Clubes retomam tradição de entrar com crianças em campo na vida 'pós-pandemia'

A tradicional entrada das crianças em campo com os jogadores foi retomada definitivamente neste ano depois de quase três temporadas ausentes

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Ponte Preta voltou com a tradição dos "mascotinhos" (Foto: Karen Fontes/PontePress)

Campinas, SP, 03 – A vida, aos poucos, volta aos trilhos após um período difícil por causa da pandemia da covid-19. O futebol também se beneficia deste retorno. A tradicional entrada das crianças em campo com os jogadores foi retomada definitivamente neste ano depois de quase três temporadas ausentes. Os pais podem, enfim, realizar o sonho dos filhos, e deles próprios, de ficar próximos dos ídolos nos jogos.

A liberação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ocorreu em 31 de agosto do ano passado. Alguns clubes voltaram com esta tradição de imediato. Outros aguardaram um pouco mais. O Internacional, por exemplo, retomou o “Criança Colorada”, criado há duas décadas. A cada jogo, tanto no Beira-Rio quanto fora, 22 crianças, com idades entre 5 e 11 anos, entram em campo acompanhando os atletas das duas equipes.

De acordo com Tomás Machado, diretor do programa, esta é uma experiência inesquecível. “São essas boas lembranças que queremos deixar nas próximas gerações de torcedores colorados. Nosso objetivo é aproximar o clube das crianças, reforçando a paixão que sentem pelo Inter”, afirmou.

Além da entrada em campo, o projeto proporciona que crianças assistam aos jogos na arquibancada, visitem o Museu do clube em Porto Alegre e conheçam outras áreas do Beira-Rio. Outra ação desenvolvida é a ida do Saci, mascote do time, jogadores e ex-jogadores às escolas e hospitais para estreitar ainda mais os laços entre os torcedores.

Corinthians, Palmeiras e São Paulo também mantêm essa tradição da entrada desde o retorno estipulado pela CBF. No Palmeiras, são beneficiados os sócios-torcedores, dependentes dos planos de maiores de idade, assim como acontece no Corinthians. No Rio de Janeiro, o processo é semelhante. A entrada no Maracanã ou estádios em que o clube é mandante funciona para filhos ou dependentes dos sócios-torcedores, que também podem ser trocados por pontos acumulados ao longo do tempo.

Já o Vasco, clube que sempre foi pioneiro neste tipo de ação, tem aproveitado que no Campeonato Carioca deste ano a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj)liberou 40 crianças por agremiação.

O time tem algumas vagas destinadas ao departamento de futebol, para familiares dos jogadores, e outras para patrocinadores que desejam fazer ativações com seus clientes. No entanto, a prioridade deste montante vai para os sócios-torcedores e as vagas são conquistadas por meio do resgate de pontos do programa, que dão direito a essas experiências exclusivas. Um dos requisitos para essa ação é sobre a utilização do uniforme oficial, sempre de calção branco ou preto, meião opcional, mas sempre estimulando a ficarem parecidos aos jogadores, com tênis ou sapato fechado.

Além disso, em determinadas regiões do Brasil, onde existe uma acessibilidade disponível, o clube tem feito essa ação fora do Rio, com ajuda das federações locais. Um dos exemplos aconteceu nesta última segunda-feira, contra o Resende, em Cariacica, no Espírito Santo, quando 40 crianças entraram em campo de mãos dadas aos jogadores. “A procura sempre é enorme, em qualquer cidade do País, e nós fazemos o possível para se aproximar desse torcedores, pois sabemos do esforço e do desejo que eles têm por esse momento, e nós sabemos que eles são o futuro do Vasco”, afirmou Caetano Marcelino, diretor comercial do Vasco.

No Cuiabá, 22 crianças também entram em campo em todos os jogos na Arena Pantanal e a prioridade é dos alunos da escolinha de futebol oficial do clube, que atende menores entre 5 a 13 anos. Além desta ação, as crianças que entram em campo tem a oportunidade de fazer mini jogos no gramado, como mais um projeto desenvolvido pelo clube.

“Sabemos da importância que essa ação tem para o clube e para toda a família que vem e apoia o Cuiabá em nossos jogos. É uma oportunidade única de eles conhecerem os atletas, entraram em campo num estádio de Copa do Mundo e viverem o clima de uma partida, que é realmente inesquecível para quem é fã de futebol”, disse Cristiano Dresch, vice-presidente de futebol do Cuiabá.

O Goiás acompanha o mesmo procedimento do Cuiabá e prioriza os garotos que são da escolinha de futebol. “A grande maioria dos nossos mascotinhos vem dos alunos de nossas escolinhas. O nosso supervisor recebe os pedidos, organiza tudo e nos envia a lista. Entendemos que essa atitude é uma maneira de aproximar nossos futuros jogadores à atmosfera de jogo. É sem dúvida um grande momento na vida de qualquer criança que sonha em ser jogador e que gosta do futebol. Nos atentamos em atender esses pedidos para aproximá-los também do Goiás e dos nossos conceitos de futebol”, afirmou Matheus Borges, coordenador de marketing do time goiano.

CONTATO PELOS CANAIS OFICIAIS DO CLUBE

No Recife, o retorno das crianças em campo chamou a atenção pela quantidade no Sport. “Temos uma demanda gigantesca em todos os jogos e, de certa forma, isso é reflexo dos anos que ficamos sem essa ação em razão da pandemia”, afirmou Yuri Romão, presidente do Sport.

Uma das equipes de destaque do Paulistão deste ano, o Botafogo de Ribeirão Preto, clube com a maior torcida do interior de São Paulo, fomenta a paixão das crianças com os jogadores botafoguenses. Nas partidas na Arena Eurobike, os pequenos, se estiverem com camisa do time, podem entrar no gramado com os atletas.

“É uma forma de aproximar os pequenos torcedores ao trazer o sentimento mais próximo com os ídolos. Com esta ativação, podemos proporcionar lembranças que podem ser marcantes na memória dessas crianças e criar uma relação eterna com o clube. Nos jogos em casa, são 11 crianças por jogo, de até 11 anos, que são escolhidas por ordem de chegada e que estejam com o uniforme completo do clube”, diz Laura Louzada, gerente de marketing da Botafogo S.A.

Outro clube do interior paulista que faz sucesso com esse projeto é o Novorizontino, propagando essas atividades junto às escolas e potencializando a mascote do time, o Tigrão, que chama a atenção das crianças em dias de jogos.

“Desde o início das atividades do Grêmio Novorizontino, começamos com um trabalho nas escolas com o objetivo de divulgar o clube e trazer o público infantil para o estádio. Eles gostam do nosso mascote, o Tigrão, e começaram a vir no Jorjão, trazer seus pais e depois colocamos todos dentro de campo nesta ação dos mascotinhos”, disse Rose Guerra, diretora de marketing e comunicação do clube.

Em Santa Catarina, um dos times mais tradicionais do Estado também faz questão de valorizar este momento. O Avaí, do técnico Alex, possui um profissional que é responsável exclusivamente pelas mascotinhas. A abertura das inscrições acontece no site oficial e redes sociais para os torcedores participarem, e as crianças são contempladas por meio de sorteio.

“Depois de tanto tempo sem as crianças por conta da pandemia, o retorno das mascotinhas foi uma alegria muito grande, tanto para elas, como para todos nós que estamos envolvidos com o futebol. As crianças são nossos futuros torcedores, que irão passar o amor pelo clube de geração para geração, assim como os seus pais e avós, estão passando para elas nesse momento”, aponta Thiago Pravatto, gerente de marketing do Avaí.

Marcius Azevedo

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