Decisão marcante entre Ponte Preta e Briosa 58 anos atrás
Ninguém precisou contar-me esse fato. Eu presenciei com esses olhos que um dia a terra há de comer, um bordão antigo e em desuso. Mas tem fotos e vídeo pra provar. CONFIRA !
Aquele gol do atacante Samarone, da Briosa, logo aos seis minutos, foi doloroso para o pontepretano que confiava na volta à Divisão Especial
Campinas, SP, 17 (AFI) – Há 58 anos, já havia uma molecada arruaceira na torcida da Ponte Preta, prova está que a extensão das avenidas Monte Castelo e Ângelo Simões, nos bairros Jardim Proença e Ponte Preta, próximas do Estádio Moisés Lucarelli, ficaram ‘forradas’ de estilhaços de vidros, quebrados de janelas de ônibus da caravana de torcedores da Portuguesa Santista a Campinas.
Ninguém precisou contar-me esse fato. Eu presenciei com esses olhos que um dia a terra há de comer, um bordão antigo e em desuso. Mesmo assim, a produção da redação do FUTEBOL INTERIOR ilustrou este texto colocando abaixo fotos dos dois times-base daquela temporada (1964), bem como (no pé da noticia) o gol de Samarone, num vídeo raro da TV Tribuna de Santos.
A dor n’alma do pontepretano foi tão forte após aquela derrota por 1 a 0 para a Briosa, naquele 7 de março de 1965, que o desabafo foi mirado em quem apenas veio a Campinas em busca de idêntico objetivo: acesso à divisão principal do futebol paulista, ainda no chamado Campeonato Paulista da Primeira Divisão, edição válida do ano de 1964.
Aquele gol do atacante Samarone, da Briosa, logo aos seis minutos do primeiro tempo, foi doloroso para o pontepretano que confiava cegamente na volta à Divisão Especial, baseado no retrospecto de jogos anteriores daquela fase decisiva.
SÉRIE INVICTA
Após derrota para a mesma Portuguesa Santista por 1 a 0, em 13 de janeiro de 1965, no Estádio Ulrico Mursa, também gol de Samarone, a Ponte se pautava com uma série invicta de dez jogos, a começar pelos 4 a 0 sobre o Bragantino, em Campinas.
Aí veio a vitória fora de casa sobre o Rio Preto por 5 a 2. Posteriormente passou por Ferroviária e Francana em Campinas, ambos por 1 a 0. De Sorocaba e Bragança Paulista, ela trouxe vitórias por 1 a 0 e 2 a 1, diante de Estrada e Bragantino respectivamente.
Depois, em Campinas, goleada sobre o Rio Preto por 3 a 0, vitória por 3 a 2 fora de casa diante do Nacional, e empate pela contagem mínima contra a Ferroviária, em Araraquara.
Aí, antes de decidir com a Santista, o time pontepretano vinha robustecido pela vitória por 3 a 2 sobre a Votuporanguense, em Campinas, até que o pior ocorreu naquele sete de março de 1965, num time dirigido pelo saudoso treinador Francisco Sarno, com essa formação: Anibal (Fernandes); Valmir e Antoninho; Ivan, Sebastião Lapola e Jurandir; Jairzinho, Ari, Da Silva, Urubatão e Almeida.
(VEJA FOTO ABAIXO – TIME BASE DA PONTE PRETA NA TEMPORADA DE 1964)
Na foto abaixo, o ponta esquerda é Zé Francisco.
O árbitro foi Albino Zanferrari, com registro de público de 16.757 torcedores.
Depois daquele desastre, a Ponte só voltou a jogar no dia dois de maio, em amistoso contra a Francana, com goleada por 5 a 2.
SÉRGIO ROSSI
O saudoso dentista Sérgio Rossi, ferrenho pontepretano, foi um historiador do clube com produção de livros, sendo que na terceira edição descreveu como o clube ‘juntou os casos’ após aquele desastre, simplificado nesta frase:
“A Veterana, sofrida vovó, saía de cena e dava lugar à macaca valente, raçuda e briosa. Pronta para novos embates”.
Assim, no dia 30 de março, o presidente do clube Antonio Mingone, desiludido por mais uma tentativa frustrada após tanta luta e sacrifício extremos, entregava ao conselho a sua renúncia.
AI-2
Atento à descrição de fatos marcantes da época, Sérgio Rossi citou, naquela publicação, que havia sido promulgado o AI-2, (Ato Institucional) que extinguia os partidos políticos existentes, com a consequente criação do bipartidarismo, com agremiações como Arena (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro), um partido de oposição.
Registro, também, para a reforma monetária que instituiu o cruzeiro novo.