Ari na Copa: Disciplina tática da França é uma aula para a 'treinadorzada' brasileira
Destaco seis pontos importantes neste time francês dirigido por Didier Deschamps, campeão do mundo em 1998 como jogador, e em 2018 como técnico.
Peguem o vídeo deste jogo da França e raciocinem, na companhia de seus comandados, como as coisas devem ser colocadas em prática.
Campinas, SP, 4 (AFI) – Não. Nada de cronologia do jogo em que a França derrotou a Polônia por 3 a 1, neste domingo.
O ângulo de abordagem é outro, e de interesse direto a essa ‘treinadorzada’ por aí, de prancheta nas mãos a beira dos gramados, como se estivesse enxergando nos mínimos detalhes as peças do tabuleiro de xadrez.
O ‘ceis’ pensam que estão abafando, mas na prática têm muito que aprender.
Pois peguem o vídeo deste jogo da França e raciocinem corretamente, na companhia de seus comandados, como as coisas devem ser colocadas em prática.
PRIMEIRO: capacidade para mentalizar o atleta sobre o destino da bola antes de receber o passe. Essa visão antecipada permite que a jogada possa fluir.
SEGUNDO: aproximação máxima dos jogadores, para que, mesmo com marcação forte do adversário, surja a opção do passe, ou virada de jogo para o desmarcado.
TERCEIRO: exceto na obrigatoriedade de se limpar jogadas, o drible é dispensável até se atingir a intermediária adversária.
A boleirada precisa estar consciente que só deve arriscá-lo aqueles com a devida sabedoria para tal. Intrusos devem se colocar nos seus devidos lugares.
QUARTO: é possível montar equipe abdicando do chamado primeiro volante trombador, incumbido na maioria das vezes de matar jogadas com faltas.
Na França, o suposto primeiro volante, Tchouaméni, é jogador de qualidade técnica para o desarme, com uso da falta como última alternativa.
REFINO TRATO
Se alguém perguntar se é possível montar um tripé de meio de campo com jogadores no refino ao trato da bola, mostrem o vídeo deste jogo da França.
Rabiot, sugerido como segundo volante, se pauta pela qualificação na saída de bola, após a capacidade de desarme. O que dizer, então, do meia-atacante Griezmann?
São raros jogadores com dribles fáceis como os deles, visão privilegiada de jogo, se doarem na marcação, por vezes no papel de segundo volante.
A exemplo de Rabiot, na maioria das vezes desarma sem recorrer às faltas.
Logo, está explicado porque a França é o selecionado com maior índice de desarmes nesta Copa do Catar.
Boleiro que sabe jogar se preocupa em desarmar jogadas de adversários, diferentemente daqueles trombadões que vão para o combate decididos matar a jogada.
ADAPTAÇÃO
De certo foram jogadores adaptados à função de marcadores, o que geralmente não é estimulado por aqui, pois a ‘treinadorzada’ não se desgarra daquela conceituação ultrapassada.
QUINTO: quem conta com atacante de beirada de qualidade equivalente a um décimo de Mbappé, não precisa exigir que o dito cujo faça contínua recomposição, como acontece no futebol brasileiro.
Mbappé volta de vez em quando, e apenas para cercar o adversário, no claro indicativo de que qualificados atacantes de beirada devem sim se fixar no jogo ofensivo.
Quem cobre eventuais descidas do adversário (no caso a Polônia) pelo lado direito do ataque?
Volante Rabiot, da França, tem essa incumbência, e ainda conta com um lateral-esquerdo como Theo Hernández, com qualidade para o desarme.
Do lado direito do ataque francês, o driblador Dembélé exerce o papel de homem da recomposição.
SEXTO: não se sabe até aonde esse selecionado francês vai avançar nesta Copa do Mundo, mas que o desenho tático é uma lição para aprendizes de treinadores brasileiros, isso é.
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