Com 19 jogadores campeões em um ano, seleção chega com grupo acostumado a vencer
A rotina de conquistas dos jogadores da seleção também passa pela presença deles em clubes que brilharam na última temporada
Não será pela falta de costume em dar voltas olímpicas que a seleção brasileira deixará a Rússia sem conseguir faturar o seu sexto título mundial
São Paulo, SP, 14 – Não será pela falta de costume em dar voltas olímpicas que a seleção brasileira deixará a Rússia sem conseguir faturar o seu sexto título mundial. Afinal, com a maior parte do grupo convocado por Tite em grande fase, o treinador tem à disposição 19 jogadores que foram campeões nos últimos 12 meses. Não têm, porém, o título mais importante, o Mundial, alvo principal de suas carreiras.
O batalhão de campeões que o técnico do Brasil pode escalar na Copa do Mundo traz um componente considerado importante ao mundo do futebol, que só não pode se confundir com excesso de confiança: saber ganhar, algo fundamental em um torneio de tiro curto, com apenas sete jogos e um mês de disputa como a Copa do Mundo. E isso tem sido costumeiro com Tite, que só perdeu um dos 21 jogos em que dirigiu a seleção.
“A gente chega em um momento que poderíamos falar como perfeito, com jovens de muita disposição e também jogadores com certa rodagem, jogando Liga dos Campeões e Libertadores. Alguns vencendo mais do que os outros, começando mais cedo, mas chegamos com muita bagagem”, avaliou o goleiro Alisson em recente entrevista coletiva.
O goleiro, aliás, é um dos quatro jogadores convocados por Tite que não levantaram taças nos últimos 12 meses, assim como o zagueiro Miranda, o meia Renato Augusto e o atacante Roberto Firmino, finalista da Liga dos Campeões da Europa nesta temporada.
A rotina de conquistas dos jogadores da seleção também passa pela presença deles em clubes que brilharam na última temporada europeia. O Manchester City, que cedeu quatro jogadores para Tite, dominou o futebol da Inglaterra, assim como o Paris Saint-Germain fez na França, com Thiago Silva, Neymar e Marquinhos, e o Shakhtar Donetsk na Ucrânia, que teve Taison e Fred, recém-adquirido pelo Manchester United, lembrados pelo técnico.
Mas também há outros casos, como os jogadores dos outros três gigantes da Espanha convocados por Tite, todos campeões na temporada 2017/2018, e até mesmo os três únicos jogadores do futebol brasileiro presentes na relação do treinador, o gremista Pedro Geromel, campeão da Libertadores, e os corintianos Cássio e Fagner, que levaram o Campeonato Brasileiro no ano passado.
Ainda mais importante, muitos dos convocados foram fundamentais e referências em conquistas, como Neymar, eleito o melhor jogador do Campeonato Francês mesmo tendo encerrado a sua participação no torneio, por lesão, no fim de fevereiro, Marcelo, titular absoluto no Real Madrid, Philippe Coutinho, que rapidamente conquistou seu espaço no poderoso ataque do Barcelona, Cássio, herói do título paulista do Corinthians. E isso reforça a sensação de que a seleção neste momento não é dependente de apenas um nome. “Equilíbrio é uma das coisas que faz a seleção brasileira ter um grande desempenho”, disse o volante Paulinho, campeão espanhol e da Copa do Rei pelo Barcelona, nesta quarta-feira.
A presença de vários campeões no elenco também funciona como um contraponto para uma grande perda que a equipe teve às vésperas da convocação para a Copa do Mundo. Com lesão no joelho, sofrida no início de junho, o lateral-direito Daniel Alves precisou passar por cirurgia e não pôde estar com o grupo que vai disputar o torneio na Rússia.
Daniel Alves é, simplesmente, o jogador com mais títulos em atividade no futebol – são 38 conquistas – e sua liderança era vista como fundamental para a seleção na Copa, com a entrega da capitania a ele nas principais partidas da Era Tite sendo algo recorrente, mesmo com o rodízio implementado pelo treinador.
Ainda assim, no grupo de Tite há a sensação de que a sua experiência pode ser substituída pela de jogadores como Thiago Silva, Miranda e Marcelo, importantes para dar o apoio e tranquilidade necessários a jovens, como Gabriel Jesus, que carregará a responsabilidade de vestir a camisa 9 do Brasil. “Nossa seleção tem esse misto, jogadores mais experientes, alguns começando a carreira. E todos em alto nível, o que é mais importante”, elogiou Alisson.
Porém, com o jejum do Brasil de 16 anos sem a conquista de títulos mundiais, o grupo do Brasil que está na Rússia não possui nenhum jogador que esteve presente na conquista de uma Copa, além de contar com seis remanescentes do fracasso em 2014. Até por isso, a vontade de dar uma nova volta olímpica, agora em 15 de julho, é ainda maior.
“Todos têm uma vontade gigante de vencer. Estamos trabalhando muito forte para isso durante toda a temporada. Para mim, começou desde a pré-temporada no ano passado, então chegar a este momento é um sonho para nós e a vontade de vencer é a nossa maior arma”, disse Alisson, esperançoso em conquistar em breve o maior título da sua carreira por uma seleção acostumada a vencer.