Com sul-americanos, Moscou vive 1º dia com o chamado 'clima' de Copa do Mundo
A Praça Vermelha, o principal cartão-postal da capital do País, recebeu durante todo o domingo torcedores de vários países
A Praça Vermelha, o principal cartão-postal da capital do País, recebeu durante todo o domingo torcedores de vários países
Campinas, SP, 10 – Demorou um pouquinho, mas finalmente a Rússia viveu o seu primeiro dia com o chamado “clima” de Copa do Mundo. A Praça Vermelha, o principal cartão-postal da capital do País, recebeu durante todo o domingo torcedores de vários países e, como sempre, os mais animados foram os sul-americanos, com destaque para os povos da Colômbia, Argentina, Uruguai, Peru e, claro, do Brasil, que deixaram o local muito mais colorido. Além deles, apareceram por lá grupos do Marrocos, México e Irã – na base dos gritos e na empolgação, os vencedores foram os colombianos.
A frente da Catedral de São Basílio ficou com cara de porta de estádio quando um grupo de argentinos chegou ao local, pouco depois do meio-dia. Na garganta, eles entoavam os mesmo cânticos nacionalistas de sempre, exaltando Lionel Messi e Diego Armando Maradona e pegando no pé do Brasil. De longe, os russos olhavam desconfiados.
“Brincamos muito, mas eu acho é que gostamos dos brasileiros, de todos os sul-americanos em geral – menos os chilenos vai”, divertia-se Pablo, que considera uma injustiça a perseguição de parte de seu povo com Messi. “Pouco importa que ele não levantou uma taça pela seleção. Ele escolheu jogar conosco. É um fenômeno, do nível de Maradona. Uma pena que o resto da equipe não ajuda muito”, disse o argentino.
MAIS BRASILEIROS
Ao lado dos amigos, eles cantavam o hit Brasil “decime qué se siente”, que tomou conta dos estádios brasileiros na Copa do Mundo de 2014, quando dois seguranças do Kremlin chegaram e, em russo mesmo, exigiram que a cantoria terminasse. Um dos agentes colocou o dedo em riste e depois o levou ao nariz, fazendo o sinal de silêncio.
Perto dali, quem fazia a festa eram os marroquinos. Allaoi Hamza era o mais empolgado. “Vamos ganhar de Portugal do Cristiano Ronaldo. Vamos passar de fase”, gritou para a reportagem, que passou a tarde na Praça Vermelha. “Vocês são do Brasil? Vocês têm os melhores do mundo! Neymar, Jesus, Coutinho, Marcelo! Que time, vão ser os campeões”. Ao seu lado, o amigo Ghari Said ainda lembrou os craques que vestiram a amarelinha no passado. “Romário, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho, Denilson, Pelé, Gerson, Rivellino…”
Os uruguaios também apareceram por lá e em bom número. “Vamos adiante aos poucos, como sempre. Somos uruguaios, não é mesmo”, dizia, com tom humilde, Frederico González. “Temos o melhor ataque do mundo. Suárez, Cavani… vamos longe”, afirmava.
BRASILEIROS
Fazia mais ou menos meia hora que o militar Delson Albuquerque, a recepcionista Manoela Alves e o tradutor Sergey Evdokimov estavam tentando tirar uma foto tradicional em frente à Catedral de São Basílio, um dos edifícios mais bonitos da Praça Vermelha. O problema não era a fila. Era a camisa amarela da seleção brasileira.
Sempre que sacavam os celulares e se posicionavam para a selfie, alguém queria tirar fotos ou entrevistá-los. Torcedores e jornalistas de vários cantos do mundo queriam tirar uma casquinha de um dos primeiros grupos de brasileiros que apareceu ontem no cartão-postal da cidade-sede da Copa. A reportagem também atrapalhou a foto do grupo. “Os russos não têm a tradição e a paixão pelo futebol, mas o contato com os torcedores vai ajudar a criar o clima de Copa. Vai esquentar”, apostou Delson Albuquerque.
Embora fosse solícito e sorridente com todos os pedidos, Delson Albuquerque está preocupado com o extravio dos ingressos que ele comprou para os jogos da seleção. Eles foram enviados ao hotel antes de sua chegada à Rússia. Agora não sabe como encontrá-los. “Estou preocupado. Vou tentar resolver isso nesta segunda-feira”, afirmou.
Sergey Evdokimov também estava de camisa amarela, mas é russo. A paixão pelo Brasil nasceu do contato com estudantes brasileiros em Kursk, cidade onde vive. Ele afirma que são mais de 500 alunos de medicina. Além de aprender bem o português, ele visitou ao Brasil em 2013 e se encanta com a alegria e a espontaneidade dos latinos. Formado em Hotelaria, hoje ele trabalha como tradutor e está ajudando na viagem de Delson Albuquerque e Manoela Alves. Na Copa, esse russo brasileiro afirma que vai torcer pelas duas seleções: Brasil e Rússia. “Sei que a Rússia não tem a força que o Brasil no futebol, mas gostaria que os dois fossem bem longe na Copa”, afirmou.
Outro grupo disputado para uma selfie na Praça Vermelha era o colombiano. No caso deles, a criatividade chamou a atenção. Eles compraram uma réplica da Copa do Mundo para simbolizar a confiança que depositam na conquista do país de James Rodríguez. O investimento foi de menos de R$ 5 e ninguém esperava que fizesse tanto sucesso. “A taça já está conosco. Só falta passar para os jogadores”, garantiu o colombiano John Williams. Para chegar até lá, eles temem a Polônia na fase de grupos – os outros times do grupo são Japão e Senegal. “Nossa maior qualidade é o toque de bola”, disse.
Os colombianos só mostram insegurança em relação ao seu futuro como viajante na Copa. Eles estão vendendo peças artesanais na Rússia para completar a verba da viagem. A conta ainda não fechou. “Temos de vender muitas pulseiras”, planejou Williams.