Celsinho promete não deixar novo caso de racismo ficar impune: "Revoltante"
"A pessoa quando é racista, criminosa, preconceituosa, isso está dentro dela", disse Celsinho
No fim de semana, durante jogo contra o Brusque, Celsinho foi ofendido com as seguintes palavras: “vai cortar esse cabelo seu cachopa de abelha”
Londrina, PR, 31 (AFI) – O meia Celsinho, do Londrina, quebrou o silêncio após sofrer racismo pela terceira vez na Série B do Campeonato Brasileiro. O jogador prometeu, junto ao clube, tomar as devidas medidas legais nas esferas criminal, cível e desportiva.
“Com o clube e com meus advogados, vamos tomar todas as providências para que isso não fique impune”, disse ele ao ge.
RACISMO!
No fim de semana, durante jogo contra o Brusque, Celsinho foi ofendido com as seguintes palavras: “vai cortar esse cabelo seu cachopa de abelha”. Tal relato está na súmula do árbitro Fábio Augusto Santos Sá Junior.
“É muito desconfortante em um curto prazo passar por uma situação três vezes, por três vezes ter que dar satisfações para minha família, meus filhos, minha esposa, amigos. Ter que responder o porquê meu cabelo incomoda tanto”, lamentou.
OUTROS CASOS!
Celsinho foi vítima de racismo pela primeira vez em 17 de julho em jogo contra o Goiás. Na oportunidade, o narrador Romes Xavier e o comentarista Vinícius Lima, da Rádio Bandeirantes Goiânia usaram termos como “cabelo pesado”, “bandeira de feijão” e “um negócio imundo” para comentar do cabelo do atleta.
Uma semana depois, contra o Remo, o narrador Cláudio Guimarães, da Rádio Clube do Pará, afirmou que Celsinho ia “com seu cabelo meio ninho de cupim para bater na bola”.
“É muito desconfortante porque a única coisa que faço é ir para o estádio, jogar futebol, fazer o que mais amo, que é a minha profissão, e ter que encontrar criminosos que acabam cometendo esses crimes em um espaço que eu sempre fui feliz. E as pessoas ainda acharem que isso é normal, me rotularem como se eu fosse um aproveitador de toda essa situação”, seguiu o meia.
DESCULPAS TARDIAS!
Após a denúncia, o Brusque soltou uma nota oficial acusando o jogador de “falsa imputação de crime”. Com a repercussão negativa, o clube catarinense se desculpou.
“Eles têm a consciência de que erraram muito em relação à primeira nota. Dizem que eu tenho três vezes esse caso, como se eu fosse para o estádio para que me ofendessem e me xingassem. Eles tiveram que soltar uma segunda nota com pedido de desculpa, mas isso não muda o constrangimento, a dor, a decepção que passei pelas palavras ditas naquele jogo. Isso é desconfortante, revoltante”, criticou Celsinho.
FOI ELE?
Na súmula do árbitro Fábio Augusto Santos Sá Junior, Julio Antônio Petermann, staff do Brusque, é apontado como o responsável pelos atos racistas. A procuradoria do STJD irá estudar a súmula e os vídeos do jogo para abrir denúncia contra os responsáveis.
“A nossa sociedade está recheada desses criminosos. Como é um esporte passional e que mexe muito com a emoção, esses criminosos acabam se exaltando achando que é normal, que é justificável o que eles fazem, por sentir paixão ao clube, por ser um torcedor… Mas isso está dentro da pessoa”, analisou o jogador.
“A pessoa quando é racista, criminosa, preconceituosa, isso está dentro dela. Em um momento ou outro, ela acaba cometendo esses atos horríveis contra outra pessoa. Não vejo isso só no futebol, mas sim na sociedade por inteiro”, finalizou.
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