Copa América: Vadão vê brasileiras com 'débito interno' por não terem ido ao Mundial

O comandante da seleção feminina, porém, alertou que o Brasil não pode se iludir com o seu favoritismo

O comandante da seleção feminina, porém, alertou que o Brasil não pode se iludir com o seu favoritismo

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Campinas, SP, 04 – A seleção brasileira feminina tentará usar a Copa América que começa nesta quarta-feira, no Chile, como trampolim para o Mundial de 2019, na França, e os Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, em 2020. E o fracasso do Brasil em outras edições destas competições, nas quais não conquistou um sonhado título inédito entre as mulheres, é visto pelo técnico Osvaldo Alvarez, o Vadão, como um “débito interno” que as jogadoras esperam “pagar” aos torcedores.

Há dois anos, a seleção viu a vaga na final do futebol feminino dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro ser perdida na disputa por pênaltis contra a Suécia, após empate por 0 a 0 no tempo normal. O resultado abalou muito a equipe nacional, que depois ainda foi derrotada pelo Canadá na luta pelo bronze.

E Vadão nega que precise criar motivações extras para o Brasil brilhar nesta Copa América e ganhar confiança para buscar dois sonhados feitos inéditos nos dois próximos anos. “Não temos o incentivo e a estrutura do futebol feminino que há em outros países, mas as meninas têm a motivação de ganhar porque não ganhamos um Mundial e uma Olimpíada. Tem esse ‘débito interno’ dentro delas, pois ficou essa lacuna na carreira delas, e essa motivação está dentro delas, que querem ganhar estas competições”, ressaltou o comandante ao Estado.

Vadão vê brasileiras com 'débito interno' por não terem ido ao Mundial

Vadão vê brasileiras com ‘débito interno’ por não terem ido ao Mundial

Liderado pela estrela Marta, cinco vezes eleita a melhor do mundo pela Fifa, e com a atacante Cristiane como outra grande referência ofensiva, o time nacional ainda contará com o retorno da veterana meio-campista Formiga, de 40 anos, que atualmente defende o Paris Saint-Germain e anteriormente havia anunciado a sua aposentadoria da seleção, mas foi convencida por Vadão a vestir novamente a camisa amarela.

Vadão, porém, alertou que o Brasil não pode se iludir com o seu favoritismo. “Existe um favoritismo em cima do Brasil que a gente encara como normal, até pelos resultados que já tivemos em Copas Américas anteriores, mas isso tem que ser esquecido. Uma coisa é ser favorito e outra coisa é achar que já ganhou. No masculino, todo mundo achou que o Chile já tinha vaga garantida na Copa (de 2018), assim como Itália, Holanda e Estados Unidos, mas isso não aconteceu”, disse o treinador.

“As vagas em jogo são muito poucas e temos de tomar todas as providências para não criar este clima de favoritismo, pois quando a bola rola dentro de campo as coisas mudam. Quem ganha o jogo não é o melhor, mas quem joga melhor”, completou Vadão, que também concorda que a seleção ainda precisa evoluir muito para voltar a ser uma das principais forças do futebol – hoje ocupa o oitavo lugar no ranking da Fifa, liderado pelos Estados Unidos.

“O Brasil era primeiro, segundo ou terceiro do ranking mundial, lá atrás, mas, com toda a evolução do futebol feminino em outros países, isso mudou. Os outros países evoluíram muito porque nestes países existe plano de governo, plano nas escolas e o desenvolvimento do futebol feminino é levado muito a sério. E no Brasil não tem isso. Assim, a nossa chance foi sendo diminuída ao longo do tempo. Temos o talento, mas o talento precisa ser desenvolvido e incentivado. Um país que dá todos os incentivos e condições obviamente vai formar um maior número de jogadoras e atletas mais competitivas”, disse.

Depois de pegar a Argentina nesta quinta-feira, o Brasil terá pela frente o Equador no sábado, a Venezuela no próximo dia 11 e depois fechará a sua campanha na primeira fase da Copa América contra a Bolívia, no dia 13. As duas primeiras colocadas de cada um dos dois grupos avançarão para o quadrangular decisivo.