CPI quer ouvir Lucas Paquetá e Luiz Henrique por possíveis violações de apostas
Os deputados aprovaram nesta quarta-feira, 23, o requerimento do relator da CPI, Felipe Carreras (PSB-PE)
As apostas investigadas teriam sido feitas em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, no site da empresa Betway
São Paulo, SP, 23 – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Resultados quer ouvir Lucas Paquetá e Luiz Henrique, dois atletas investigados na Inglaterra e Espanha, respectivamente, por possíveis violações das regras de apostas esportivas.
Os deputados aprovaram nesta quarta-feira, 23, o requerimento do relator da CPI, Felipe Carreras (PSB-PE). Primeiro, o deputado protocolou o o requerimento na forma de convocação, que, porém, foi transformada em convite. Não há, portanto, obrigatoriedade de os atletas darem depoimento. No entanto, se os dois jogadores não forem a Brasília, os deputados podem convocá-los.
“A suposta participação de um jogador com o currículo de Paquetá em esquemas de manipulação de resultados acende a preocupação de que as organizações criminosas são fortes o suficiente para atuarem em diversos níveis e destruírem a modalidade esportiva de maior sucesso no mundo”, afirma Carreras ao Estadão.
“Precisamos entender como elas funcionam, como elas aliciam para combatermos com eficiência esse crime. Futebol é paixão, mas também é fonte de renda e de inspiração. Não podemos deixar nossas crianças se influenciarem por ídolos que tenham sua história manchada por uma prática tão vil”, acrescenta.
Carreras justificou ser “de relevância” para a CPI que os atletas citados sejam ouvidos para prestar “os devidos esclarecimentos”. Como os dois jogadores atuam fora do País, os parlamentarem não descartam ouvi-los remotamente, por chamada de vídeo.
A Sports Radar, empresa que monitora movimentos suspeitos em apostas esportivas, apresentou relatório denunciando Paquetá e Luiz Henrique mencionando as partidas West Ham x Aston Villa, pela Premier League, e Villareal x Bétis, por La Liga, ambas disputadas no dia 12 de março.
APOSTA CASADA
As apostas investigadas teriam sido feitas em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, no site da empresa Betway, casa de aposta que patrocina o West Ham, em contas associadas a pessoas próximas ao jogador.
Essas contas teriam feito apostas casadas para ampliar os ganhos, por isso, teriam envolvido também Luiz Henrique. Para ganhar, era necessário que os dois atletas levassem cartão amarelo, o que aconteceu no dia 12 de março, quando o West Ham empatou por 1 a 1 com o Aston Villa, pela Premier League, e o Bétis também ficou no empate pelo mesmo placar com o Villarreal, pela La Liga. Ambos foram advertidos com o cartão no segundo tempo de cada partida.
A Inglaterra fiscaliza com rigor o setor e não permite que jogadores e pessoas do entorno do futebol apostem. Recentemente, o atacante Ivan Toney, do Brentford, foi suspenso por oito meses de todas as atividades relacionadas ao futebol por violar regras de apostas esportivas no país.
Paquetá teve seu depoimento do caso adiado em até três semanas. Na última segunda-feira, o a Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) aceitou o pedido do West Ham para que o esclarecimento do meia brasileiro fosse postergado. De acordo com o Daily Mail, a solicitação foi feita para que fosse possível entender os motivos que fizeram a entidade pedir que Paquetá falasse sobre o caso. A informação foi confirmada pela reportagem do Estadão com o estafe do atleta.
Em um primeiro momento, Lucas Paquetá se disponibilizou para dar sua versão do caso às autoridades em uma entrevista. Posteriormente, a federação inglesa enviou um comunicado para o West Ham solicitando um depoimento, sem dar muitos detalhes no embasamento do pedido. Por isso, o clube optou por solicitar o adiamento em até três semanas deixando claro que deseja saber os motivos deste depoimento com antecedência. Luiz Henrique ainda não foi chamado por La Liga ou pela Real Federação Espanhola de Futebol(RFEF) para tratar do tema.
Paquetá foi cortado da seleção brasileira às pressas por Fernando Diniz. O técnico Ramon Menezes fez o mesmo com Luiz Henrique, que seria convocado à seleção olímpica, mas acabou substituído por Bitello, do Grêmio.
A CPI prorrogou os trabalhos por mais 60 dias e vem ouvindo diferentes agentes do mundo do futebol, como atletas e representantes de casas de apostas. Na terça-feira, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Wilson Luiz Seneme, deu depoimento. Nesta quarta, o lateral-direito Nino Paraíba, hoje no Paysandu, está sendo ouvido. Existe, também, uma investigação em curso na Polícia Civil.