Artilheiro Perisic foi barrado em grandes antes de brilhar na Europa

Na granja da família, em 1988, ele viu a Croácia perder da França, de virada. Agora espera ter a chance de uma segunda final na Copa do Mundo.

Perisic e seus companheiros da seleção croata, têm mais uma oportunidade de fazer história, quatro anos após a final na Rússia

Perisic - Croácia - 33 anos
Perisic vê atuação da Croácia contra o Brasil como roteiro para superar Argentina

São Paulo, SP, 12 – Quando era menino, o esguio Ivan Perisic ajudava na granja da sua família, nas

redondezas de Omis, no litoral da Croácia. Essa função valeu a ele o apelido de Koka. Foi na sua casa que, em 1998, viu a Croácia perder para a França, de virada, nas semifinais da Copa do Mundo.

“Lembro-me muito bem daquele dia. Eu estava vestido com a camisa da Croácia, consolando a minha mãe, que chorou muito, depois que o Thuram marcou dois gols e a França virou aquela partida””.

Quatro anos depois de encarar os franceses em Moscou, em uma final de Mundial, na Rússia, Perisic e seus companheiros da seleção croata, têm mais uma oportunidade de fazer história. Se superarem a Argentina de Lionel Messi, no Lusail Stadium, às 16 horas desta terça-feira, eles levarão a Croácia à segunda final consecutiva em uma Copa do Mundo.
PERTO DE RECORDE

Autor de seis gols e quatro assistências em Mundiais, ele igualou – e pode superar – o artilheiro Davor Suker, que levou a Croácia ao terceiro lugar daquela Copa de 1998. Para dar uma ideia do que significa esta marca de Perisic, entre todos os jogadores que disputam o Mundial do Catar, apenas Messi (oito gols e quatro assistências) e o francês Kylian Mbappé, obtiveram marcas melhores do que as dele.

Mas isso só aconteceu graças à sua persistência. Em 2006, quanto tinha 17 anos, antes que tivesse assinado o seu primeiro contrato profissional, o Sochaux, da França, decidiu oferecer 360 mil euros (quase R$ 2 milhões, pelo câmbio atual) para contratá-lo.
Era quase quatro vezes mais do que a diretoria do Hadjuk propôs para que assinasse o seu primeiro vínculo. E lá foi ele para longe de Omis e da Croácia, a bordo do jatinho particular que os franceses mandaram para buscá-lo, assim que o contrato fosse assinado.

Perisic é experiência na Croácia
Croácia venceu Japão e Brasil nos pênaltis. Foto: Fifa

VIRADA NA VIDA

Em um tempo em que a Croácia apenas começava a se reerguer da guerra que irrompeu em várias partes da Iugoslávia, da qual seu país fazia parte – e se separou – o dinheiro pago pelos franceses para ter Perisic no seu time foi um alívio para a combalida situação financeira da família.

O Sochaux contou com o atacante em apenas um amistoso. Sem espaço no time francês, foi emprestado para o Roselare, da Bélgica, em 2009. Em vinte partidas, marcou oito gols, ganhou fama de goleador e, em questão de meses, era uma das estrelas do Club Brugge.
DOIS ANOS SEGUIDOS

Com um gol ou uma assistência a cada 136 minutos, Perisic foi o destaque durante dois anos seguidos. E foi para o Borussia Dortmund, da Alemanha, na época treinado por Jürgen Klopp, que já era considerado um técnico acima da média.
Mas, que não gostou quando foi cobrado pelo croata, que reivindicava um lugar no time titular. O croata acabou sendo emprestado ao Wolfsburg. Continuou goleador e só jogou em times grandes, desde então: Inter de Milão, na Itália, Bayern de Munique, na Alemanha, e Tottenham, seu atual time, na Inglaterra.

DÁ MAIS…

E, claro, na seleção da Croácia, em que já ajudou a conquistar o vice-campeonato mundial, na Rússia, em 2018. E acredita que pode ir além, agora, no Catar. “Contra a Argentina termos que jogar do primeiro minuto até os acréscimos”, disse Perisic, na entrevista coletiva que concedeu, antes da partida decisiva contra a Argentina.

E, para quem duvida das chances da seleção da Croácia, ele tem um argumento na ponta da língua. “Nós, croatas, somos um povo que não desiste nunca. Poucos apostavam que estaríamos nesta fase da Copa do Mundo, em 2022, mas aqui estamos”.

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