Por SÉRGIO CARVALHO

São Paulo, SP, 24 (AFI) – Uso as palavras do genial Nelson Rodrigues, jornalista e escritor, para definir a eleição da CBF, ocorrida nesta segunda-feira (24), no Rio de janeiro.

“TODA UNAMINIDADE É BURRA. QUEM PENSA COM A UNANIMIDADE NÃO PRECISA PENSAR” .

ELEIÇÃO SURPRESA
Até outro dia, ninguém sabia em que data seriam realizadas as novas eleições na  CBF – Confederação Brasileira de Futebol. Segundo os estatutos, elas deveriam ser programadas para antes do final deste ano, mas não havia pressa. Ednaldo Rodrigues, atual presidente da entidade, ficou assustado quando viu Ronaldo Fenômeno tentar se lançar candidato nessas eleições.

Por isso, deve ter conversado longamente com os principais presidentes de Federações do futebol brasileiro, para impedir de qualquer forma a candidatura de Ronaldo. Parece que sua estratégia funcionou. Ronaldo até foi muito bem recebido por todos os presidentes de Federação que visitou, mas todos eles deram a mesma resposta: “ainda não é hora de se falar sobre esse assunto.

“Melhor será esperar o segundo semestre”. Ronaldo ainda insistiu, viajou bastante, mas não conseguiu nenhum presidente como aliado nesta sua tentativa. Na semana passada, ele veio à público e anunciou:

“Não serei mais candidato à presidência da CBF. Precisava do apoio de quatro nomes, mas ninguém aderiu. Diante disso, estou fora dessa briga”.

Imediatamente, Ednaldo Rodrigues anunciou que, as eleições seriam realizadas ainda neste mês de março, ou melhor, no dia 24, esta segunda-feira, lá na sede da CBF.

CHAPA VENCEDORA
E aproveitou até para anunciar sua chapa oficial (que é chapa única). Vamos a ela: para presidente, candidato à reeleição, Ednaldo Rodrigues. Como vices, mais oito nomes, todos importantes presidentes de Federações estaduais do futebol brasileiro.

Confiram a lista: Ricardo Nonato Lima; Reinaldo Carneiro Bastos, Gustavo Oliveira Vieira; Gustavo Dias Henrique, Ednailson Leite Rozenha, Antônio Roberto Rodrigues da Silva; Leomar de Mello Quintanilha e Renato Angelotti.

Lógico que, os outros presidentes de entidades foram colocados ao par do acordo feito por Ednaldo e seus futuros vices e os avalizaram para poderem no futuro cobrar esse apoio dado ao atual presidente da CBF. Dessa forma, Ednaldo foi reeleito nesta segunda-feira com o aval de 27 Federações, 20 clubes da Série A, mais 20 clubes da Série B do Brasileirão.

TODOS NO MESMO BARCO
Pacote fechado. Todos no mesmo barco. O próximo mandato, que contará com essa diretoria toda, vai do início de 2026 até 2030. Ednaldo e sua corriola vão continuar no comando do futebol brasileiro por mais quatro anos. E já se sabe que, se ele não quiser ser reeleito novamente, um de seus novos vices será escolhido para sucedê-lo.

Certamente, por esse motivo, os oito presidentes de Federações que o apoiaram de cara, serão seus vices a partir do ano que vem. Provavelmente, um deles, em 2030, poderá substituí-lo. Isso, se ele não quiser ficar por mais quatro anos. Ah, os estatutos não permitem? Não se preocupem. Ednaldo, quando for necessário, dará um jeito.

DEFESA DAS MORDOMIAS
Nada disso que aconteceu na CBF foi surpresa. Ednaldo Rodrigues e os atuais presidentes de Federações, não querem perder a mordomia e o direito de continuarem à frente de suas Entidades. Para todos eles, não importa que Ednaldo Rodrigues seja um presidente medíocre que apenas quer continuar no cargo que ocupa.

Em razão disso, considero que, para o  futebol brasileiro foi um passo atrás mantê-lo no comando da CBF. Ele é omisso, não gosta de tomar posições polêmicas ou de defender temas que não combinam com sua maneira de ser. Aliás, seu lema, nestas eleições diz o seguinte: 

“Por um futebol inclusivo, e sem discriminações de qualquer espécie”.

Uma frase bonita, mas que jamais será interpretada ao pé da letra, por Ednaldo. O que ele quer, na verdade, são as mordomias que o cargo lhe oferece (poder viajar para onde quiser sem pagar nada; assistir as grandes competições de um camarote especial; ser badalado por presidentes de federações e clubes que são vinculados à CBF e poder manusear, como e quando quiser, o dinheiro da entidade de futebol mais rica do Continente.

RONALDO ERA ENTRAVE
Ronaldo apareceu como um entrave. Mas, numa jogada de mestre, conseguiram fazê-lo desistir. Acho até que o Fenômeno não serviria mesmo para ser presidente da CBF, mas certamente faria melhor trabalho do que esse  Ednaldo.

Diante de sua desistência, no entanto, ficou um vazio, porque ninguém quer se expor numa candidatura como essa, para não receber nada. Melhor, então, aderir à reeleição do atual presidente da casa e deixar para o futuro algum plano mais ousado. Ou estou errado???  

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