Adeus a Zé Carlos, história irretocável enquanto atleta, mas ingrata como treinador
Ex-volante morreu em Minas Gerais nesta terça-feira
Adeus a Zé Carlos, história irretocável enquanto atleta, mas ingrata como treinador
Sobre a saída por empréstimo do lateral-direito bugrino Lenon, a análise fica para as próximas postagens. Cabe-me antecipar que o presidente Palmeron Mendes Filho agiu com sabedoria ao liberá-lo ao Vasco até o final do ano.
Meses atrás citei em minhas tribunas que o estado de saúde do ex-volante José Carlos Bernardo, campeão brasileiro pelo Guarani, era grave.
Na ocasião, contatei bugrinos que ainda tinham contatos com familiares dele em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, para que me mantivesse informado. Todavia, individualidade das pessoas implicam em despreocupação com problemas alheios.
Assim, Zé Carlos morreu nesta terça-feira, aos 73 anos de idade, e seus familiares testemunharam que os amigos cruzeirenses jamais o abandonaram.
WILSON PIAZZA
Liderados pelos também ex-volante Wilson Piazza, até jogo beneficente foi realizado para ajuda de custo em decorrência de gastos provocados pelo AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Aquelas pernas de Zé Carlos que tão bem ajudaram a conduzir Cruzeiro e Guarani ao sucesso haviam travado, e o destino lhe reservou cadeira de rodas, assim como interferiu na fala.
Destino! Eta troço cruel com quem escreve bonita página no futebol e vida. Com quem, enquanto atleta, exerceu naturalmente liderança sobre os companheiros.
Foi assim no Cruzeiro durante 13 anos e 619 jogos, mas dirigentes não souberam valorizá-lo. Melhor para o Guarani que o contratou em 1977, já adaptado à função de volante, sem perder as características de meia organizador.
BETO ZINI
E se erroneamente atribuem ao falecido treinador bugrino Carlos Alberto Silva a indicação de Zé Carlos ao Guarani, o correto é citar que Beto Zini – bem antes de sonhar com a presidência do clube – indicou e acertou toda negociação. Inclusive cedeu uma residência de sua propriedade,
defronte ao estádio, para que o então atleta morasse.
Se em 1980 Zé Carlos aceitou transferência ao Botafogo (RJ), como último bom contrato na carreira de atleta, por iniciativa igualmente de Beto Zini – já como diretor de futebol em 1984 – ele voltou ao Guarani na condição de treinador.
Aí o tal de destino foi-lhe novamente traiçoeiro. Aquela liderança dos tempos de atleta não serviu para preencher todos requisitos exigidos de comandante. Logo, após cinco meses, foi demitido.
MOGI MIRIM
Zé Carlos ficou sensibilizado quando o saudoso presidente do Mogi Mirim, Wilson de Barros, lhe propôs dupla função: atleta-treinador. Todavia não prosperou na nova empreitada.
Isso evidencia que nem sempre jogador que se destaca pela corretíssima leitura de jogo para defender e atacar transporta a sabedoria ao migrar à função de treinador.
Apesar disso Zé Carlos foi persistente, mesmo que o recomeço ocorresse na função de comandando de juniores, com última passagem pelo Cruzeiro há dois anos, quando o AVC pôs fim à sua história no futebol.