Corte de Onana é mais uma crise de Camarões em Copas do Mundo

A partida contra Sérvia terminou empatada em 3 a 3.

Onana

São Paulo, SP, 28 – A crise que explodiu entre o técnico Rigobert Song e o goleiro André Onana não é primeiro episódio de problemas internos vividos pela seleção de Camarões em uma Copa do Mundo. Nesta segunda-feira, horas antes da partida contra a Sérvia, pelo Grupo G, o mesmo do Brasil, o goleiro titular foi cortado do grupo camaronês por questões de disciplina.

Apesar de Onana ser um dos principais nomes da seleção africana no Mundial do Catar, Rigobert Song não hesitou em barrar o goleiro, escalando Devis Epassy, goleiro do Abha, da Arábia Saudita, como titular para o duelo com a Sérvia pelo Grupo G. A partida terminou empatada em 3 a 3. A reportagem relembra outros momentos polêmicos da seleção camaronesa em Mundiais.

Ainda no Mundial do Catar, antes mesmo da competição começar, durante a reta final das Eliminatórias, de forma surpreendente, o técnico português Toni Conceição foi demitido, a mando do presidente Paul Biya, que deu lugar ao ídolo camaronês Rigobert Song. Porém, ao anunciar a lista de convocados para o Mundial do Catar, o técnico se atrapalhou e levantou suspeitas de que a lista final recebeu interferências.

Em 2014, horas antes do embarque da delegação africana para disputar o Mundial no Brasil, os jogadores, simplesmente, se recusaram a subir no avião rumo ao Rio de Janeiro e ficaram reclusos, no hotel, em Yaoundé, em greve. Motivo: discordaram da premiação, equivalente a US$ 68 mil por jogador, oferecida pelo governo, cerca de R$ 366 mil na cotação atual. Como queriam receber quase o triplo deste valor – e nenhuma das partes queria ceder -, houve o impasse.

Onana
Onana foi cortado

Ainda no Mundial realizado no Brasil, durante o duelo com a Croácia, que terminou com triunfo croata por 4 a 0, o lateral-esquerdo Benoit Assou-Ekotto e o atacante Benjamin Moukandjo discutiram de forma bastante ríspida. Na sequência, o defensor deu uma cabeçada no colega de equipe e ambos precisaram ser separados pelos companheiros. Na ocasião, a seleção africana se despediu do Mundial na lanterna do Grupo A, com três derrotas e apenas um gol anotado.

Um movimento semelhante ocorreu antes da Copa de 2002, disputada na Coreia do Sul e no Japão. Por discordarem da premiação prometida pela Federação Camaronesa de Futebol, os jogadores decidiram não arredar o pé de um hotel próximo ao aeroporto de Roissy Charles de Gaulle, nos arredores de Paris, onde a delegação fez escala, antes de seguir para a Ásia. E o embarque teve de ser adiado por dias. Naquele Mundial, os africanos também caíram na fase de grupos, ao somarem apenas 4 pontos terminando na terceira posição do Grupo E.

Não por acaso, apesar de ser uma das seleções mais tradicionais da África, Camarões acaba sempre desapontando em Mundiais. Nem em 1990, quando o país chegou às quartas de final, na Copa do Mundo da Itália, o time cujos destaques eram o atacante Roger Milla e o goleiro Thomas N’Kono, a preparação camaronesa foi tranquila.

Semanas antes da divulgação da lista de convocados, o técnico russo, Valeri Nepommiachi, não queria saber de chamar Milla, que já era um veterano de 38 anos e estava atuando em uma equipe semiamadora. Foi preciso uma intervenção pessoal do presidente da República, Paul Biya, para colocar seu nome na lista.

JOEL MATIP E SUA “APOSENTADORIA DA SELEÇÃO”
Zagueiro do Liverpool e um dos principais nomes camaroneses no futebol mundial, Joel Matip, de 31 anos, é um caso à parte de imbróglios com a federação de seu país. Em 2016, no mesmo ano em que ingressou na equipe inglesa, o defensor passou a recusar a ser convocado por país.

Com a camisa de Camarões, Matip fez apenas 27 apresentações, tendo disputado as Copas do Mundo de 2010, na África do Sul, e a do Brasil, em 2014. O último compromisso do zagueiro pela seleção foi em setembro de 2015, nas Eliminatórias da Copa Africana de Nações.

Em destaque no Liverpool, uma possível volta de Matip à seleção chegou a ser ventilada, porém, o retorno foi completamente negado pelo presidente de federação camaronesa, Samuel Eto’o, que foi contundente ao barrar a volta do zagueiro.

“O tempo dele (Matip) na seleção acabou. Aqueles que nos levaram para a Copa vão para o Catar. Não queremos jogadores que só aparecem na fase de prosperidade. Não toleramos jogadores que se acham especiais”, disse o ex-jogador à época.

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