Dia do Goleiro: referência a Carlos Ganso, o melhor de todos

Mas outros nomes marcaram Campinas como Waldir Peres, Wilson Quiqueto, Dimas, Sidney Polli, Sérgio Nery e até o grandalhão Hiran que fez gol de cabeça

Tímido estudante no Jardim Proença, acabou indo a três Copas do Mundo: 1978 (Argentina), 1982 (Espanha) e 1986 (México).

Carlos Ganso - goleiro
Carlos disputou três Copas do Mundo

Campinas, SP, 26 (AFI) – No Dia do Goleiro, neste 26 de abril, o futebol de Campinas se orgulha de a cidade ter produzido um dos melhores goleiros de todos os tempos do futebol brasileiro: Carlos Ganso, ainda nos anos 70. Quem diria que aquele tímido estudante da Escola Estadual José Villagelin Neto no Jardim Proença, em Campinas, brilhasse na Seleção Brasileira? Ele foi a três Copas do Mundo: 1978 (Argentina), 1982 (Espanha) e 1986 (México).

Já profissional da Ponte Preta e relacionado para rotineiras viagens do clube, Carlos se surpreendeu quando o professor da disciplina de Educação Moral e Cívica, Benedito Mezzacapa, insistiu na manutenção da nota zero, porque ele havia faltado à prova bimestral. Mezzacapa, que dizia-se torcedor pontepretano, talvez não acreditasse na justificativa de Carlos, de prestação de serviço ao clube, porque até então o titular era Moacir ‘Cachorrão’.

Aí, como praticamente toda classe fez coro em defesa do injustiçado, o professor cedeu às evidências e reprogramou a prova para outra ocasião. Talvez essa seja uma das raríssimas histórias de Carlos de desconhecimento do torcedor campineiro. É que na meta aprendeu a pegar bolas difíceis e até as impossíveis, ao assimilar ensinamentos de seu mestre Dimas Monteiro, já falecido.

Se à época dizia-se que goleiros da estatura de Carlos Ganso, 1,88m de altura, tinha dificuldade para se esticar na bola rasteira, a história está aí para que ele desmentisse. Diferentemente dos goleiros que se atiram ao gramado no enfrentamento à atacantes adversários, Carlos aprendeu com Dimas a só cair após o chute, para acompanhar a trajetória da bola.

E se goleiros brasileiros eram criticados pela hesitação na saída da meta, o grito dele de ‘é minha’ era suficiente para passadas na grande área e interceptar cruzamentos, coisa que nem o saudoso Waldir Peres, que assumiu a titularidade na Ponte Preta a partir de 1971, fazia.

CIASCA

Pontepretanos da velha guarda ainda falam do saudoso goleiro Ciasca, dos anos 50, que gostava de músicas eruditas, e Aníbal, já na década de 60. Por sinal, a Ponte tinha a sina de revelar goleiros no passado: Wilson Quiqueto ainda na década de 60 e Luiz Henrique, nos anos 70.

Nas últimas décadas, apenas de vez em quando aparece goleiro de destaque na Ponte Preta, como foi o caso recentemente de Ivan e mais atrás Aranha.

DIMAS E SIDNEY POLY

Dimas Monteiro, vindo de Taquaritinga no final da década de 50, passou cerca de dez anos seguintes se revezando na meta bugrina com o saudoso Sidney Polli, que alçou voos mais altos em Flamengo e Corinthians.

E quando presumia-se que sem ambos a lacuna tão cedo não seria preenchida, eis que chegou ao Guarani, em 1969, Tobias, a princípio com desconfiança após falhar na estreia contra o extinto Saad, de São Caetano do Sul. Com apoio do grupo e perseverança, Tobias construiu a sua história no Guarani, com prosseguimento no Corinthians.

Até quando o Guarani não dispunha de um goleiro de total confiança, como o saudoso Neneca, conseguiu se sobressair e conquistar o inédito título brasileiro de 1978.

SÉRGIO NERY

Histórias de goleiros do Guarani são tão controversas a ponto de a desconfiança inicial da performance de Sérgio Neri ser transformada em confiança. Quem viu todo trabalho de correção que o então preparador de goleiro Dimas fez com o seu discípulo acredita que o mestre é capaz de modificá-lo.

E foi com Sérgio Neri na meta que o Guarani disputou novo título do Brasileirão edição 1986, mas ficou com o vice-campeonato.

Dimas e Sidney Polli
Dimas (à esquerda) e Sidney Poly, dois grandes goleiros do Guarani nos anos 1960

HIRAN

Aquela molecada da organizada Fúria Independente só pode ouvir através de depoimento de pais sobre a noite em que a torcida bugrina foi à loucura quando a desenhada derrota por 3 a 1 para o Palmeiras foi modificada para um inesperado empate por 3 a 3, em 1997.

O delírio, no terceiro gol, justificou-se pela cabeçada do então goleiro Hiran, que foi à área adversária em lance de bola parada. Eis aí um fato jamais ocorrido no Estádio Brinco de Ouro. De lá pra cá outros casos são dignos de registros sobre goleiros bugrinos, mas esse marcante encobre espaço dos demais.

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