Como no futebol, a política é um 'troço' de catimba

Há mais de 50 anos, Quércia já mostrava como a política é um troço de catimba. A palavra mais pronunciada foi o substantivo masculino mentiroso.

Acalorado debate lembrou os tempos em que caciques dos principais partidos políticos, nas décadas 80 e 90, por pouco não saíam no braço

Eleição Presidencial
Bolsonaro e Lula em debate. Foto: Reprodução Youtube

Campinas, SP, 29 (AFI) – Na postagem anterior, ainda deste sábado, registro para o título da Libertadores conquistado pelo Flamengo. Confira AQUI !

O caloroso debate presidencial na noite da última sexta-feira, transmitido ao vivo pela Rede Globo de Televisão, lembrou os tempos em que caciques dos principais partidos políticos, nas décadas 80 e 90, por pouco não saíam no braço, durante múltiplas ofensas mútuas, quando debatiam.

Tempos em que Jânio Quadros, Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, Orestes Quércia, Paulo Maluf e Franco Montoro se digladiavam, quando debatiam.

Era um formato em que um candidato invadia espaço da fala do outro, e aquilo se transformava em tremenda bagunça.

MENTIRA

Sexta-feira passada foi o último encontro que candidatos se expuseram na busca do voto para a eleição deste domingo, em todo País.

No debate, a palavra mais pronunciada pelos candidatos Jair Bolsonaro e Lula, ao segundo turno da eleição a presidente da República, foi o substantivo masculino mentiroso.

Quem mentiu, se mais ou menos, fica por conta de sua dedução. Aquele ‘ringue’ me fez lembrar como a política é catimbada, como o enfrentamento dos prefeituráveis de Campinas na eleição de 1968, na minha adolescência.

Viajo no tempo para recordar comícios realizados naquela época, como aquele em que o saudoso jornalista e político Romeu Santini, da sigla Arena, tido como favorito naquela eleição, discursava na então interditada Rua Abolição, esquina com Ângelo Simões, no bairro Ponte Preta, como a projetar a sua vitória.

Todavia, manobras inerentes à política provocaram tremenda reviravolta de última hora, e programadas pelo catimbeiro adversário Orestes Quércia, do MDB, também falecido, à época vereador cobiçando cargo mais alto.

O que fez o catimbeiro Quércia?

PANFLETOS

Sujou a cidade com milhares de panfletos apócrifos espalhados pelas ruas, acusando Santini de projeto para acabar com as feiras livres em Campinas, assim como proposta para asfaltar as então ruas pavimentadas por paralalepípedos do nobre bairro Nova Campinas.

Aquilo provocou tremendo alvoroço na cidade, com Quércia vencendo aquelas eleições para, incontinenti, surpreender com revolucionária administração municipal em Campinas.

Quem duvidou viu o cumprimento de promessa de campanha à construção do imponente prédio da prefeitura, na Avenida Anchieta.

Quércia provocou revolução no tratamento de água, plano diretor de esgoto, instalação de praças de esportes em bairros populosos e urbanização na então abandonada área do Parque Taquaral, identificada como Lagoa do Taquaral.

A sequência da trajetória dele na política como governador, senador e candidato à presidência da República é sobejamente conhecida, assim como denúncias de mau uso do dinheiro público enquanto gestor.

Esse breve relato sobre Quércia é uma amostragem que depois de meu acompanhamento na política há cinco décadas, tudo continua como Dantes, no quartel de Abrantes: catimba e ‘mentiradas’.

Nem por isso devemos nos dissociar dela, sob pena de os homens do poder continuarem com viciadas falcatruas.


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