Nunca foi tão fácil para a Ponte Preta ganhar um dérbi campineiro, como o da noite desta terça-feira no Estádio Moisés Lucarelli, por 2 a 0.

Afinal, o Guarani tomou dois gols em cobranças de escanteios. Tocou a bola do começo ao final com frieza que contradiz à inquietude deste confronto. Desafiou a lógica de errar passes, provavelmente pela desconcentração. Criou apenas uma chance real ao longo da partida. E o seu treinador Ricardo Catalá teve desempenho desastroso em substituições.

Claro que a decepcionante atuação do Guarani não serve para deslustrar a vitória da Ponte Preta, pois ganhar dérbi, independentemente das circunstâncias, é motivo de júbilo para o seu torcedor.

E foi a vez da desforra da última derrota sofrida para o rival por 3 a 2, no Estádio Brinco de Ouro, antes da paralisação do futebol, pois aquele era um jogo ganho, com permissão de virada para o Guarani.

Se argumentarem que a Ponte não mostrou coisas tão diferentes da derrota sofrida para o Juventude por 3 a 1, alertem aos interlocutores sobre a solidez na marcação, a começar pela recomposição dos atacantes e terminando pelo trabalho de superação dos zagueiros Luizão e Alison, que não cometeram uma falha sequer.

DOIS GOLS PERDIDOS

O jogo estava desenhado tão à caráter para a Ponte Preta que o meia João Paulo logo aos três minutos e Moisés no segundo tempo desperdiçaram oportunidades reais, propiciando defesas do goleiro Gabriel Mesquita.

Além disso, desta vez o atacante Bruno Rodrigues nem de longe mostrou lucidez, embora se esforçasse bastante e também procurasse ajudar na marcação.

Se no primeiro tempo a marcação do Guarani estava relativamente ajustada, no segundo ofereceu generosos espaços para que a Ponte trabalhasse a bola, mas erros de passes dos pontepretanos também fugiram à normalidade, e isso facilitou o trabalho de desarme dos bugrinos.

CATALÁ

A saída do meia Murilo Rangel do Guarani no intervalo só se justifica na hipótese de que tenha sentido algum desconforto muscular.

Para colocar Júnior Todinho, bastaria sacar Giovanny ou Waguininho, que pouco acrescentavam à equipe.

Pois sacou Murilo Rangel naquela troca.

Injustificável foi tirar Cristóvam para colocar Pablo, mesmo com o substituído já amarelado.

Por sorte, Bruno Rodrigues e depois Moisés que atuaram por ali, não estavam inspirados.

A rigor, a jogada em que Moisés perdeu gol foi feita sobre Pablo.

Centroavante Alemão, já desacreditado pela torcida bugrina, entrou em campo aos 31 minutos do segundo tempo, no lugar de Deivid, e não houve ganho com a troca.

Assim, a imagem deixada pelo Guarani de Catalá foi de um time frio, que toca a bola sem objetividade quando o placar não é de ninguém e até quando favorece ao adversário.

Isso refletiu na única oportunidade criada, que foi a cabeçada certeira do zagueiro Didi, que proporcionou defesa cinematográfica do goleiro Ivan, com Waguinho desperdiçando o rebote.

DAWHAN

A Ponte viveu de lampejos de João Paulo, da atuação maiúscula do volante Dawhan na destruição, e a recompensa com o gol de cabeça dele aos 35 minutos do primeiro tempo, quando explorou indecisão do bugrino Waguininho, e não ofereceu chance de defesa para Gabriel Mesquita, que falhou no segundo gol ao perder a disputa no alto com o zagueiro Luizão, igualmente em cobrança de escanteio. A sobra da jogada ficou com o próprio pontepretano, que empurrou a bola pra rede .

Desta feita a Ponte contou com a consciência de Apodi ao avançar apenas na boa, privilegiando a marcação.

E teve ganho quando o improdutivo lateral-esquerdo Ernandes sofreu lesão muscular e deu lugar para Lazaroni.

Apesar da vitória e volta ao G4, o treinador Marcelo Oliveira, que nesta quarta-feira assume o comando da equipe, sabe que muita coisa ainda precisa ser arrumada, preferencialmente com a vinda de mais um zagueiro e lateral-direito como opção.