Corinthians atrasa salários de jogadores e funcionários e vê crise se aprofundar
A gestão de Augusto Melo acumula mais problemas que aprofundam ainda mais a crise no Corinthians.
O pagamento dos vencimentos referente ao mês de maio deveria ter sido feito na última quinta-feira, 6, mas não foi.
São Paulo, SP, 07 – Não bastasse a decisão da Vai de Bet de rescindir seu contrato de patrocínio máster nesta sexta-feira e a iminente saída do goleiro Carlos Miguel, a gestão de Augusto Melo acumula mais problemas que aprofundam ainda mais a crise no Corinthians. O clube atrasou o salário de todos os funcionários e jogadores. O pagamento dos vencimentos referente ao mês de maio deveria ter sido feito na última quinta-feira, 6, mas não foi.
Procurado, o Corinthians alegou que os atrasos se devem a “problemas operacionais no fluxo de caixa”. O clube afirmou que os funcionários e gestores foram avisados e que os pagamentos serão feitos na segunda-feira, 10.
Trata-se do primeiro atraso de salário da gestão de Augusto Melo, que encara profunda crise interna no clube e perdeu apoio após a rescisão da Vai de Bet, que desencadeou uma debandada de diretores, incluindo Rozallah Santoro e Fernando Alba, ex-diretor financeiro e ex-diretor-adjunto de futebol, respectivamente.
O Estadão apurou que, internamente, havia há três meses a tensão e o temor de que os salários iriam atrasar. O clube faz os depósitos em todo quinto dia útil – os sábados são considerados dia útil – de cada mês aos seus colaboradores, incluindo os atletas, cujos contratos são submetidos a todas as regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
O pagamento está atrasado em um dia. Nesta sexta-feira, os responsáveis pelo departamento financeiro já deram expediente e indicaram que o dinheiro não irá cair antes do fim de semana. O comentário, internamente, é que o montante que estava reservado para os pagamentos dos colaboradores “sumiu”.
SEM VAI DE BET E SEM DINHEIRO
Com dificuldades financeiras, o Corinthians também não tem pagado devidamente os direitos de imagem dos jogadores, que não recebem os valores destinados a este fim há dois meses.
Mais cedo, a Vai de Bet, decidiu romper o contrato que tinha com o clube em decorrência de polêmicos pagamentos feitos pela Rede Media Social Ltda, intermediária do acordo, à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, suposta empresa “laranja” cujo CNPJ está no nome de Alex Fernando André, mais conhecido como Alex Cassundé, membro da equipe de comunicação do presidente Augusto Melo. Nesta semana, a Polícia Civil notificou o clube e pediu informações sobre a intermediação do contrato de patrocínio.
Em comunicado, a patrocinadora afirmou ter tomado a decisão com base em dispositivos contratuais. “A marca avalia que não se pode manter a parceria enquanto pairar sobre o acordo qualquer suspeita em relação a condutas que fujam à conformidade com a ética e os preceitos legais. Só a dúvida, no crivo ético da marca, já é suficiente para determinar a rescisão – que foi exercida pela Vai de Bet suscitando cláusulas do contrato que protegem direitos da marca nessa decisão”, diz trecho da nota divulgada à imprensa.
Sem a casa de apostas, o Corinthians deixa de receber um vultoso montante. O valor do contrato era de R$ 360 milhões ao longo de três temporadas, ou 36 meses. A ideia era que a empresa fizesse um pagamento mensal de R$ 10 milhões em cada mês ao clube. O clube recebeu somente R$ 60 milhões pela parceria antes da rescisão do contrato.
Com isso, o Corinthians deixou de ganhar R$ 300 milhões pelos próximos dois anos e meio. O prejuízo, no entanto, é maior. Antes de firmar o contrato com a Vai de Bet, o clube paulista tinha um contrato de exclusividade vigente com a Pixbet, casa de apostas rival da Vai de Bet.
Para acertar o novo contrato, a diretoria do Corinthians firmou na Justiça um acordo para pagar R$ 40,1 milhões à Pixbet e encerrar a exclusividade de patrocínio. Esses valores serão quitados até o início de 2025, sob pena de bloqueio de contas. Dessa forma, a equipe alvinegra só obteve R$ 19,9 milhões de balanço positivo pelo patrocínio da Vai de Bet e deixou de faturar R$ 300 milhões.
Ricardo Magatti