Colocar tudo nas costas de Mozart Santos não é correto

Difícil porque, nos erros do Guarani, o São Bernardo foi letal em quase 100%, fato raro no futebol. A sorte, desta vez, pode ser colocada como exceção.

Como pode dar tudo certo para o São Bernardo, sem com isso tirar-lhe o mérito de ter realizado partida marcante? É duro explicar

Mozart Santos - Guarani
Mozart Santos não é único culpado. Foto: Thomaz Morastegan - GFC

Campinas, SP, 16 (AFI) – Preciso o comentário do parceiro e torcedor bugrino ‘Profeta da Tribo’ quando coloca como difícil analisar esta goleada por 5 a 1 sofrida pelo Guarani, na quarta-feira.

Difícil porque, nos erros do Guarani, o São Bernardo foi letal em quase 100%, fato raro no futebol. Se o fator sorte geralmente é desconsiderado no futebol, desta vez pode colocá-lo como exceção.

Embora o atacante de beirada Matheus Régis seja bom jogador, e habilmente os homens do futebol do São Bernardo souberam tirá-lo do anonimato, convenhamos que de 20 tentativas igual aquela em que marcou o segundo gol de sua equipe, apenas uma dela será carimbada pela competência e sorte.

Naquele chute sem ângulo, com espaço mínimo para a bola passar, é raro alguém acertar.

TONY

Se o goleiro bugrino Tony tem sido elogiado pela segurança que vinha transmitindo, como imaginar entregar a ‘rapadura’ por ocasião do terceiro gol dos visitantes?

Pois Tony ignorou o óbvio, que seria socar aquela bola molhada, alçada para a sua meta. 

Como quis agarrá-la, comprometeu no terceiro gol do São Bernardo.

Aí, quando o gol de cabeça do atacante bugrino Jenison daria o mínimo de esperança para o time empreender uma reação, e quiçá chegar ao empate, dois minutos depois deu tudo certo para o São Bernardo, numa troca de passes no ataque até a finalização de Lordelo, que provavelmente resultaria em defesa de Tony.

Aí, a traiçoeira da bola fez questão de procurar o pé de um jogador bugrino, o suficiente para desviar a trajetória e trair o goleiro Tony.

Cá pra nós: é muito azar!

Como pode dar tudo certo para o São Bernardo, sem com isso tirar-lhe o mérito de ter realizado partida marcante?

MOZART

Torcedor de futebol é passional. Um vexame desse machuca a alma, e procura por culpados é inevitável.

Qual o alvo principal? Claro que é o treinador Mozart Santos, mesmo sem a devida reflexão de como a goleada foi desenhada.

Se já havia uma birra do bugrino com o comandante, por ter chamado a torcida de pequena, a quarta-feira foi noite do troco.

Reflitamos, então: desfalcado o meio-campista Richard Rios, quem o treinador deveria escalar para substituí-lo?

Se optasse pelo volante Leandro Vilela, com característica mais de marcação, diriam que o treinador é defensivista, mesmo com a sua equipe na condição de mandante.

Aí ele opta por Wenderson e o torcedor cutuca.

Longe de ser advogado de defesa de Mozart, pergunto: em sã consciência, tomando o quarto gol ainda no primeiro tempo, que treinador, com racionalidade, soltaria a sua equipe ao ataque, com um homem a menos logo no início do segundo tempo?

Mágica ninguém faz. Mozart teria que reorientar o sistema defensivo e adotar os devidos cuidados para evitar goleada em proporção ainda maior, até porque saldo de gols pode ser um critério diferencial para se aplicar desempate na pontuação.

Pois quando a boleirada do Guarani, na base do desespero, se mandou ao ataque durante o segundo tempo, o contra-ataque do São Bernardo foi mortal por ocasião do quinto gol.

PLANEJAMENTO

Culpa específica do treinador neste jogo ‘inequexiste’, diria o saudoso padre Quevedo.

Ou você acha que Mozart não ordenou atenção para os seus jogadores sobre a jogada ensaiada do adversário em cobrança de escanteio no primeiro pau, com a casquinha para o segundo, por ocasião do segundo gol?

Você pode até questionar a forma como o elenco foi montado, com indicações também dele sobre uma leva que aqui chegou e não agregou absolutamente nada.

Que os titulares do Guarani são orientados para valorização de posse de bola, que trabalham triangulações pelos lados do campo e têm postura ofensiva, disso ninguém pode negar.

Claro que o Guarani carece de um meia-atacante driblador, aquele que abre buracos na defesa adversária pela capacidade de penetração, e assim servir o ‘matador’ que empurra a bola para as redes.

Falta também um ‘nove’ do tipo Yuri Tanque.

Apesar dessas deficiências e desfalcado em sua defesa contra a Ferroviária, ainda não é momento de desespero.

Cabe, sim, reprodução de sábias palavras do Profeta da Tribo, quando opina: “Quando vence, não quer dizer que está tudo bem. Quando perde, mesmo de goleada, não quer dizer que tudo está errado.


Reconheço que sou torcedor e é difícil não ser passional em momentos como o de ontem. Mas, nessas horas é que a gente espera que os nossos dirigentes tenham sabedoria e racionalidade. Temos é que nos salvar do rebaixamento. Ganhar o próximo jogo de qualquer jeito. E aí depois se pensa com calma na continuidade ou não do Mozart.

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