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ARIOVALDO IZAC

Futebol brasileiro precisa mudar conceitos técnicos-táticos

É preciso mudança de conceito. Não se imaginar que apenas dribles de Vini Júnior ou Rafinha sejam o caminho para desmontar defesas adversárias.

Que faltou leitura de jogo adequada a Dorival Júnior, ao escalar apenas dois volantes, num formato parecido com 4-2-4, é um fato inconteste.

Eliminatórias - 2025
Rodrygo não teve espaço. Foto: Rafael Ribeiro - CBF

Por ARIOVALDO IZAC


Campinas, SP, 26 (AFI) – Como a mídia nacional pegou pesado contra o treinador Dorival Júnior, após a goleada que a Seleção Brasileira sofreu para a Argentina por 4 a 1, o reeleito presidente da CRB, Ednaldo Rodrigues, o convocou para uma reunião na sexta-feira.

Demissão à vista?

É possível.

Resolve?

Que faltou leitura de jogo adequada a Dorival Júnior, ao escalar apenas dois volantes, num formato parecido com 4-2-4, é fato inconteste.

Jamais se poderia imaginar que eventuais recomposições através de Rafinha, Rodrigo e Vini Júnior seriam suficientes. Ora, não são jogadores aptos ao desarme, como se exige quando se enfrenta a poderosa Argentina.

Eliminatórias - 2025
Raphinha foi perseguido no Monumental. Foto: Rafael Ribeiro – CBF

DRIBLE E DRIBLE

Mas a coisa vai além disso.

Driblador, que abusa de prender a bola, como Vini Júnior, acaba apagado se fortemente vigiado.

Sim, o drible foi recurso cabível no passado, entretanto hoje ele precisa ser necessariamente conjugado com o passe, assim como a inteligência para definição da melhor alternativa.

O drible é sempre bem-vindo quando aplicado pelo meia Almada, da Seleção Argentina, que faz uso dele para clarear a jogada.

De posse de bola, ele está ‘antenado’, na maioria das vezes, para sequência da jogada, que pode ser a individualidade, assim como o passes, na busca de facilitar infiltrações na defesa adversária.

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Matheus Cunha fez gol de honra do Brasil. Foto: Rafael Ribeiro – CBF

NOVO MODELO

Escrevi, no texto do jogo de terça-feira, que o estilo que a Argentina coloca em prática em seus jogos deve ser copiado por quem busca um melhor rendimento.

Enquanto a boleirada brasileira ‘penteia’ a bola mesmo desmarcada, dando dois e até toques nela desnecessariamente, o boleiro argentino já reflete sobre o destino a ser dado para ela antes mesmo de receber o passe.

Isso provoca uma dinâmica coletiva, acertos de passes visando na maioria das vezes o atleta desmarcado, e assim é encontrado o espaço para penetração.

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Argentina tocou a bola de primeira com facilidade. Foto: Reprodução Conmebol

TREINADOR E CONCEITO

Então, a discussão não se restringe se esse ou aquele treinador terá mais capacidade que Dorival Júnior no comando do selecionado.

Há quem defenda a chegada de um treinador estrangeiro, como se num passe de mágica pudesse mudar a conceituação ora colocada no futebol brasileiro.

É preciso mudança de conceito. Não se imaginar que apenas dribles de Vini Júnior ou Rafinha sejam o caminho para desmontar defesas adversárias.

Espera-se que boleiros brasileiros, em geral, comecem a colocar em prática o imortal bordão sobre ‘a bola já não está comigo’.

Não está porque foi pensado antes sobre o que fazer com ela.

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