Catar investe em museus para atrair turistas e por preservação de sua memória

O pequeno emirado tem feito investimentos pesados na criação de museus cujas estruturas parecem ter saído do cenário de um filme

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São Paulo, SP, 01 – Não são apenas os prédios ultramodernos espalhados por Doha e outras cidades que estão chamando a atenção de quem está no Catar para a Copa do Mundo. O pequeno emirado tem feito investimentos pesados na criação de museus cujas estruturas parecem ter saído do cenário de um filme. Do final dos anos 1990 para cá, o número de instituições desse tipo só cresce e com uma diversidade de temas que abrigam desde a história do esporte até arte contemporânea, passando por centros dedicados a preservar e contar a história e tradições do país.

O Museu Olímpico e Esportivo, inaugurado em março deste ano dentro do complexo do Estádio Khalifa Internacional, já impressiona pelo prédio, construído em formato de cilindro e com anéis externos que dão um ar futurista especialmente à noite, quando são iluminados. Dentro dele, o visitante é convidado a fazer uma viagem pelas origens do esporte no mundo, desde os primórdios do futebol, com o jogo com bola chinês chamado cuju, até o estabelecimento de regras e práticas de modalidades atualmente.

A história catariana no futebol também é tema da exposição permanente do museu, que traz como eram as práticas no então protetorado da Grã-Bretanha no início do século 20 e como passaram a se desenvolver a partir da descoberta de jazidas de petróleo, em 1934, e posteriormente, de gás natural. Da década de 1940 em diante, o Catar passou a jogar bola e na década seguinte começou a se organizar em clubes poliesportivos, sendo o primeiro o Al Najah.

INCENTIVO
Ainda nesse período, o regime da família Al Thani passou a incentivar a prática esportiva de quem vivia no país e começou a perceber o poder do esporte como ferramenta política e cultural. E, desde a Copa do Golfo, em 1976, tem investido em sediar eventos de porte regional e continental para culminar no Mundial deste ano.

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Junto com a exposição permanente, é possível conhecer a história dos Jogos Olímpicos, tanto os de Inverno quanto os de Verão, por meio de itens cedidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) como tochas, medalhas e mascotes. Há uma galeria de atletas notáveis, como Muhammad Ali e Pelé, com dois membros da família real catarianas incluídos. Em 2010, o xeque Hassan bin Jabor al-Thani entrou para o Guinness Book por ter percorrido, ao lado de Abdullah al-Sulaiti, 300km com um barco rápido no tempo de 1h55min14s. Na Olimpíada do Rio, em 2016, outro irmão do emir, Ali Bin Khalid, foi o porta-bandeira da nação e ficou em sexto no individual geral de salto com cavalo.

Até primeiro de abril de 2023, quem visitar o espaço ainda poderá conferir uma exposição que conta a história das Copas do Mundo por meio de itens cedidos pelo Museu da Fifa, em Zurique, na Suíça, como camisas de jogadores históricos como Ronaldo, Messi e Zidane, chuteiras, bolas e itens de árbitros, além de maquetes dos oito estádios desta edição.

O Museu Olímpico e Esportivo não funciona em dias de jogos na Copa no estádio e para visitá-lo é preciso agendar e comprar o ingresso pelo site da instituição ou ter cartão de acesso aos museus de Doha e que pode ser adquirido em locais como a Katara e outras atrações turísticas da capital.

COLEÇÃO ÚNICA
Na hora de construir museus, os catarianos querem fazer sempre algo impactante. Na hora de dedicar um à cultura islâmica não seria diferente. Em 2008, o então emir Hamad bin Khalifa convidou o arquiteto sino-americano I.M. Pei para criar o projeto do futuro museu e deu carta branca para que escolhesse qualquer lugar da capital para construí-lo. Pei gostou da ideia e sugeriu que fosse feita uma ilha artificial para abrigar sua criação. Assim foi feito.

O Museu de Arte Islâmica não surpreende só pelo prédio e janelões para admirar os arranha-céus de Doha. Em seu interior, guarda a maior coleção já dedicada ao tema. Possui mais de 15 mil itens de várias regiões que formam o mundo islâmico, que se espalha do Mar Mediterrâneo ao extremo leste da Ásia.

Em três pisos, é possível entender melhor a formação da cultura e suas diferenças por países a partir de alcorões antigos, tapetes, ornamentos e outras produções que reconstroem o passado de países como a Síria, Turquia, Egito e Iraque.

Há outras opções de locais dedicados a contar a história do Catar, como o Museu Nacional, cujo prédio homenageia a rosa do deserto, e o Msheireb, além do Museu Xeque Faisal, a 33km de Doha, em Al Shaniya, e montado dentro de uma antiga fortaleza no deserto. Ele é dedicado às raízes catarianas, como as atividades marítimas e com animais, como camelos e cavalos.

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