Atrito entre ministros adia proposta "Estádio Seguro", que tem participação da CBF
CBF vem discutindo proposta desde o início do ano; Acordo deveria ser assinado em julho
Campinas, SP, 31 (AFI) – A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) vêm tentando um acordo com o Governo Federal para melhorar a segurança nos estádios. O acordo, após discussões ao longo do primeiro semestre, deveria ser assinado em julho, mas um atrito entre a ministra do Esporte, Ana Moser, e o ministro da Justiça, Flávio Dino, adiou a confirmação, que deve acontecer em agosto.
TENTATIVA COM MINISTÉRIO DO ESPORTE
No começo do ano, a CBF procurou primeiro o Ministério dos Esportes para discutir a proposta, que ficou conhecida como “Estádio Seguro”.
A ideia é fazer com que os torcedores vinculem CPF e número de celular ao ingresso, além de utilizar tecnologias de biometria e reconhecimento facial, já disponíveis nas arenas mais modernas. Caso algum problema na Justiça seja detectado, a pessoa fica impedida de entrar no estádio.
O “Estádio Seguro” não prevê investimentos por parte do Governo Federal ou a obrigatoriedade de adesão dos clubes. O poder público daria suporte técnico para a instalação e utilização das tecnologias bem como a criação de uma rede de dados nacional dos torcedores, com fotos e documentos, visando impedir o acesso de torcedores com restrições na Justiça.
A importância do projeto ficou ainda maior após um novo caso grave, em que uma torcedora do Palmeiras morreu após ser atingida por uma garrafa de vidro nas redondezas no Allianz Parque, em São Paulo.
ENCAMINHAMENTO DO PROJETO AO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
Ana Moser não deu continuidade às conversas e, com isso, a CBF encaminhou o projeto para o Ministério da Justiça.
As conversas evoluíram e ao longo do primeiro semestre, foram feitos testes em jogos de Flamengo e Fluminense no Maracanã.
Foram identificados torcedores com problemas na Justiça, principalmente em relação à pensão alimentícia. Outro ponto interessante é que foi possível identificar torcedores que foram barrados em outros estados.
ATRITO ENTRE MINISTÉRIOS
No fim de junho, Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, revelou que o acordo seria assinado na primeira semana de julho. Ana Moser não gostou da notícia, pois não participou das conversas.
Quando estava com Lula em visita à seleção brasileira, Moser ligou para Flávio Dino no viva-voz, com Lula ouvindo, para colocar sua insatisfação com o processo. Flávio Dino, por sua vez, não gostou da forma como a cobrança foi feita e cancelou a assinatura.
Agora, o Ministério dos Esportes enviou novas sugestões e a expectativa é que o acordo seja concluído em agosto.
“O Ministério do Esporte está em diálogo com o Ministério da Justiça para assinatura do acordo de cooperação com a Confederação Brasileira de Futebol. Também avançou nas discussões sobre racismo e violência no esporte e em estádios de futebol”, informou o Ministério do Esporte.
“No acordo de cooperação do projeto Estádio Seguro, incluímos a parte relacionada à integridade no esporte e ao combate à todas as formas de discriminação e violência. Entendemos que é uma parceria necessária e importante e que devemos assinar nas próximas semanas”, concluiu em nota.
ANA MOSER PRESSIONADA
Ana Moser vem tendo sua posição balançada no Ministério do Esporte. Isso porque o Centrão, que não teve sucesso em obter o Ministério da Saúde, agora mira o cargo de Moser. A ideia foi reforçada principalmente após a regulamentação das apostas esportivas, que deve fazer o orçamento da pasta aumentar consideravelmente.
Ela rebateu os rumores e ganhou apoio de deputados e atletas, que promoveram a campanha #FicaAnaMoser nas redes sociais. Além disso, também prometeu brigar para que o Brasil sedie a próxima Copa do Mundo feminina.