Copa do Mundo larga com críticas, contragolpe de Infantino e recepção amistosa

Gianni Infantino, presidente da Fifa, foi polêmico ao rebater às críticas feitas ao país sede

Copa do Mundo no Catar começa com críticas, respoosta de Infantino e recepção amistosa

Copa do Mundo larga com críticas, contragolpe de Infantino e recepção amistosa
Presidente da Fifa repudia atitude

A primeira Copa do Mundo no Oriente Médio larga neste domingo com o duelo entre o anfitrião Catar e o Equador. Pouco se fala, porém, sobre a partida no país-sede do Mundial, dono de uma das maiores reservas de petróleo do mundo e da terceira maior de gás natural. Horas antes de a bola rolar, o debate era centralizado nas críticas por acusações do Catar de violar direitos humanos e questionamentos dos torcedores a respeito da proibição da venda de bebida alcoólica nos estádios.

Os torcedores estão empolgados com o torneio nas ruas de Doha, capital do Catar, uma pequena nação situada às margens do Golfo Pérsico, mas a Fifa e o Comitê Supremo para Entrega e Legado lidam com críticas todos esses dias que antecederam o pontapé inicial da competição.

Existem denúncias relacionadas à condição precária de trabalhadores imigrantes nas obras do Mundial e acusações de que o país viola direitos humanos e também cerceia direitos das mulheres e da população LGBT+.

O código penal do país muçulmano, que se tornou uma potência econômica a partir da descoberta do petróleo, em 1940, proíbe o casamento e relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, que podem ser punidas com até sete anos de prisão e também não tolera manifestações afetivas em público.

RESPOSTA DE INFANTINO

As cobranças fizeram Gianni Infantino, presidente da Fifa, contra-atacar. A fim de rebater os críticos, ele disse se sentir catariano, árabe, africano, gay, deficiente e trabalhador imigrante e afirmou que não são justos os questionamentos. “O que está acontecendo agora é profundamente injusto”, rebateu o dirigente, que voltou à sua infância na Suíça para contar ter sido discriminado.

“Quando criança, fui discriminado porque era ruivo, tinha sardas, eu era italiano, falava mal alemão”, contou. “Não sou tudo o que mencionei antes, e não sou realmente um trabalhador estrangeiro, mas me sinto assim porque sei o que é ser discriminado”.

O presidente da Fifa garantiu que as condições dos trabalhadores, quase todos imigrantes, melhoraram desde que as obras começaram. “Quando cheguei em Doha, vim para ver os alojamentos dos trabalhadores e disse que as condições não eram boas e deveriam mudar, e, assim como a Suíça mudou, o Catar também melhorou”.

Ele fez uma provocação ao dizer que os torcedores podem “sobreviver” sem consumir cerveja durante os jogos. A bebida será vendida apenas nas “fan fests” oficiais e com limitação de quatro copos por torcedor.

RECEPÇÃO AMISTOSA


As críticas a respeito das condições sofríveis dos colaboradores que trabalharam nas obras dos oito estádios contrastam com as palavras de alguns desses trabalhadores, incluindo também voluntários. O queniano Francis é um deles. Ele deixou seu país há oito anos para tentar uma vida melhor no Catar e se aplicou para ser voluntário durante a realização do Mundial.

“Trabalhei na construção dos estádios e não tive problemas”, relatou o queniano ao Estadão, um dos que ajudou a erguer o Al Bayt, estádio que será palco da abertura da competição neste domingo. “Eles (organizadores) têm sido gentis comigo”.

Francis agora é um dos voluntários destacados para trabalhar no Grand Hamad Stadium, centro de treinamento da seleção brasileira durante toda a Copa do Mundo e casa do clube Al Arabi. O local é pequeno, mas bem cuidado e as condições dos gramado são boas. “Eu estou aqui justamente por causa do Brasil”, diz o queniano, fã da seleção brasileira, para quem torcerá no Catar, além de Gana. O clube do qual é fã é o Manchester United. “Gosto do Casemiro e do Fred”.

São muitos os imigrantes no Catar. Eles vêm, no geral, de países pobres da África e da Ásia, como Nepal e Bangladesh. Trabalham como motoristas, seguranças, garçons e em outras funções similares. De Bangladesh veio o jornalista Arafat Zubaear. Ele e seu colega passaram parte da visita ao CT em que treinará a seleção brasileira entrevistando jornalistas brasileiros. “Gosto muito do Brasil. Vou torcer pela seleção brasileira”, diz ele.

Em seu país, sobretudo na capital Daca, há uma polarização na torcida. Metade apoia a seleção brasileira e a outra metade, a Argentina.

É possível notar, andando pelas ruas, instalações do Mundial e outros lugares no Catar que existe um esforço da nação árabe para ser gentil e afável na recepção aos torcedores estrangeiros. A estimativa é de que mais de 1 milhão de turistas tenham viajado ao país para assistir às partidas da Copa.

No aeroporto, a entrada dos turistas tem sido rápida. Ainda que centenas de voos tenham chegado ao Catar, o processo é célere, uma vez que, na imigração, são poucas as perguntas. É checado o número do passaporte e do Hayya Card. Na saída do aeroporto, os funcionários das operadoras ligadas à organização do Mundial entregam um chip de celular gratuito por dois ou três dias. Depois disso, o turista tem de fazer uma recarga para continuar usando o serviço.

Um problema, no entanto, tem sido o funcionamento do Hayya Card, espécie de visto obrigatório para entrar no país. Há relatos de que o documento digital, que guarda os dados do visitante, seja torcedor, jornalista ou da organização, muitas vezes apresenta falhas e fica sob revisão.

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