Como rescaldo do dérbi, ficam reflexões táticas para Kleina e Daniel Paulista
Treinadores cometeram erros de estratégias
O assunto dérbi campineiro ainda não se esgotou. Pelo contrário: cabe, sim, discussões táticas das performances de ambas equipes, que ainda podem ser mais bem exploradas e projetadas para correções na sequência desta Série B do Campeonato Brasileiro.
O que teria levado o treinador Gilson Kleina, da Ponte Preta, a escalar o centroavante Rodrigão, mesmo considerando-se que carece de melhor condicionamento físico?
Seria o dito de que ‘sem tu vai tu mesmo’?
Rodrigão é inquestionavelmente um respeitado cabeceador. Depreende-se, portanto, que a estratégia seria explorá-lo neste fundamento, com incumbência de os atacantes de beiradas como Niltinho e Moisés o explorarem em cruzamentos.
Neste quesito, Rodrigão não respondeu positivamente.
Apesar disso, será mantido na equipe para que se condicione jogando?
CAMILO
Devido à pouca mobilidade de Rodrigão, Kleina fez questão de adiantar o meia Camilo durante o primeiro tempo, provavelmente com propósito que localizá-lo mais próximo da meta adversária e assim criar jogadas visando finalizações de Rodrigão.
Se assim pensou, desconsiderou que, bem ou mal, na meiúca, Camilo ajuda a cercar passadas do adversário e ali torna-se um dos raros organizadores da equipe.
Esperar que Niltinho e Moisés voltem pra buscar a bola visando construção de jogadas, é difícil projetar prosperidade, até porque enfrentam malha de marcação mais rigorosa, e nem sempre há fluência nas jogadas.
Quem argumentar que Niltinho e Moisés, atacantes de beirada, teriam incumbência de recuar quando a Ponte era atacada, a resposta é curta e grossa: voltavam pra acompanhar descidas dos laterais do Guarani, caso de Diogo Mateus e Bidu, porém raramente fechando espaço por dentro para a marcação. O hábito é fazer a diagonal quando atacam.
Assim, o meio de campo da Ponte, resumido aos volantes Dawhan e Locatelli, ficou desguarnecido à marcação durante o primeiro tempo, justamente quando o Guarani havia adiantado as linhas e povoado o setor.
Isso justifica porque o time bugrino ganhou a maioria dos rebotes e teve chance de recomeçar as jogadas.
CORREÇÃO
Esse problema tático dos pontepretanos só foi corrigido no segundo tempo, quando Camilo recuou para ser coadjuvante na marcação e organizador de jogadas, visto que isso foge das características dos volantes.
No entanto a Ponte já estava em desvantagem no placar e o propósito do Guarani, após o intervalo, foi administrar a placar de 1 a 0.
Há quem interprete que o Guarani teria abdicado de jogar pra se defender, mas as circunstâncias da partida implicaram nisso.
A percepção clara de redução de mobilidade do volante Rodrigo Andrade era indício de que deveria ter sido substituído antes dos 20 minutos. Provavelmente a demora tenha se justificado em decorrência da ausência de um substituto à altura, embora a entrada do volante Índio não tenha sido comprometedora.
NERVOSISMO
Calor do jogo e nervos à flor da pele impediram que o treinador bugrino Daniel Paulista procurasse alternativa procedente na substituição de Júlio César.
A entrada burocrática do apenas esforçado Matheus Sousa, recomendado a cercar avanços do lateral-direito Kevin, não se fundamentava.
O Guarani poderia ter ganho ofensivo se optasse por Alanzinho, que deixou impressão favorável diante do CSA.
Se quisesse povoar mais o seu meio de campo, Daniel Paulista poderia ter optado pela entrada de jogador para encorpar o setor, numa tentativa de redução do volume de jogo da Ponte.
Assim, bastaria ter deslocado Davó para a faixa esquerda do campo, justamente para explorar as costas do lateral-direito pontepretano Kevin, que avançava seguidamente.
Era notório que centralizado ou derivado pela direita Davó era absorvido pelos marcadores.
Por sorte do Guarani, não houve erro defensivo do time quando a Ponte Preta tinha mais volume de jogo e abusava de alçar a bola. E se acontecesse diferentemente?
DESENHO DO JOGO
Portanto, fica aí o desenho do jogo para situações futuras, até porque o Guarani nada teria a ganhar com a entrada do esforçado Matheus Sousa.
O retrato das posturas táticas não observadas pelos treinadores jamais invalida o mérito de Daniel Paulista do formato pré-jogo, a começar pelo recuo do volante Bruno Silva para início de jogada do campo defensivo – como se o time estivesse com três zagueiros – e laterais bem avançados para resultar em profundidade.
Detalhes esmiuçados de um lado e de outro requerem observações para melhoria de rendimento de ambas equipes campineira na sequência da competição.
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