Abel Ferreira leva seis cartões para cada título conquistado pelo Palmeiras

Há dois anos e três meses no comando do time alviverde, o treinador português ostenta sete taças e recebeu 41 cartões, sendo 35 amarelos e seis vermelhos. Portanto, em média, ele leva seis cartões por título conquistado

O comportamento do técnico à beira do gramado passou a ser debatido com a mesma frequência em que seus atributos são enaltecidos

Paulistão - Palmeiras
Palmeiras sob impacto do título da Supercopa do Brasil. Foto: Greco - SEP

São Paulo, SP, 30 – Campeão da Supercopa do Brasil no último sábado, Abel Ferreira ergue troféus pelo Palmeiras quase que na mesma proporção em que é expulso pela arbitragem. Há dois anos e três meses no comando do time alviverde, o treinador português ostenta sete taças e recebeu 41 cartões, sendo 35 amarelos e seis vermelhos. Portanto, em média, ele leva seis cartões por título conquistado.

O comportamento do técnico à beira do gramado passou a ser debatido com a mesma frequência em que seus atributos são enaltecidos. É unânime a inteligência do português, capacidade de montar um Palmeiras extremamente vencedor e potencializar vários de seus atletas. Mas também tem sido debatido o temperamento do profissional.

Em agosto de 2021, Abel fez a promessa de que melhoraria sua postura com os juízes. “Eu vivo o futebol de forma intensa e apaixonada. Prometo que vou fazer um esforço para me portar cada vez melhor. Gosto de aprender e quero ser um melhor treinador todos os dias”, foi que disse à época.

O comportamento é reprovado pela própria mulher do treinador, segundo ele contou. Como castigo pela impulsividade à beira do gramado, ela impôs ao marido que, após cada expulsão, o técnico teria que vender um de seus carros. Ele é apaixonado por automobilismo. “Futebol é de emoções. Perde-se o controle e não pode perder o controle”, reconheceu o técnico em setembro do ano passado.

No entanto, ele continuou reclamando com intensidade de decisões dos árbitros e viu aumentar a quantidade de vezes em que é advertido. Até que em junho do ano passado, depois de um empate sem gols com o Atlético Mineiro pelo Brasileirão, afirmou em tom de desabafo que era perseguido por parte dos árbitros brasileiros.

“Sinto que sou perseguido pelos árbitros brasileiros. Especificamente por esse senhor”, havia dito. O “senhor” a que se referiu era Wilton Pereira Sampaio, o juiz contra o qual o treinador mais acumula protestos.

Era Sampaio o árbitro da partida com o Atlético no ano passado e foi Sampaio o dono do apito na Supercopa do Brasil que o Palmeiras conquistou ao derrotar o Flamengo por 4 a 3 no Mané Garrincha, em Brasília, no primeiro grande jogo da temporada.

O árbitro goiano, que pertence ao quadro da Fifa e apitou jogos da última Copa do Mundo no Catar, primeiro exibiu um amarelo para Abel por “atuar de maneira a mostrar desrespeito ao jogo”, segundo escreveu na súmula da partida. Depois, nos acréscimos do duelo, expulsou o comandante palmeirense por “protestar as decisões da arbitragem dando um soco no ar e chutando o microfone de captação de áudio”.

O que motivou a revolta de Abel no fim da partida foi a não marcação de um escanteio a favor do Palmeiras. “O treinador teve uma razão muito forte (para reclamar), porque não consigo entender o juiz principal, dois bandeirinhas e dois ao meu lado e ninguém viu que era canto”, questionou.

“Eu fui expulso por isso. Não disse nada ao árbitro. Como pode o melhor árbitro brasileiro não ver aquele lance? Nem ele, nem os assistentes”.

Abel já recebeu três cartões em cinco jogos em 2023, sendo dois amarelos e um vermelho. Em 2022, foi advertido 17 vezes. Em 2021, levou 14 cartões. Em 2020, foram sete.

Os auxiliares João Martins e Vitor Castanheira também foram expulsos por protestar contra a arbitragem na Supercopa. Os dois portugueses são os substitutos na ausência de Abel. Eles vão ter de cumprir suspensão na próxima partida do Palmeiras em um torneio organizado pela CBF. Isto é, desfalcarão o comando da equipe na estreia do Brasileirão ou da Copa do Brasil. As opções para substituí-los são os auxiliares Carlos Martinho e Andrey Lopes, o Cebola.

Abel comandou o Palmeiras em 185 jogos. São 107 vitórias, 44 empates e 34 derrotas. O Palmeiras não teve seu treinador em 20 ocasiões. Foi 18 vezes comandado por João Martins e duas por Vitor Castanheira. Martins registra 12 vitórias, cinco empates e uma derrota. Castanheira tem um empate e um revés.

TERCEIRO MAIOR CAMPEÃO

Ao levantar a sua sétima taça, Abel Ferreira alcançou a terceira colocação no ranking de treinadores com mais títulos pelo Palmeiras e a primeira entre os estrangeiros, ao lado de Ventura Cambon. Também se tornou o único técnico palmeirense a conquistar título de campeonato em quatro temporadas seguidas. Além disso, com a Supercopa do Brasil de 2023, o português igualou Felipão com mais finais disputadas pelo clube: dez cada.

O português conquistou duas Libertadores (2020 e 2021), Copa do Brasil (2020), Brasileirão (2022), Recopa Sul-Americana (2022), Paulistão (2022) e Supercopa do Brasil (2023). Com o resultado, o português deixa Luiz Felipe Scolari para trás.

AS EXPULSÕES DE ABEL FERREIRA:

Ceará x Palmeiras – Copa do Brasil 2020

Flamengo x Palmeiras – Supercopa do Brasil 2021

Atlético-MG x Palmeiras – Brasileirão 2021

Palmeiras x Athletico-PR – Recopa Sul-Americana 2022

Palmeiras x Santos – Brasileirão 2022

Palmeiras x Flamengo – Supercopa do Brasil 2023

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