Angustiante espera da Ponte Preta para festejar em 1969
A torcida da Ponte Preta tem a chance de festejar, de verdade, um título e dar cabo ao estigma de nunca ter sido campeã. Agora é o ato final de uma grande campanha.
Mas já não festejou o título da antiga Primeira Divisão, a atual Série A2, em 1969? Sim, festejou, mas dois meses depois do fim da competição
Campinas, SP, 7 (AFI) – Por mais paradoxo que pareça, pela primeira vez, de fato, a torcida da Ponte Preta tem a chance de comemorar a conquista de título de competição paulista após apito final do árbitro, na hipótese de vencer o Novorizontino na tarde deste sábado, no Estádio Moisés Lucarelli, quer no tempo normal de jogo, quer na definição através de cobranças de pênaltis.
Como assim? A Ponte Preta já não festejou o título da antiga Primeira Divisão do Paulista, correspondente à atual Série A2, em 1969? Sim, festejou, mas dois meses depois do término daquela competição. Não entendeu nada? Então recorramos ao arquivo do finado jornal Diário do Povo de Campinas, para que tudo seja devidamente esclarecido.
QUADRANGULAR
Em 1969, a Ponte Preta participou do quadrangular decisivo daquela competição, em época que se contabilizava apenas dois pontos para a vitória e um em caso de empate.
Ela ganhou do Linense por 3 a 1, goleou o Noroeste por 3 a 0, mas foi derrotada pela Francana por 3 a 1, de virada, sendo que o centroavante Djair havia marcado o gol pontepretano, em jogos com públicos que oscilaram de 7.907 a 11.028 pagantes, todos no Estádio Palestra Itália, antiga casa do Palmeiras.
Logo, a Ponte somou quatro pontos, sete gols pró e quatro contra, acumulando saldo de três gols. A Francana empatou com o Noroeste por 1 a 1, depois zero a zero com o Linense, e, ao vencer a Ponte, atingiu quatro pontos, quatro gols pró e dois contra, portanto saldo de dois gols.
Pelo regulamento da época, a Ponte Preta deveria deixar o Estádio Palestra Itália, após partida contra a Francana, comemorando o título, pois, no critério de desempate, tido como saldo de gols, levava vantagem: 3 a 2.
PENDÊNCIA JUDICIAL
Ocorre que naquele quadrangular estabeleceu-se um imbróglio, devido à uma ação interposta pelo Linense na Justiça Desportiva, que sugeria penalização à Ponte Preta pela escalação do seu saudoso ponteiro-esquerdo Adílson Preguinho.
Assim, a travessia da Ponte Preta naquele quadrangular ficou sub-júdice, até que a pendência jurídica fosse dirimida. Logo, isso impediu a torcida pontepretana de comemorar o título ainda no Parque Antártica, após o complemento daqueles jogos. A história é complexa e precisa ser detalhada para pleno entendimento.
EXPULSÃO
Antes do início daquele quadrangular, Adilson esteve emprestado ao XV de Piracicaba, e na última partida daquela agremiação no Paulista da Divisão Especial – atual Série A1 -, diante do Botafogo de Ribeirão Preto, foi registrado tumulto generalizado de jogadores. Naquela ocasião o árbitro encerrou a partida e citou na súmula ter expulsado os 22 atletas, sem discriminar aqueles que diretamente estiveram envolvidos no conflito.
SUSPENSÃO AUTOMÁTICA
O entendimento do Linense era que Adílson teria que cumprir suspensão automática na partida subsequente, e se a denúncia fosse acolhida, a Ponte Preta seria penalizada com perda de pontos no jogo contra o Linense, o que traria benefício direto à Francana.
Todavia, Álvaro Paes Leme, auditor do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) da Federação Paulista de Futebol (FPF), não acolheu recurso do Linense, por entendimento que aquela partida de XV e Botafogo teria que ser anulada.
O caso foi levado ao pleno do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva), que por unanimidade deu vitória por nove a zero à Ponte Preta, mas o Linense – com interesse direto da Francana – interpôs recurso ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da CBF, que confirmou a decisão do tribunal paulista.
DOIS MESES
Portanto, após aquele jogo contra a Francana, dia 31 de outubro, o pontepretano teve que esperar até o dia 30 de dezembro daquele ano para a explosão de alegria, com festa no Largo do Rosário e ruas centrais de Campinas. Só mesmo após esgotarem recursos na esfera desportiva ao Linense, até no Conselho Nacional de Desporto, a última instância naquela ocasião.
Assim, coube à Federação Paulista de Futebol, no mandato do presidente João Mendonça Falcão, fazer a proclamação do título da Primeira Divisão do Futebol Paulista à Ponte Preta no dia seis de janeiro de 1970, e assunto encerrado. Ser campeão sem comemorar foi algo tão frustrante que os pontepretanos mais novos, na faixa dos 40 anos para baixo, nem sabem desta conquista. Outros acreditam na história estigmatizada pelos rivais bugrinos de que a Ponte Preta nunca será campeã. Um estigma falso. Uma notícia fake como se diz hoje em dia.
Este foi, sem dúvida, o único título de peso e relevância conquistado pela Ponte Preta em termos estaduais. E de forma meritória, com um time de grandes jogadores, que depois brilharam nas suas carreiras, como dois campineiros: o lateral direito Nelsinho Baptista, que saiu do bairro Vila Nova, e o meia Dicá, que aflorou no Santa Odila. Isso a gente vai ter tempo de falar depois desta grande decisão do Majestoso.
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