Como as bets ajudaram a elevar o nível do futebol brasileiro

Os únicos times cujas bets não são os principais parceiros são o Mirassol e o Red Bull Bragantino

Atualmente, o segmento betting tornou-se o principal financiador do futebol brasileiro, com mais de R$ 950 milhões anuais injetados nos clubes

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Créditos: Rubens Chiri e Paulo Pinto / São Paulo FC

São Paulo, SP , 29 (AFI) – O Brasileirão 2025 começa neste sábado (29), com o histórico índice de 18 das 20 equipes da Série A tendo patrocínio máster de casas de apostas. Os únicos times cujas bets não são os principais parceiros são o Mirassol e o Red Bull Bragantino, mas que, ainda assim, somam acordos para outras propriedades do uniforme com bets como 7k e a Betfast, respectivamente.

Atualmente, o segmento betting tornou-se o principal financiador do futebol brasileiro, com mais de R$ 950 milhões anuais injetados nos clubes, rendendo cifras importantes que permitem o fortalecimento do caixa, novos investimentos, e contratações de grandes jogadores de peso.

Entre os exemplos de como as bets têm fortalecido os clubes da elite nacional, os principais casos são o da Superbet e da Esportes da Sorte, que entre o segundo semestre de 2024 e o início deste ano ajudaram São Paulo e Corinthians a trazer as estrelas de alcance internacional: Oscar e Memphis Depay, respectivamente, inclusive com ambas arcando com grande parte dos vencimentos mensais destes atletas.

De maneira mais indireta, o Palmeiras, que neste ano fechou com a Sportingbet, concretizou a compra mais cara do futebol brasileiro, ao contratar o centroavante Vítor Roque por R$ 154 milhões, além do atacante Paulinho, por cerca de R$ 115 milhões, em negócio que ainda envolveu a ida de dois atletas alviverdes ao Atlético-MG: Patrick e Gabriel Menino. O alviverde ainda tentou trazer o meia Andreas Pereira, em negociação que superava os R$ 120 milhões.

Raphael Paçó Barbieri, especialista em direito desportivo e sócio do CCLA Advogados, destaca o poderio financeiro do segmento das bets e enfatiza a importância da regularização do mercado, desde janeiro deste ano, para beneficiar todas as partes envolvidas. “O espaço que as bets exercem aos patrocínios esportivos têm um papel fundamental dentro das receitas dos clubes, e com a regulamentação, a tendência é que esse mercado fique ainda mais segmentado, sério e transparente na relação com todas as partes envolvidas, criando um ambiente ainda mais propício para esses investimentos”, pontua.

“Com a regulamentação das casas de apostas, os clubes se sentem mais seguros em fechar patrocínios com as empresas do setor de betting. O Brasil evolui cada vez mais nesse mercado e já é considerado o terceiro maior país do mundo no ramo. Acredito que nos próximos anos o segmento deve seguir crescendo de maneira exponencial e os acordos entre as equipes e as bets serão cada vez mais duradouros”, acrescenta Leonardo Henrique Roscoe Bessa, consultor do Conselho Federal da OAB e sócio da Betlaw, escritório de advocacia especializado no setor de jogos e apostas.

Além do grande aporte das bets, o detalhe é que muitos dos atuais acordos firmados com as bets são os  maiores contratos de patrocínio da história dos clubes, a exemplo dos casos de equipes como Flamengo, Botafogo, Palmeiras, Cruzeiro, Atlético-MG, Fortaleza, entre outros.

“A decisão de patrocinar o Fortaleza foi muito tranquila para nós, por este ser um clube que, em meio a um mercado em crescimento, que é o futebol brasileiro, soube se destacar em termos de gestão e desempenho esportivo. O time, além de contar com uma torcida fervorosa, também vem acumulando anos seguidos de ascensão, com excelentes resultados no cenário nacional”, declara André Viana, CEO da Cassino, empresa pertencente ao grupo Ana Gaming.

Outra companhia de destaque é a 7k, responsável pelo maior patrocínio da história do Vitória, além de parceira também do Mirassol. “Estamos sempre dispostos a colaborar de alguma forma com recursos que auxiliem os clubes a impulsionarem seus desempenhos, dentro e fora dos gramados, e alcançar novos públicos e redes de contato, em especial no interior de São Paulo, que acumula uma força impressionante nos negócios”, afirma José Victor Valadares, diretor executivo de novos negócios da Ana Gaming, grupo detentor das marcas 7k, Cassino e Vera.

“Cada vez mais, os patrocínios das bets têm se tornado fundamentais para o crescimento financeiro de clubes brasileiros. É graças a este aporte de recursos expressivos que os times ganharam mais capacidade de investir em infraestrutura e, principalmente, na contratação de jogadores de destaque. Sendo assim, essa aliança é estratégica e vantajosa para ambos os lados: as casas de apostas ampliam sua visibilidade e os clubes, por sua vez, conseguem formar elencos mais robustos e competitivos”, afirma Ricardo Bianco Rosada, fundador da consultoria brmkt.co que atua nas áreas de gambling, branding, marketing e desenvolvimento de negócios.

Existem ainda os patrocínios e vendas de naming rights a campeonatos e estádios, como é o caso do Brasileirão Betano e da Casa de Apostas Arena Fonte Nova – onde o Bahia atua como mandante – para também fortalecer ainda mais o futebol nacional.

“O forte processo de profissionalização do futebol baiano que fomos capazes de acompanhar nos últimos anos e o potencial de crescimento das receitas do espaço foram dois fatores cruciais na decisão de adquirirmos os naming rights da Arena Fonte Nova. O estádio não só é um dos palcos mais tradicionais do futebol brasileiro, mas também é um espaço capaz de receber grandes shows e pronto para sediar jogos nacionais ou internacionais, de clubes ou de seleções”, afirma Anderson Nunes, Head de Negócios da Casa de Apostas.

Para efeito de comparação, nas outras divisões do Campeonato Brasileiro, as bets também são destaque. Na, Série B, por exemplo, patrocinam grande parte das 20 equipes, com destaques para plataformas como BETesporte, com acordos com CRB e Volta Redonda, e GingaBet, com Paysandu e Vila Nova, sendo esse último o maior da história do clube.