Abel Ferreira volta a criticar calendário no Brasil e se encanta por torcida

Comentários de parte da imprensa também suscitaram novas reclamações de Abel

Ele voltou a detonar o agendamento das partidas em um curto espaço de tempo, algo comum no País

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Abel cutuca calendário e críticos. (Foto: Cesar Greco / Palmeiras)

São Paulo, SP, 26 (AFI) – A intensidade que o Palmeiras mostrou na vitória de virada sobre o Sport por 2 a 1 no Allianz Parque só foi possível graças ao tempo de descanso que os atletas tiveram entre o duelo com o Ceará, quarta-feira passada, e a partida desta segunda-feira no Allianz Parque, pelo Brasileirão. A avaliação é do técnico Abel Ferreira, crítico ferrenho do calendário do futebol brasileiro. Ele voltou a detonar o agendamento das partidas em um curto espaço de tempo, algo comum no País. Os responsáveis pelo calendário, segundo o técnico português, não “pensam”.

“A equipe só jogou com esse ritmo porque tivemos uma luta muito grande para adiar o jogo. Íamos jogar contra o Ceará, vir de avião e jogar dois dias depois aqui. Isso é de quem não pensa, seja quem for. Temos que sentar treinadores, jogadores, televisão, quem organiza a competição… Se quiserem jogos com intensidade, tem que dar descanso. A Fifa é muito clara, diz que, no mínimo, temos que ter 72 horas de descanso. Mas acreditam aqui que quanto mais jogo, melhor é. Eu acredito o contrário”, disse o treinador palmeirense, satisfeito com a performance de seus atletas contra o Sport. “A equipe é equilibrada. Jogamos o que o jogo dita. Os jogadores foram perfeitos”, resumiu.

AO ATAQUE!

Ele entende que o dia que a equipe ganhou a mais para se preparar foi fundamental para o desempenho no duelo diante do Sport. O Palmeiras, embora tenha conquistado a virada a partir de dois escanteios, teve grande repertório ofensivo, bom volume de jogo e finalizou 36 vezes. O goleiro Mailson fez ao menos quatro grandes defesas e evitou uma goleada em São Paulo.

“Futebol moderno é isso: intensidade, futebol vertical, de jogar para frente, de chutar 36 vezes. Agora, para que isso aconteça, é preciso que se dê tempo para descansar a equipe. Foi o que aconteceu”, reforçou. “Jogamos com o Bahia e tivemos dois dias de descanso, depois o Bragantino e dois dias para o Ceará. Não sei quem são os inteligentes que organizam, e enquanto eu estiver aqui, como diria o Zagallo, vão ter que me engolir”, completou o treinador, fazendo alusão à famosa frase eternizada pelo ex-técnico brasileiro.

RECADO!

Comentários de parte da imprensa também suscitaram novas reclamações de Abel, desgostoso com quem diz que ele supostamente havia perdido o controle dos atletas, algo que ele garante não ter acontecido.

“Aqueles que dizem: ‘Professor perdeu o vestiário, professor perdeu não sei o que’. Sabe, quem treina com eles todos os dias, quem está com eles todos os dias, quem sofre com eles… Eu não grito com meus jogadores, não sou de grito. Gosto de falar com homens. Se eu sentir que perdi o grupo, sou o primeiro a ir embora. Se fiquei aqui é porque há trabalho para fazer, porque eles acreditam o que o treinador diz”, salientou.

A influência da torcida no estádio também foi determinante, o treinador avalia, para a vitória de virada em casa. Abel treinou apenas pela terceira vez o time em um jogo com a presença de torcedores no Allianz Parque e começou a se acostumar com o barulho, geralmente de apoio, vindo das arquibancadas. Seu nome foi um dos mais festejados antes da partida.

“Toda. Digo para a câmera, toda. Eu disse que essa torcida ganhava jogos, que ajuda o treinador. É um sossego para mim estar ali em campo porque já sei que meus jogadores vão entregar tudo. Diziam que era chata, a torcida do amendoim, que aquilo, que isso, mas até agora só tenho coisas boas para dizer. Agradecer, de coração, o apoio. No momento que sofremos o gol, apoiou. A torcida foi determinante para ganharmos o jogo. Eu tinha certeza que eles iam nos empurrar. Nos ajudou para darmos o nosso melhor para levarmos os três pontos, que era justo”, analisou.

UM ANO!

Abel completará no próximo sábado, dia 30, um ano de Palmeiras. Ele é o segundo técnico mais longe do futebol brasileiro. Só está atrás de Maurício Barbieri, comandante do Red Bull Bragantino desde setembro de 2020. A escolha do Palmeiras por ele e dele pelo clube foi acertada, na sua avaliação.

“Eu gosto de fazer o balanço só no final da temporada. O Palmeiras entrou no quadro daquilo que entendo que era o estágio normal de um treinador que tem ambição, ideia, sabe o que quer e onde quer chegar. Um treinador que para ganhar títulos só pode treinar clubes da dimensão do Palmeiras. Foi uma escolha acertada do clube e do treinador”, opinou. “E agora será um dia de cada vez, é assim que vivo a minha vida. No final faremos o balanço e decidiremos o que é melhor para todas as partes”.

Novo vice-líder do Brasileirão, o Palmeiras terá o restante da semana somente para descanso e treinos, algo raro no futebol brasileiro, como lembrou Abel. Sua equipe volta a campo domingo, às 16 horas, contra o Grêmio, em Porto Alegre. O duelo é válido pela 29ª rodada.

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