Oliveira Júnior: de empresário bem sucedido no futebol ao fracasso no mundo político
Empresário elevou patamar de Roberto Carlos, comandou carreira de dezenas de jogadores e ganhou milhões com o futebol
Empresário elevou patamar de Roberto Carlos, comandou carreira de dezenas de jogadores e ganhou milhões com o futebol
Campinas, SP, 26 (AFI) – De um simples plantão esportivo do interior de São Paulo ao mundo top do futebol mundial. Este foi o caminho de ascensão de Oliveira Júnior, ex-agente de Roberto Carlos, e que na terça-feira acabou preso no interior da Paraíba. Reconhecido como agente pela Fifa, sempre elogiado por sua atuação à frente do Ituano por sete anos e pelas conquistas que conseguiu no Galo de Itu, até a sua queda após o envolvimento com o mundo político.
Menino pobre, sem estudo – não tem nem ensino médio completo – o sucesso no futebol o impulsionou à política. Eleito vice-prefeito de Itu em 2004, logo se desentendeu com Herculano Passos, então prefeito, e que administrou a cidade em dois mandatos até 2012. Em 2014, Passos se elegeu deputado federal, e agora é candidato à reeleição pelo PMDB.
VICE-PREFEITO E CANDIDATO
À CÂMARA FEDERAL
Em 2006, Oliveira Júnior se candidatou a deputado federal pelo PSD (Partido Social Cristão).
Na época declarou à justiça eleitoral possuir bens no valor de quase quatro milhões e meio de reais – R$ 4.499.916,71. Era um milionário. Conseguiu 47.755 votos, porém, não foi eleito. Ficou na suplência.
Desgastado na política e fora do comando do futebol do Ituano ele tentou recomeçar a vida em Ribeirão Preto (SP).
Eleito vereador em 2008, acabou cassado em 2011 por falta de decoro parlamentar. Teria falsificado a folha de ponto da Câmara Municipal.
No dia 31 de janeiro de 2018, o ex-vereador também foi condenado na cidade por falsidade ideológica. Era considerado por seus adversários políticos como arrogante e prepotente.
A PRISÃO NA PARAÍBA
Élio Aparecido de Oliveira foi preso na noite de terça-feira na pequena cidade de Cubati, com menos de oito mil habitantes, e que fica distante 230 quilômetros da capital da Paraíba, João Pessoa. O coronel Afonso Galvão, do 9.º Batalhão, explicou que Oliveira chamou a atenção de moradores por atitudes suspeitas, o que levou uma averiguação da Polícia Militar.
Abordado pela manhã por uma equipe de policiais o suspeito apresentou um documento falso com o nome de José Djalma Santos Dias. Acabou liberado porque a documentação estava aparentemente regular.
Novas investigações da Polícia Civil descobriram a verdadeira identidade daquele estranho e que chamava a atenção na cidade. Era um foragido do interior de São Paulo. Os policiais voltaram à casa no bairro Conjunto Novo e esperaram a sua chegada, perto das 18 horas, quando teve a ordem de prisão decretada.
PROCEDIMENTOS LEGAIS
Pedro Ivo Soares, delegado seccional da 13.ª Delegacia Distrital, encaminhou Oliveira Júnior para a Delegacia de Picui, cidade vizinha e com quase 20 mil habitantes. Lá também foi autuado pelo crime de falsidade ideológica pelo delegado de plantão, Fernando Zocolla.
Nesta quarta-feira vai passar por uma audiência de custódia, que é um ato do direito processual penal onde o acusado por um crime, preso em flagrante, tem direito a ser ouvido por um juiz, de forma a que este avalie eventuais ilegalidades em sua prisão.
Em seguida, o ex-empresário e ex-político, vai ficar à disposição da justiça. É provável que seja transferido, ainda nesta semana, para a cidade de Itu, no interior paulista. Flávio Markman é seu advogado, mas não quis se pronunciar sobre o caso. Alegou que, inicialmente, tomará pé de todas as acusações para depois falar a respeito.
O CRIME EM 2006
Oliveira Junior foi considerado o mandante da morte do advogado Humberto da Silva Monteiro, que levou dois tiros na cabeça. Ele estava no banco de passageiro de uma caminhonete quando foi abordado por duas pessoas numa motocicleta. O veículo era dirigido pelo radialista Josué Dantas Filho, funcionário da prefeitura, que também foi alvejado pelos criminosos, porém, escapou ileso.
Dois seguranças de Oliveira júnior foram condenados e já cumpriram pena. Luis Antônio Roque, conhecido como Tonhão, e Nicéas Brito, um ex-policial militar. Os dois motoqueiros também foram acusados: Tiago Martins Bandeira e Eduardo Aparecido Crepaldi.
Só foi inocentado o ex-chefe da Torcida Jovem do Ituano, José Roberto Trabachini, que foi preso sob a acusação de ter contratado os criminosos.