Cilinho mostrou foto com camisa do Guarani e desarmou reações contrárias

Cilinho mostrou foto com camisa do Guarani e desarmou reações contrárias

Cilinho mostrou foto com camisa do Guarani e desarmou reações contrárias

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Quem tinha que cair, já caiu na Série B. Motivação apenas para observar se o América Mineiro espanta qualquer possibilidade de zebra ao recepcionar o derrubado São Bento, e se o Coritiba arranca empate diante do Vitória pra projetar ‘Atletiba 2020’ pelo Brasileirão.

Se tudo caminhar conforme a normalidade, quem sobra nessa é o Atlético Goianiense, que depende de combinações de resultados.

CILINHO

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Há tempos sugeriram-me escrever um livro pra contar a história do já saudoso Otacílio Pires de Camargo, o Cilinho, pelas dezenas de matérias que publiquei sobre ele, e pelo acompanhamento da trajetória desde 1965 quando comandou o time profissional da Ponte Preta pela primeira vez.

Priorizo a característica de ‘quando em quando’ recorrer ao meu arquivo, ou buscar na memória fatos que possam ser recapitulados. Assim, os publico até inesperadamente neste espaço, como tem sido feito.

Sobre o Cilinho sepultado nesta sexta-feira no Cemitério da Saudade de Campinas, até a década de 70 tinha o hábito, até em entrevistas, de identificar o Guarani como irmão.

Logo, causou perplexidade quando em 1989 o então presidente Beto Zini, do Guarani, o apresentou como treinador do clube.

FOTO

Quando profissionais da mídia o esperavam, após reunião com diretores, antes de qualquer pergunta ele exibiu uma foto que causou curiosidade.

– Podem espiar e vejam quem está na foto – desafiou.

Em pé lá estava Cilinho com a antiga camisa do juvenil bugrino, representada por um ‘G’ no distintivo, e atuando como quarto-zagueiro.

Agachado estava o amigo de adolescência Peri Chabi, que igualmente integrou o juvenil do Guarani.

Pronto. Com a mesma esperteza no comando de equipes nos gramados, Cilinho desarmou interlocutores sobre a natural pergunta de como um pontepretano estaria ali pra liderar grupo de jogadores bugrinos.

Na prática, a passagem pelo Estádio Brinco de Ouro não foi recomendável, inclusive o meia Zenon, sacado do time abruptamente, o acusou de ‘realizar treino coletivo de madrugada’.

Preocupado com a dificuldade de o ataque bugrino enfrentar rigorosas retrancas adversárias, Cilinho pediu aos dirigentes que aumentassem o tamanho gramado de 100m x 68m para 110m x 75m, e foi atendido.

BRIGUENTO E SÁBIO

O Cilinho que criou o bordão ‘Menudos do Morumbi’, na vitoriosa passagem pelo São Paulo em 1985, já havia aprendido a engolir seco perguntas atravessadas de repórteres, e já se mostrava acessível ao diálogo com dirigentes no Departamento de Futebol, desde que não extrapolassem.

Antes disso, na mesma proporção que era reconhecido pela competência, também mostrava-se impulsivo.

Consta do histórico dele ter agredido árbitros e até repórter de veículo de comunicação de Campinas.

Na adolescência teve fama de distribuir ‘pernadas’ na região do Mercadão, mas quando começaram a aparecer os cabelos brancos já se controlava.

Entusiasta de samba, foi o maior incentivador da Escola de Samba Acadêmicos de Ubirajara do Carnaval de Campinas nos anos 70, quando os desfiles eram realizados na Avenida Francisco Glicério e Sales de Oliveira, na Vila Industrial.

LEAL

Cilinho foi tido como profissional leal com quem trabalhou. Até o meio-campista Falcão, que amargou a reserva nos tempos de São Paulo, concordou que precisava recuperar a forma física para pleitear vaga na equipe.

Adepto do futebol ofensivo, falava que tão importante quanto vencer era convencer.

O reconhecimento do trabalho rendeu-lhe contratos em grandes clubes como São Paulo, Santos e Corinthians, da mesma forma que não se constrangia trabalhar em clubes de menor expressão do interior paulista, principalmente o XV de Jaú.

A última passagem como treinador foi no Rio Branco de Americana, em 2012. E consta no departamento de arquivos da EPTV-Campinas imagens no comando de treino em dia chuvoso, protegido por capa no Estádio Décio Vitta.

Durante entrevista, não fugiu daquele palavreado bem singular: “Nosso primeiro objetivo é o conjunto. O segundo objetivo é o conjunto. E o terceiro objetivo é o conjunto”.