Criatividade e austeridade marcam ascensão do 4 de Julho no futebol nacional

Após chegar na terceira fase da Copa do Brasil e cair para o São Paulo, time passou a ser reconhecido nacionalmente

Diretor de Marketing Waldenor de Brito conta que há jogadores que ganham um salário mínimo

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Vitória sobre o São Paulo foi o maior triunfo da história do clube - Foto: Benonias Cardoso / Estadão

Campinas, SP, 1 (AFI) – Com sede na cidade de Piripiri, que fica a 175 quilômetros da capital Teresina, o 4 de Julho até o ano passado se enquadrava no cenário dos times que mantinham boa parte do elenco com salário mínimo. À reportagem do Estadão, o diretor de marketing Waldenor de Brito, de 60 anos, comentou que a realidade do clube, de fato, passou a mudar neste ano.

“Já coloquei dinheiro do meu bolso aqui. Não só eu, mas outros dirigentes também. Para quitar as dívidas com o INSS, fizemos um bingo cujo prêmio era um bezerro. Quem ganhava devolvia o garrote para novas rodadas. Acho que foram umas onze no total, até arrumar o dinheiro que precisávamos. Não temos nenhuma dívida trabalhista e pagamos sempre em dia”, afirmou Brito, empresário do ramo de confecções esportivas que produz o uniforme usado pelos atletas.

SOLUÇÕES DIFERENTES

Criatividade, aliás, é uma marca da atual gestão. Em outra ação, a diretoria fez uma edição limitada de cem camisas polo com o escudo do clube. A peça foi colocada à venda por R$ 500,00. “Esgotou rapidinho. Claro que o pessoal fez isso para nos ajudar”, afirmou o dirigente.

ORÇAMENTO MUITO CURTO

Essas iniciativas, na verdade, refletem a falta de recursos dos times do Nordeste. O 4 de Julho não tem Centro de Treinamento e usa o estádio municipal para fazer os trabalhos de campo com o elenco. A média salarial gira em torno de R$ 2 mil a R$ 3 mil. O teto é de R$ 5 mil e, no elenco, alguns atletas são remunerados com salário mínimo.

Há quem tenha ainda uma outra profissão para reforçar o orçamento. É o caso, por exemplo, de Wilsinho, que também trabalha como eletricista. Aos 42 anos, o veterano é uma das opções que o técnico tem para a lateral-direita.

“E ele me disse que quer renovar o contrato. É um atleta com muito vigor físico”, disse em tom empolgado o diretor de marketing. “O Wilsinho entrou para história do futebol do Estado como jogador mais velho a ser campeão piauiense”, completou.

HISTÓRIA DO CLUBE

Fundado em 1987 e com quatro títulos estaduais no currículo, o 4 de Julho colhe os frutos da conquista do Piauiense do ano passado. Também conhecida como Gavião Colorado, a equipe ganhou o direito de disputar a Copa do Brasil deste ano e fez a melhor campanha de sua história ao avançar até a terceira fase, quando perdeu de 9 a 1 para o São Paulo no Morumbi.

O clube deixou pelo caminho o Confiança, o Cuiabá e só parou diante do São Paulo mesmo. O 4 de Julho participou ainda da Copa do Nordeste, (acabou eliminado na fase de grupos) e está disputando a Série D do Brasileiro (é vice-líder no chave 2, a um ponto do Guarany de Sobral-CE).

“Nossa folha salarial é de quase R$ 120 mil mensais. O que melhorou a situação este ano foram as cotas da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil”, disse. Esse montante foi de pouco mais de R$ 4,5 milhões. Segundo o dirigente, por causa desse reforço nos cofres do Gavião Colorado, a maioria dos atletas que ganhava salário mínimo até o ano passado ganhou um pequeno aumento em seus vencimentos, alguns chegaram a dobrar o valor.

Toni Assis, especial para a AE