ESPECIAL LIBERTADORES: Chape "vacila" e tri do Grêmio salva brasileiros
A edição de 2017 foi a que teve o maior número de times brazucas, mas a maioria deles ficaram aquém das expectativas
A edição de 2017 foi a que teve o maior número de times brazucas, mas a maioria deles ficaram aquém das expectativas
Campinas, SP, 31 (AFI) – Principal competição sul-americana, a Copa Libertadores teve um novo formato nesta temporada por causa de mudanças feitas pela Conmebol e durou praticamente 2017 inteiro. Os jogos ainda da fase eliminatória aconteceram a partir do dia 23 de janeiro e a grande final foi realizada no dia 29 de novembro. De quebra, foi a edição que teve mais representantes brasileiros.
Dos 32 times que foram para a fase de grupos, oito deles – ou 25% – eram brazucas. Até por isso, a decepção foi grande, principalmente para quem esperava uma final canarinha. O Grêmio fez a parte dele e conquistou o tricampeonato, livrando a barra por exemplo do Flamengo, que caiu ainda na primeira fase mesmo tendo um dos maiores investimentos. Palmeiras e Atlético-MG foram outros que caíram antes do que o esperado.
O que chamou a atenção na Copa Libertadores de 2017 foi a tecnologia. A Conmebol decidiu utilizar o árbitro de vídeo (VAR) a partir da semifinal e ele foi decisivo para a classificação do Lanús-ARG diante do River Plate-ARG. No segundo jogo da decisão, o árbitro Wildar Roldán validou um gol após consultar o VAR e assinalou um pênalti tambám com a ajuda da tecnologia na vitória histórica do time grená por 4 a 2.
A outra vez que a tecnologia movimentou a Libertadores foi no segundo jogo da final. Mas dessa vez nada de VAR. A ESPN publicou uma reportagem mostrando um homem a serviço do Grêmio utilizando um drone para acompanhar o treinamento fechado do Lanús-ARG, na Argentina. Essa tática teria sido usada nas fases anteriores também. Diretoria e comissão técnica do Tricolor não gostaram da matéria ter sido solta justamente nas vésperas da decisão, mas Renato Gaúcho ainda antes do jogo admitiu o uso do “espião”. Nada que tire o mérito da conquista do tricampeonato.
QUE BOBEADA, CHAPE!
Uma das grandes atrações do torneio era a Chapecoense, que conseguiu a vaga na Libertadores ao ser considerada campeã da Sul-Americana do ano passado após a tragédia na Colômbia. E era para o Verdão do Oeste ter ido mais longe logo em sua primeira participação, mas uma bobeada da diretoria.
Na penúltima rodada da fase de grupos, a Chapecoense havia vencido o Lanús-ARG, por 2 a 1, em plena Argentina. O resultado deixaria o Grupo 7 totalmente embolado. Verdão Oeste e o time argentino estavam empatados com sete pontos, enquanto o Nacional-URU tinha oito e o Zulia-VEN cinco. Assim, todos chegariam na última rodada com chances de classificação.
O que a Chapecoense não esperava é que o zagueiro Luiz Otávio acabou sendo utilizado de forma irregular na Argentina. A diretoria havia sido avisada momentos antes da bola rolar que o defensor só cumpriu um das três partidas de suspensão pela expulsão diante do Nacional-URU. O Verdão do Oeste, porém, afirmou que não foi informado oficialmente sobre a suspensão e bancou a escalação do jogador.
Poucos dias depois, a Conmebol anunciou a punição para a Chapecoense, que perdeu os três pontos da partida e, com apenas quatro, entrou em campo diante do Zulia-VEN já eliminada. No final, o Grupo 7 terminou com o Lanús-ARG na liderança, com 13, o Nacional-URU na vice-liderança, com oito, a Chape em terceira, com sete, e o Zulia-VEN na lanterna, com cinco. Ou seja, sem a punição, o Verdão do Oeste estaria classificado às oitavas de final.
BRASILEIROS DECEPCIONARAM
Além da Chapecoense, outro clube brasileiro que sequer passou da fase de grupos foi o Flamengo. E podemos chamar da grande decepção brazuca. Dono de um dos maiores investimentos do país no ano, tendo em seu elenco jogadores caros como Paolo Guerrero e Diego, o Mengão não conquistou sequer um empate longe do Rio de Janeiro e terminou na terceira colocação do Grupo 4, com nove pontos, atrás de San Lorenzo-ARG e Atlético-PR.
O Furacão, que entrou na segunda fase e passou por Millonarios-COL e Deportivo Capiatá-PAR até chegar na fase de grupos, encarou o Santos nas oitavas de final. O Peixe perdeu justamente quando não podia. Após passar como líder no Grupo 2, com 12 pontos, e eliminar o Atlético-PR nas oitavas com duas vitórias – 3 a 2 em Curitiba e 1 a 0 na Vila -, o time da Baixada Santista caiu nas quartas de final ao ser batido pelo Barcelona-EQU, por 1 a 0, em casa – no Equador, a partida empatou em 1 a 1.
Assim como o Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG eram apostas para irem longe na Libertadores devido ao alto investimento, mas ficaram logo nas oitavas de final. Na fase de grupos, os dois somaram 13 pontos e terminaram nas lideranças das suas chaves. A alegria acabou por aí. Assim como o Santos nas quartas, o Verdão foi eliminado pelo Barcelona-EQU nos pênaltis, em pleno Allianz Parque, após cada um fizer o dever de casa e ganhar por 1 a 0. Já o Galo caiu para o modesto Jorge Wilstermann-BOL – derrota na Bolívia por 1 a 0 e empate sem gols em Belo Horizonte.
O outro brasileiro até que foi mais longe do que muita gente esperava, principalmente após enfrentar times tradicionais nas fases preliminares – Colo Colo-CHI e Olimpia-PAR. Trata-se do Botafogo, que terminou como líder do Grupo 1 com dez pontos, na frente do Barcelona-EQU, responsável por eliminar Palmeiras e Santos. Nas oitavas, o Fogão passou pelo Nacional-URU, mas nas quartas encarou justamente o campeão da Libertadores, em mais um duelo brasileiro. Após o empate sem gols no Rio de Janeiro, o time comandado por Jair Ventura perdeu para o Grêmio, por 1 a 0, no Sul, e deu adeus.
“NÓS VAMOS ACABAR COM O PLANETA”
Como não poderia ser diferente, o campeão merece um capítulo a parte nessa Copa Libertadores. O futebol apresentado pelo Tricolor ao longo da temporada, liderado por Marcelo Grohe, Pedro Geromel, Artur e Luan, além do técnico Renato Gaúcho, foi, aos poucos, enchendo o torcedor de esperança, mas poucos ainda apostariam que o Imortal repetiria o feito de 1983 e 1995.
Após uma fase de grupos praticamente impecável – somou 13 pontos e foi o líder do Grupo 8 -, o Grêmio passou pelo Godoy Cruz-ARG nas oitavas de final com duas vitórias – 1 a 0 na Argentina e 2 a 1 em Porto Alegre – e nas quartas teve o duelo brasileiro contra o Botafogo, como já contado um pouco acima.
Foi aí que na semifinal o Grêmio encontrou o algoz dos brasileiros nesta Libertadores. A classificação para a final, porém, veio mais fácil do que muitos imaginavam. No Equador, o Imortal aplicou 3 a 0 com uma atuação impecável de Luan e Marcelo Grohe. Em Porto Alegre só foi administrar, tanto que o Tricolor se deu ao luxo de perder por 1 a 0 diante dos seus torcedores.
Com a classificação para a final, viralizou nas redes sociais a frase “Nós vamos acabar com o planeta”, em caso de título gremista. E o clube também adotou isso. Pela frente, o Tricolor tinha um animado Lanus-ARG, que havia passado de forma heroica pelo poderoso River Plate-ARG na semifinal. No jogo de ida, em Porto Alegre, um jogo complicado, onde brilhou Marcelo Grohe e, principalmente, Renato Gaúcho. O único gol do jogo foi marcado por Cícero após passe de Jael. Ambos saíram do banco de reservas.
Eis que chega o dia da grande final. O Estádio La Fortaleza estava lotado, mas com um primeiro tempo impecável o Grêmio praticamente colocou as duas mãos na taça e fez a alegria dos cerca de quatro mil torcedores que foram até a Argentina. Fernandinho e Luan, com um golaço, colocaram o Tricolor em vantagem. Mas o grande desta foi Artur, que, mesmo saindo no intervalo, recebeu o prêmio de melhor jogador da final. Nos minutos finais do segundo tempo, o Lanus-ARG diminuiu, mas a vitória por 2 a 1 deu o tricampeonato ao time comandado por Renato Gaúcho, que já havia conquistado a Libertadores pelo Grêmio como jogador em 1983.