CBF é condenada a pagar R$ 2,5 milhões a 'espião' que trabalhou por 33 anos
A decisão é da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ)
A decisão é da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ)
Rio de Janeiro, RJ, 10 – A CBF foi condenada a pagar uma indenização milionária a um “espião” que trabalhou para a entidade por 33 anos, período que incluiu oito Copas do Mundo. Observador técnico da seleção nas conquistas do tetra e do penta, Manoel Jairo Santos ganhou uma causa trabalhista cujos valores giram em torno de R$ 2,5 milhões. A decisão é da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ).
Jairo Santos passou a trabalhar para a extinta Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que depois viria a se tornar a CBF, ainda em 1977. Ele viajava o mundo para acompanhar jogos de adversários da seleção, fazendo relatórios minuciosos de cada partida e dos jogadores. A função é semelhante à de analista de desempenho, cada vez mais prestigiada em clubes e na própria seleção.
A ação de Jairo Santos se arrastava desde 2010, pouco depois de ele deixar de prestar serviços à seleção. A CBF tentou negar na Justiça que o observador que auxiliou os técnicos Claudio Coutinho, Telê Santana, Sebastião Lazaroni, Carlos Alberto Parreira, Zagallo, Vanderlei Luxemburgo, Emerson Leão, Luiz Felipe Scolari e até Dunga – em sua primeira passagem, depois da Copa de 2006 – tinha vínculo empregatício. Não conseguiu.
Segundo o advogado de Jairo, Waldir Nilo Passos, o valor da indenização deve ficar próximo a R$ 2,5 milhões. O TRT-RJ considerou que o observador deve receber todos os direitos trabalhistas desde 1977, incluindo fundo de garantia e férias. A entidade também terá que assinar a carteira de trabalho de Jairo considerando os 33 anos de vínculo.
Além dos direitos trabalhistas, a CBF terá que pagar o equivalente a US$ 2.700 (R$ 8.660) para cada vitória da seleção em amistosos no período, e US$ 1.500 (R$ 4.811) para as partidas que terminaram empatadas. A indenização também inclui o desembolso de R$ 100 mil pela classificação da seleção para a Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, e de R$ 150 mil pela conquista da Copa América de 2007.
Procurada, CBF afirmou que não irá comentar o caso publicamente, “uma vez que o processo ainda encontra-se em andamento”. A entidade informou ainda que “à decisão cabe recurso e que o mesmo será feito dentro do prazo adequado”. A CBF ressaltou que desconhece o valor informado, já que o cálculo ainda não foi definido pela Justiça.