico do São Paulo Dorival Junior se havia ficado alguma mágoa por ele não ter sido escolhido o técnico da Seleção Brasileira. A resposta surpreendeu a muitos:
“O que tiver que acontecer, vai acontecer. Se um dia eu tiver merecimento pra chegar à Seleção, pode demorar um pouquinho, pode dar uma volta um pouco maior, mas vai acontecer. ”
Dorival ainda lembrou que ficou parado por quase 4 anos e meio e nunca deixou de receber convites, quase que mensais: “Isso pra mim não tem preço. Eu já tive 18 disputas de título, to indo pra décima nona. São 13 conquistas nesse processo. Fico muito satisfeito de ver o desenvolvimento da minha carreira, o respeito que existe com todos os profissionais com os quais eu convivi.” afirmou o técnico.
OBRIGAÇÃO DE ESTAR PRONTO SEMPRE
O técnico do tricolor ainda disse que se mantém em constante prontidão para a Seleção.
“A minha obrigação é estar me preparando a todo instante pra que eu possa abastecer meus clubes de momento e caso um dia venha acontecer algo diferenciado pode ter certeza que eu vou estar preparado e em condições de um resgate do futebol brasileiro”
ÊXODO DOS TÉCNICOS BRASILEIROS
O jornalista Marco Antonio Rodrigues, o Bodão, questionou Dorival sobre o porquê dos técnicos brasileiros estarem sendo preteridos em relação aos estrangeiros. Dorival, novamente, deu uma resposta conceitual:
“Infelizmente isso se agravou depois de 2014, quando foi imputado ao treinador tudo de ruim que aconteceu no futebol, principalmente pelo que aconteceu com a Seleção Brasileia”, cravou.
ARROZ COM FEIJÃO BEM FEITO É A ESSÊNCIA DO BRASIL
Bodão, lembrando um mote que alguns torcedores do Flamengo, classificaram Dorival Junior quando de sua passagem pela Gávea, questionou o ‘arroz com feijão’.
Dorival lembrou que formou dois times diferentes no Flamengo e está fazendo isso no São Paulo:
“O ano passado nós tínhamo dois times no Flamengo, cada um jogava com um esquema e os dois eram muito bem treinados. E isso está acontecendo com o São Paulo e nós jogamos contra o Botafogo, líder do campeonato e contra o Flamengo, vice líder do campeonato. Jogamos com equipes alternativas e fizemos grandes jogos! Se isso é arroz com feijão, está ótimo”, disse o técnico.
Entusiasta do futebol-arte, do jogo jogado, o técnico fez questão de lembrar um déficit primordial do futebol brasileiro:
“A essência do Futebol, a finta, o improviso, a jogada diferenciada que ninguém imagina que vai acontecer, isso sim nós perdemos! E os poucos jogadores que fazem esse tipo de jogada hoje, saem rápido do país. Isso é que sempre fez a diferença do futebol brasileiro e sulamericano. Isso é o que eu sinto há mais de 30 ou 40 anos”, afirmou.
NÓS PERDEMOS A RUA!
Emblemático, o treinador sintetizou seu pensamento sobre o futebol atual com um paralelo com o futebol mais genuíno:
“Nós perdemos a possibilidade e o poder da finta porque nós perdemos a rua. Perdemos os campinhos de quarteirões, a várzea bem jogada. Perdemos a formação, aquilo que era a essência do futebol brasileiro: a rua!