O que um curso na CBF pode acrescentar a treinadores?

Ainda são impostas as condições a quem pretende uma licença

O que um curso na CBF pode acrescentar a treinadores?

Com pretexto de que treinador de futebol depende do processo de reciclagem e aprendizado contínuo, a CBF programou curso para expedir licença, com reconhecimento em todo território nacional.

Custa caro esse negócio que programaram aos candidatos, no Rio de Janeiro. A variação pode atingir até R$ 40 mil, e o profissional se submete às aulas em pleno gozo de férias, neste período de recesso de competições.

Cá pra nós: o que um profissional da competência de Mano Menezes, por exemplo, vai aprender lá?

Se há sete anos o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, se questiona por que essa obrigatoriedade de licença a postulante ou a quem já exerce o cargo de treinador?

CILINHO

Imaginem se um profissional da capacidade do então treinador Cilinho tivesse que escutar – de quem quer que seja – os dez mandamentos da profissão, em Teresópolis?

Tal qual a prática do jornalismo, o exercício da profissão de treinador é questão vocacional. Ou nasceu pro troço, ou cai fora, até porque é natural o mecanismo de controle de contratações do profissional no ramo.

E a CBF ainda impõe requisitos para aceitação dos candidatos ao citado curso: profissional de educação física, ex-atleta, trabalho em escolinha de futebol e que esteja atrelado às categorias de base.

STF

Apesar das particularidades de domínio da língua portuguesa, aceitável nível de conhecimentos gerais, perspicácia para elaboração de reportagens e técnica para se condensar o material apurado, jornalistas tiveram que engolir ministros do STF interpretarem que graduados em nível superior podem estar apto para trabalho em veículos de comunicação, já que a obrigatoriedade do diploma foi tida como incompatível à Constituição Federal.

Ora, se o jornalismo com toda a sua complexidade não depende de profissional específico, por que colocam toda essa frescura para o exercício do cargo de treinador?

LEITURA DE JOGO

Não seria um curso promovido pela CBF que aumentaria a capacidade de observação de um treinador, para apurada leitura de jogo. Algumas aulas a mais não vão condicioná-lo a adotar procedimentos para modificar situações no transcorrer de partidas.

Pode, é claro, melhorar a capacidade de comunicação, espírito de liderança e gerenciamento de grupo. Todavia, o primordial é nato da pessoa: discernimento sobre as melhores alternativas para o sucesso do trabalho.

Cabe esclarecer que não sou corporativista e não comungo da tese da obrigatoriedade de profissional diplomado como jornalista, embora tenha graduação desde a década de 70.

Exatamente por isso, na minha santa ignorância, questiono sobre a validade do citado curso para treinadores.