Deem um ‘matador’ para Mano, para que o Cruzeiro possa brigar pelo título

​Vem aí o jogo Palmeiras x Cruzeiro

Deem um ‘matador’ para Mano, para que o Cruzeiro possa brigar pelo título

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Treinador Mano Menezes, um estudioso do futebol, poderia sussurrar no ouvido de dirigentes de seu Cruzeiro frase imortalizada pelo saudoso e folclórico treinador Gentil Cardoso aos cartolas do Fluminense em 1946, quando bradou: ‘Deem-me Ademir que eu lhes darei o título’.

Pois deram-lhe o goleador Ademir de Menezes, o Queixada, e a promessa foi cumprida naquele Campeonato Carioca.

Queixada morreu em maio de 1996, e cravou seu nome na história do futebol nas décadas de 40 e 50.

Mano, com o mesmo sobrenome e nenhum grau de parentesco, não prometeria título, mas provavelmente convenceria os dirigentes da possibilidade de o time entrar seriamente na disputa neste Campeonato Brasileiro.

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COMPETITIVO

Taticamente o Cruzeiro é o espelho do futebol competitivo e organizado no país, mas carece do finalizador. Apesar disso, venceu o Palmeiras por 1 a 0, na noite desta quarta-feira, no Estádio do Mineirão.

O atacante Sassá até procura fazer o ‘facão’ de uma extremidade a outra do campo, mas nem de longe lembra consagrados centroavantes cruzeirenses.

O meia-atacante Thiago Neves já ressente o passar dos anos e a mobilidade em nada lembra os bons tempos de Fluminense.

Logo, o Cruzeiro ronda a área adversária porque Mano implantou a chamada marcação alta na saída de bola do adversário – visando roubá-la e surpreendê-lo -, assim como sabe fazer o seu time dosar quando não encontra brechas para penetração. Aí roda a bola e se poupa para gastar energia na recomposição.

SÓBIS

Mano conseguiu fazer um atacante que raramente voltava aquém do meio de campo, como Rafael Sóbis, um homem de beirada que se transforma, por vezes, num segundo lateral-esquerdo.

Mantou um time com volante leves, o que permite rápida saída de bola, quando a situação permite. Trabalhou os seus laterais para que alternadamente preencham a ofensiva, E aquele que não acompanha a jogada, se resguarda ao fechar por dentro, com determinação de matar o contra-ataque adversário.

Como o time se adequou ao estilo compacto proposto pelo treinador, naturalmente ganha a maioria dos rebotes, a chamada segunda bola.

Aí, recomeça as jogadas e se encoraja em atacar com número elevado de jogadores.

GOL

No lance do gol da vitória de Rafael Sóbis, o Cruzeiro tinha quatro jogadores entre as proximidades e dentro da área palmeirense, além do lateral-direito Edílson que foi ao fundo de campo para se oferecer como opção.

E quando a vitória seguramente estava consolidada, Mano soube dar mais sustentação ao meio de campo, com a entrada do volante Bruno Silva no lugar de Thiago Neves.

Portanto, pelo repertório demostrado pelo Cruzeiro, tem-se que admitir que Mano atravessa uma das melhores fases em sua carreira

Treinadorzada por aí que recorre às desculpas esfarrapadas, deveria conferir vídeos de jogos do Cruzeiro para observar que, sem jogadores de primeira linhagem, é possível praticar elogiável organização em campo.

ROGER

O mesmo não se aplica ao treinador Roger, do Palmeiras, que até ajusta adequadamente a sua equipe no plano defensivo, mas se embaraça diante de um adversário que coloca em prática forte pegada, como o Cruzeiro.

O principal acerto de Roger foi posicionar o atacante Dudu como meia organizador, na tarefa de condutor de bola em velocidade durante o primeiro tempo.

Além da eficiente marcação do Cruzeiro, faltou parceria para Dudu no time palmeirense.

Com o atacante Keno disperso, meia Edu Lima andando em campo, e laterais ‘presos’, a tendência natural seria o time sucumbir.

Pior ainda, no segundo tempo, quando, por implicância, Roger sacou Dudu, provavelmente com justificativa de que não ajudou na recomposição, por ocasião do gol cruzeirense.