De certo, hoje Guarani e Ponte impediriam atleta atuar com o apelido de Preto
Na prática crime ou injúria racial passou a entrar na pauta de tribunais com mais frequência a partir da última década.
De certo, hoje Guarani e Ponte impediriam atleta atuar com o apelido de Preto
Compositor e apaixonado torcedor do América (RJ), Lamartine Babo compôs o hino de seu clube e dos principais daquele Estado em 1949. Como produtor de marchinhas de Carnaval, imortalizou a música ‘O Teu Cabelo Não Nega’, gravada em 1932, na letra de ‘o teu cabelo não nega, mulata; porque és mulata na cor. Mas como a cor não pega, mulata; mulata eu quero o teu amor’.
Há quem diga que Lamartine já teria contribuído à época para o debate sobre racismo, mas na prática crime ou injúria racial passou a entrar na pauta de tribunais com mais frequência a partir da última década.
Dois exemplos na Bahia reproduzem aquilo que é registrado cotidianamente no país. Em Salvador, mulher foi acusada de injúria racial contra médico negro do Samu. Em Feira de Santana (BA), homem foi detido por chamar frentista de ‘preto’, durante briga.
ZAGUEIRO PRETO
Diante do cenário, tivesse sido revelado para o futebol apenas agora, jamais admitiriam o apelido Preto para o zagueiro maranhense Marco Antonio Costa, revelado na Copa do São Paulo pelo Juventus, mas com carreira nos primeiros cinco anos vinculado ao Santos.
Foi o saudoso treinador Giba quem o lançou na equipe santista em Campinas, contra o Guarani, no mês de maio de 2000, convicto em aposta certeira.
Preto sabia ‘colar’ no atacante adversário para tirar-lhe o espaço. Assim, juntou-se à garotada formada no clube – como meia Diego e atacante Robinho -, para sagrar-se campeão brasileiro de 2002.
Na sequência, grave contusão no tornozelo implicou em quatro cirurgias para correção e, quando recuperado, perdeu espaço no time, transferindo-se ao Guarani em 2005.
SUBIU A AVENIDA
No elenco bugrino, Pedro não conseguiu se firmar como titular.
Foi aí que o então homem forte do futebol da Ponte Preta, Marco Eberlin, ousou contratá-lo oito meses depois da chegada à cidade, e assim aos poucos ele foi readquirindo confiança, ganhando espaço e até participando de dérbi neste time comandado pelo saudoso treinador Oswaldo Alvarez: Jean; Luciano Baiano, Preto, Rafael Santos e Paulo Rodrigues; André Silva, Carlinhos, Elson e Danilo Sacramento; Almir e Luís Mário.
Preto confessou que no América Mineiro pôde finalmente reviver os bons momentos de início de carreira quando, por vezes, o treinador Émerson Leão o improvisava como volante, embora sempre tivesse preferência pela zaga.