Adeus, querido presidente.
De origem humilde a grande empresário, de simples torcedor a sócio e depois presidente. Acompanhe a trajetória do presidente que mais venceu títulos no Timão
Vice-presidentes que atuaram nas administrações de Alberto Dualib se solidarizam com a família do dirigente
Os abaixo-assinados foram todos vice-presidentes do Corinthians na diretoria de Alberto Dualib, que nos deixou na madrugada do dia de hoje.
Um deles, foi vice-presidente eleito junto com o presidente e era seu herdeiro político, o que neste campo, o objetivo nem sempre se concretiza.
Que a alma de Dualib seja recebida pelo Grande Arquiteto do Universo e nosso Presidente descanse em paz no Reino de Deus. Foram cento e um anos de uma vida de trabalho, de muitas lutas pessoais e empresariais, da dor insuperável de ver partir uma filha, invertendo o ciclo natural da existência e, sem dúvida, de dedicação ao Corinthians.
Filho de um pai abastado economicamente, se viu surpreendido quando este faleceu ao tomar conhecimento de seu Voto de Pobreza pelo qual doava todo seu patrimônio a instituições de caridade e à Igreja.
ORIGEM HUMILDE
Pouco gente sabe, mas aos dezoito anos de idade, já trabalhava há três na Rua 25 de março como balconista-vendedor e resolveu montar a sua primeira empresa, uma fábrica de meias, primeiro femininas e depois, também masculinas. A fábrica ficava na Penha. Casou-se aos 19 anos, com Elvira, que tinha 18.
A proximidade de seu novo endereço com a sede do Corinthians fortaleceu a sua paixão pelo alvinegro, então um clube que atraia quase 100% da colônia árabe residente em São Paulo.
A maior prova desta identificação foi o fato de ele deixar então sua residência num bairro nobre da Zona Oeste e se mudar com a família para a Penha, apenas porque ficava próxima do clube.
Cresceu profissionalmente e era um homem rico aos 35 anos de idade.
DE TORCEDOR A SÓCIO
No Corinthians, passou de torcedor a sócio; de sócio a diretor de várias administrações, com mais destaque para as de Vicente Matheus, por mais de uma gestão e a de Roberto Pasqua. Foi diretor Social e trouxe o Rei Roberto Carlos, no seu auge, para cantar no Ginásio de Esportes do clube, que ficou superlotado.
Como era, de qualquer forma um empreendimento de risco, bancou do próprio bolso o cachê artístico mais alto do país, que como se sabe, são sempre pagos antecipadamente. Fê-lo com seu próprio dinheiro e se ressarciu, como fazia questão de frisar. Isso, porém, meses depois.
Foi um vice-presidente de futebol vitorioso, campeão paulista de 1988, num memorável jogo em Campinas, contra o Guarani, com gol do menino Viola.
Chegou a Presidente do Conselho Deliberativo e depois a Presidente da Diretoria, somente aos 73 anos de idade.
Foram 14 anos de mandato ininterrupto, pois foi várias vezes reeleito, tendo atingido um patamar até hoje inalcançável: mais de 5.000 votos enfrentando nas eleições Marlene Matheus e toda uma série de ex-dirigentes de realce no clube, como Waldemar Pires, ex-presidente da Democracia Corinthiana.
RECORDE NO COMANDO
Quebrou o recorde de permanência no poder, presidindo mais tempo do que os históricos Alfredo Trindade, Wadih Helou e o próprio Matheus, que tem praticamente o mesmo tempo de anos na presidência, mas somando épocas diferentes.
No futebol, os títulos conquistados sob sua gestão são de conhecimento público: campeonatos brasileiros, o primeiro Mundial oficializado pela FIFA, vários campeonatos paulistas, Torneio Rio-São Paulo, Copas São Paulo, dezenas nas categorias de base, inclusive no exterior, onde também, conquistou o prestigiado torneio Ramon de Carranza, na Espanha.
CLUBE SOCIAL
No clube Social, construiu “simplesmente” a Sede Social Administrativa num belo e moderno edifício de cinco andares. Construiu sob o descrédito quase unânime, as primeiras quadras de tênis do Corinthians e as iluminou para a prática noturna. E elas foram um sucesso.
Implantou o primeiro campo de grama sintética com padrão aprovado pela Fifa, pondo fim ao Terrão. Conseguiu a doação, junto ao Governo Estadual, de um grande terreno na Rodovia dos Trabalhadores e construiu lá o Centro de Treinamento, onde bateram bola Tévez e Mascherano, por exemplo, e onde é hoje o festejado Centro de Treinamento do clube. Sem contar várias outras obras menores no clube social.
ABRIU PORTAS
Administrativamente abriu as portas da diretoria. Inclusive para o seu mais importante e ferrenho opositor, o empresário Damião Garcia e seus filhos, quando se reconciliaram após uma exaustiva briga judicial. Damião e seus filhos, inclusive, tornaram-se conselheiros vitalícios nomeados por Dualib.
Dualib começou a cair quando fechou contrato com a contestada empresa MSI, de Kia Joarabchian.
Como se previa, a “terceirização” tinha vários pontos nebulosos, várias promessas de investimento não foram concretizadas e, em menos de três anos, fortemente criticado, Dualib caiu.
Antecipou-se e pediu desligamento do clube, prevendo que poderia ser eliminado.
VOLTA AO CORI
Foi recuperado na última gestão de Andrés Sanchez e reconduzido a membro vitalício do CORI.
Como qualquer mandatário que fica tanto tempo no poder, pode ser contestado.
Mas, quem teve prazer de conviver com ele, como é o caso dos seus vice-presidentes que assinam esta mensagem, não pode, se honesto for o seu julgamento, negar que ele foi um homem de bom coração, amável, atencioso, realizador, capaz.
Nós ficamos e ficaremos, para sempre, com a imagem deste Corinthiano, que, sem dúvida, dedicou grande parte de sua vida ao Corinthians.
Roque Cittadini
Alexandre Husni
Andrés Navarro Sanchez
Antônio Jorge Rachid Jr
Carlos Nujud Nakhol (Nei)
Clodomiu Antônio Orsi
Edgar Soares
Emerson Piovesan
Flávio Adulto
Fran Papaiordano
Heleno Haddad Maluf
Henrique Aparecido Alves
Ivanei Caires de Souza
Jorge Agle Kalil
Jorge Alberto Aun
José Mansur Farhat
Miguel Marques e Silva
Osmar Stabile
Paulino Tritapepe Neto
Pedro Antônio Fabiano
Romeu Tuma Jr
Rubens Gomes da Silva
Wilson Bento
Ariovaldo Brandeapi
* Os abaixo-assinados foram todos vice-presidentes do Corinthians na diretoria de Alberto Dualib, que faleceu na madrugada do dia de hoje.