Cores e estilos adotados pelos torcedores na Copa surpreendem moradores do Catar

Fãs de todo o mundo usam novas versões dos cocares tradicionais e túnicas dos países do Golfo Pérsico

torcedores do catar e do equador juntos na abertura da copa do mundo 1 73006
Cores e estilos adotados pelos torcedores na Copa surpreendem moradores do Catar. (Juan MABROMATA / AFP)

São Paulo, SP, 05 – Em uma Copa do Mundo marcada por polêmicas políticas, não é surpreendente que o estilo dos torcedores do Catar tenha gerado polêmica. Esqueça as camisas clássicas com as cores das seleções. As ruas em Doha se transformaram em uma caótica passarela da moda.

Fãs de todo o mundo usam novas versões dos cocares tradicionais e túnicas dos países do Golfo Pérsico. As mulheres ocidentais tentam usar os hijabs. Torcedores ingleses vestiram fantasias das antigas cruzadas. Outros com perfil mais ativista mandaram sua mensagem com acessórios multicoloridos em um país que penaliza
a homossexualidade.

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Cores e estilos adotados pelos torcedores na Copa surpreendem moradores do Catar. (Juan MABROMATA / AFP)

O estilo dos fãs provocou de tudo, desde diversão até indignação entre os habitantes do pequeno emirado muçulmano, que nunca havia experimentado um ambiente descontraído de uma Copa do Mundo.

O mais popular entre os fãs estrangeiros é o ghutra, o lenço para o típico chefe dos homens da região. Gavin Coetzee, de 60 anos, admite que se fosse fotografado em uma festa Halloween na sua cidade, Cidade do Cabo, na África do Sul, sua fantasia poderia ser mal interpretada e até mesmo considerada “ridícula”. Ele pediu a um alfaiate que costurasse quatro bandeiras africanas em uma ghutra e um tufo árabe, uma túnica de vestido longo e esvoaçante que os homens do Catar usam na cor branca. “Eu não usaria isso em um país ocidental”, disse Coetzee, cujo terno causou sensação e elogios entre os locais no Catar.

As vielas estreitas do Souq Waqif, região central da capital, estão cheias de mercadores vendendo ghutras nas cores de cada país, desde azul brilhante, verde e amarelo do Brasil, ao tricolor mexicano, com vermelho, verde e branco.

Os vendedores passam a ferro e dobram para criar um efeito de pico, ajustando cuidadosamente o pano na cabeça, ajustando no estilo chamado de ‘cobra’, usado pelos catarianos.

“Eu queria mergulhar na cultura. É divertido tentar coisas novas”, disse o venezuelano Ricardo Palacios, de 41 anos, usando um cocar xadrez vermelho e branco. “As pessoas se surpreendem que alguém com um a camisa da Espanha possa usar isso.”

Segundo Palacios, a única reclamação dos catarianos no momento é que a indumentária não seja colocada de forma correta. Alguns o pararam na rua e ajustaram suas roupas da forma correta. Vídeos semelhantes se tornaram populares nas redes sociais.

Naji al-Naimi, uma cidadão do Catar que faz parte do conselho de administração da Majlis al-Dama, um animado café e gamão no mercado ao ar livre, disse não se importar em ver dezenas de estrangeiros vestidos em seu traje nacional. Pelo contrário, ela acha que a tendência é cativante e é comparável a quando os cidadãos do golfo usam jeans ou ternos em seus viagens à Europa.

Entre os visitantes não muçulmanos, até o hijab, o tradicional lenço na cabeça muçulmano, que é uma demonstração de misericórdia para com Allah, tornou-se uma tendência durante a Copa do Mundo. Na internet, vídeos mostram mulheres estrangeiras nas ruas de Doha cobertas com lenços coloridos, dizendo que se sentem seguras e bonitas.

Mas há outros estilos que não foram tão bem recebidos, especialmente os trajes que lembram as Cruzadas, usados por alguns torcedores ingleses. Os figurinos, com armadura, capacete de plástico e escudo com cruz, acenam para a conquista cristã da Terra Santa entre os séculos 11 e 13, que eles enfrentaram europeus e muçulmanos. Durante a fase de grupos, a segurança dos estádios impediu os torcedores de entrarem no estádio vestidos assim.

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