BLOG DO ARI

ARIOVALDO IZAC

Adeus chiado do AM no rádio; chegou a vez do som limpo do FM

O péssimo som das rádios AMs vai ser substituído pelo som limpo de FM - frequência modulada. Uma troca de qualidade, que ainda precisa ser assimilada

No âmbito esportivo, os anos 60 e 70 do século passado, o rádio contemplava quer ouvintes nos estádios, quer em suas casas

Fiori Gigliotti - Rádio Brasileiro
Fiori Gigliotti: lenda da narração esportiva no Brasil

BLOG DO ARI

Campinas, SP, 2 (AFI) – A entrada de 2024 vai marcar nova era da radiofonia, com o sepultamento do incômodo chiado da frequência AM, das emissoras que operam em Ondas Médias, com consequente transferência ao som limpo da faixa FM (frequência modulada).

O Ministério das Comunicações admite tolerância por mais um período às AMs com penetração regional.

O rádio, companheiro tido antigamente como inseparável do ouvinte, passou por transformação de 360 graus nas últimas seis décadas.

No âmbito esportivo, os anos 60 e 70 do século passado, com participação restrita da televisão em transmissões de jogos, contemplava quer ouvintes que levavam os aparelhos de pilhas aos estádios, quer em suas casas durantes as partidas.

DESCRIÇÃO

Havia predominância descritiva das narrações, ocasião em que o ouvinte tinha a exata noção dos percursos da bola, e quem estava com ela.

Foi a era daqueles que se alinhavam ao estilo do saudoso locutor Pedro Luiz Paulieri, que deu espaço, incontinenti, à marca poética do também saudoso Fiori Gigliotti.

A revolução em transmissões de futebol deu-se através do estilo ‘metralhadora’ do narrador Osmar Santos, que transformou transmissão de futebol em pura emoção, nem sempre acompanhada da fiel descrição.

À época, a televisão aberta mostrava no máximo uma partida por semana, geralmente aos domingos, e as audiências nas narrações pelo rádio eram maciças.

CAMPINAS

Assim, no âmbito de Campinas, até o final dos anos 80, o narrador era presença obrigatória onde estivesse Ponte Preta e Guarani.

Como medida de contenção de despesas, nos casos de jogos interestaduais, uma ou outra emissora da cidade ainda ousava enviar o repórter nas viagens, além do narrador.

Naquele período, houve registro de emissoras que entravam em cadeia com rádios de cidades dos outros locais, ou em caso simultaneidade de datas e horários de jogos de Guarani e Ponte Preta, a transmissão recaía àquele que fosse mandante.

PREMIERE

A chegada do Premiere em 1997 – mostrando quase todos os jogos das principais competições – foi um respiro para emissoras de rádio do País, que passaram a usar as imagens da televisão, já desobrigadas no deslocamento de narradores para outras cidades.

Evidente que o novo formato de concorrência com a televisão influenciou em perda considerável de ouvintes, parcialmente compensada pelos ainda elevados índices de audiência em programas esportivos.

BRASIL-CAMPINAS

Como minha trajetória inicial no jornalismo foi em jornal, apenas em 1978 cravei meus primeiros passos no rádio, na equipe da Brasil-Campinas, comandada à época pelo saudoso Sérgio José Salvucci.

Em 1980, participei da implantação da Rádio CentralCampinas, mas trajetória mais longa neste veículo deu-se na antiga Rádio Educadora-Campinas.

E até 1988 segui no rádio, sem que isso provocasse desligamento de jornal.

À época, quis o destino que cortasse o País de ponta a ponta na condição de repórter-comentarista da Rádio Nova Sumaré, em equipe esportiva coordenada pelo saudoso Nadir Roberto.

ECO TOTAL

Tão ou mais prazeroso foi a constatação da gigantesca audiência da Rádio Educadora-Campinas, – hoje Bandeirantes – com os saudosos comentaristas Brasil de Oliveira e Jorge Ferreira dos Santos.

Narradores como o já falecido Pereira Neto e Mário Celso (morando em Santa Catarina) enriqueceram as transmissões, ocasião em que dividi as reportagens com o parceiro Roberto Diogo.

A certeza da audiência inigualável era constatada no giro do placar.

Quando o operador de estúdio acionava a vinheta, era perceptível o ‘eco total’, como descrevia Roberto Diogo.

Justo se faz também citar a fantástica audiência, em transmissões de futebol, do narrador Dionísio Pivatto, pela Rádio Brasil-Campinas.

Quis o destino que, no auge de sua trajetória no rádio, ele fosse traído pela correnteza do Rio Atibaia, em Campinas, e morresse afogado quando participava de uma pescaria.

Confira também: