Yuri Alberto sobe degraus e vira ídolo do Corinthians após título do Paulistão
Yuri Alberto viveu altos e baixos no Corinthians até o título do Paulistão
Yuri Alberto marcou o gol da vitória no jogo de ida no Allianz Parque

São Paulo, SP, 28 – Yuri Alberto chegou a virar piada nas redes sociais quando viveu seus piores momentos no Corinthians. Gols perdidos, erros de domínio, dificuldade para fazer o pivô. O jogador de 24 anos não se encontrava como centroavante. Depois que parou de jogar de costas para o gol e passou a formar uma dupla de ataque com Memphis Depay sob o comando de Ramón Díaz, retomou a confiança a ponto de se tornar o “protagonista que o Time do Povo precisa”, como disse o narrador Paulo Andrade.
Na conquista do título do Paulistão, alcançada nesta quinta-feira diante do Palmeiras, ele foi um dos protagonistas, até porque marcou o gol da vitória por 1 a 0 no Allianz Parque. Com a vontade demonstrada dentro de campo e a identificação construída junto à torcida corintiana, sobe degraus agora que é campeão pelo clube e entra no panteão dos ídolos do time do Parque São Jorge.
A princípio, o contrato era de empréstimo, mas as boas atuações fizeram a diretoria comprar o atacante junto ao clube da Rússia, em negociação que gerou desconfiança na época. Para concretizar o negócio e assinar com Yuri até 2027, a diretoria, então comandada por Duílio Monteiro Alves, cedeu o promissor zagueiro Robert Renan e o volante Du Queiroz ao Zenit, além de dar aos russos a preferência na compra da promessa Pedro, o que mais tarde se concretizou.
Em 2023, sua primeira temporada completa pelo clube, Yuri Alberto teve de lidar com muitas críticas, pois não conseguiu mostrar o futebol esperado após ser adquirido de forma definitiva. Participou de 24 gols, com 15 bolas na rede e nove assistências em 64 jogos, mas os gols perdidos foram mais lembrados ao fim da temporada, na qual o time terminou no modesto 13º lugar do Brasileirão.
O atacante começou 2024 questionado pela torcida e sendo chamado de “burro” pelo então treinador Mano Menezes, em episódio que o incomodou bastante. Entre uma temporada e outra, viveu um jejum de dez jogos sem marcar, quebrado no dia 12 de fevereiro, quando marcou o gol da vitória corintiana sobre a Portuguesa, no Paulistão, e desabafou: “Foram momentos difíceis que passei, de muita perseguição e humilhação”, comentou na ocasião.
Além dos companheiros ao seu lado e a percepção de Ramón Díaz, o atacante se reconstruiu a partir do apoio psicológico profissional que optou por buscar para lidar com a falta de confiança. Sob os cuidados da psicóloga Rosana Costa, que atende outros jogadores, como Raphael Veiga, Yuri melhorou em campo e passou a falar bastante sobre a importância de atletas cuidarem da saúde mental, tema que é historicamente negligenciado no meio do futebol.
“Essas grandes conquistas emocionais dos atletas favorecem para mudar esse cenário, mas a gente precisa de mais atletas falando, mais atletas se transformando emocionalmente e levantando a bandeira para vencer o preconceito”, disse Rosana Costa em entrevista recente ao Estadão.
“Geralmente eles chegam infelizes por não estar tendo uma boa performance, e aí você vai olhar, eles já perderam a característica de jogo porque tinham uma característica que se destacou ali na base, mas chega no profissional e tem de se adequar ao treinador. Aí vem um treinador, vêm dois, vêm três, vêm quatro, e ela fica sempre tentando se adequar a cada treinador. Quem sou eu? O que eu gosto de fazer? Quais são as minhas potencialidades? Isso é uma coisa para se refletir.”
Yuri Alberto encerrou 2024 como artilheiro do Brasil, com 31 gols em 57 jogos, além de sete assistências, e manteve a boa fase em 2025. Decisivo, marcou em clássicos com Santos e Palmeiras, e só não fez o São Paulo de vítima.
Bruno Accorsi