ESPECIAL COPA PAULISTA: Monte Azul faz história e conquista título inédito

Neste material especial, o Portal Futebol Interior conta para você a trajetória completa do grande campeão da Copa Paulista de 2024!

O dia 12 de outubro de 2024 ficará eternizado na história do Monte Azul

Monte Azul
Monte Azul celebra o título da Copa Paulista. (Foto: Rodrigo Corsi/Ag. Paulistão)

Por Filipe Saochuk

Monte Azul Paulista, SP, 25 (AFI) – O dia 12 de outubro de 2024 ficará eternizado na história do Monte Azul. Pela primeira vez em 104 anos de história, o Azulão foi campeão da Copa Paulista ao bater a Votuporanguense em uma decisão eletrizante e, de quebra, conquistou a vaga para a Série D do Brasileirão de 2025, nesta que será a primeira competição nacional da instituição.

O título do AMA foi digno de filme para a população da pequena cidade de Monte Azul Paulista e, neste material especial, o Portal Futebol Interior conta para você a trajetória completa do grande campeão da Copa Paulista de 2024. Aproveite e relembre esta grande história!


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ANTES DAS LÁGRIMAS DE ALEGRIA, VIERAM AS DE TRISTEZA

Se dissessem ao torcedor do Azulão em março que 2024 terminaria como um dos anos mais especiais da história do clube, o mesmo diria que esta seria uma grande mentira. Afinal, antes de levantar a taça da Copa Paulista, o Monte Azul sofreu o rebaixamento no campeonato estadual.

Disputando a Série A2 do Paulistão, o AMA fez uma péssima campanha e terminou a competição na vice-lanterna, à frente apenas do Comercial. Com apenas 11 pontos somados, o descenso para a Série A3 estava confirmado, e as expectativas do torcedor, praticamente extintas.

Este foi a primeira temporada do clube como SAF, sendo comandado por nomes conhecidos do futebol como Emerson Sheik, Neymar Pai e João Celso de Morais.

Precisando recomeçar do zero, o elenco foi totalmente reformulado para a disputa da Copa Paulista, e o escolhido para assumir o comando técnico da equipe foi o experiente Silvinho Canuto.

Com muitas mudanças, o Monte Azul estava prestes a dar início a uma das histórias mais importantes de sua trajetória centenária.

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Elenco do Azulão na Série A2 do Paulistão. (Foto: Divulgação/AMA)

E COMEÇA A COPA PAULISTA

Na primeira fase, o AMA esteve ao lado de Comercial, Barretos, Francana, e Botafogo-SP no Grupo 2. Presente em uma chave repleta de equipes tradicionais, o ‘novo Azulão’ precisaria se provar para avançar de fase após um Paulistão tão decepcionante. E da água para o vinho, a temporada do clube se transformou.

Com a melhor campanha geral empatado com XV de Jaú e Taquaritinga, o Azulão foi o líder da chave com 19 pontos, seis vitórias, um empate e apenas uma derrota.

Nas oitavas o adversário foi o Vocem, e a classificação veio com autoridade. Vitórias por 1 a 0 na ida e na volta garantiram vaga na fase seguinte. Contra o Comercial, empate sem gols em Ribeirão Preto, e vitória por 1 a 0 em casa para chegar à semifinal, onde o adversário seria o União São João.

Contra o Verdão de Araras, mais um empate por 0 a 0 no duelo de ida fora de casa. Até que na volta, o Monte Azul venceu por 2 a 1 e carimbou seu lugar na final da Copa Paulista pela primeira vez.

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Jogadores do Monte Azul contra o União São João. (Foto: Jota Arnaldo/RP FOTOPRESS)

POLÊMICA TROCA DE TREINADOR EM MEIO AO MATA-MATA

Depois de levar o time à melhor campanha da fase de grupos e classificar o Azulão às quartas de final, o técnico Silvio Canuto foi demitido pelo clube entre os duelos contra o Comercial. A decisão gerou revolta na torcida, que cobrou explicações da SAF.

Segundo Silvinho, com exclusividade ao Futebol Interior, atritos com a diretoria e divergências sobre o modelo de jogo foram fatores que culminaram na decisão. Com a repentina demissão, a diretoria azulina decidiu apostar em um nome bem mais novo, que até outro dia, estava dentro das quatro linhas.

Ex-jogador de Guarani e Ponte Preta, Alemão, de 35 anos foi o escolhido pela diretoria para levar o clube ao sonhado título da Copa Paulista. Este seria o primeiro trabalho do treinador à frente de uma equipe profissional.

Como jogador, o atacante trilhou uma longa carreira. Revelado pelas categorias de base do Santos, passou também pelos juniores de times da Itália como Udinese e Vicenza Calcio. De volta ao Brasil, jogou por Ponte Preta, Portuguesa, Botafogo-SP, Paraná, Ituano, entre outros, além de defender o Cruz Azul-MEX, Eindhoven-HOL e Busan Ipark-COR.

Em 2020, vestiu a camisa do Guarani por 13 jogos no Campeonato Paulista, mas não chegou a balançar as redes pelo Bugre. Seu último ato como atleta profissional foi no Maringá em 2023, clube que criou forte identificação, segundo o próprio. Entre Paranaense, Copa do Brasil e Série D, Alemão disputou 22 partidas pelo Dogão e marcou cinco gols.

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Alemão, técnico do Monte Azul. (Foto: Divulgação/Arquivo do treinador)

VOTUPORANGUENSE SAI NA FRENTE NA DECISÃO

Superando adversários tradicionais e bastidores agitados ao longo da competição, o Monte Azul estava na grande final pela primeira vez, e o adversário era a Votuporanguense. A Pantera foi campeã da Copa Paulista em 2018, batendo a Ferroviária na decisão.

A partida de ida foi disputada na Arena Plínio Marin, casa do CAV. Em um jogo tenso, típico de uma final de campeonato, as equipes começaram se estudando, sem conseguir criar grandes oportunidades nos minutos iniciais.

Porém, conforme o relógio foi passando, os jogadores foram se soltando, e as chances começaram a aparecer. Debaixo de muito sol em Votuporanga, ambos os lados poderiam ter aberto o placar no primeiro tempo, mas o cansaço começou a ser um fator e o marcador permaneceu zerado.

Na volta do intervalo, o duelo continuou aberto e imprevisível, com Monte Azul e Votuporanguense acertando bolas na trave. Porém, aos 35 minutos, um lance definiu a primeira partida. Dentro de sua própria área, o já amarelado Matheus Santana aplicou um carrinho imprudente em Vinícius Baracioli. A princípio, a arbitragem deixou seguir, mas após revisão do VAR, pênalti assinalado para o CAV e Santana expulso ao levar o segundo amarelo no jogo.

Wendel Júnior foi para a cobrança e incendiou as arquibancadas. Chutando de perna esquerda, o goleiro Zanella chegou a tocar na bola, que ainda bateu na trave antes de entrar. Pelo placar mínimo, 1 a 0, a Votuporanguense fez valer o fator casa e venceu a partida de ida.

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Jogadores do CAV celebram gol na final. (Foto: Andrey Queiroz/RP Fotopress)

NA RAÇA E NA EMOÇÃO, O MONTE AZUL SAGROU-SE CAMPEÃO

Precisando reverter o placar do primeiro confronto, o Azulão teria que superar mais um problema. A Arena PixBet, casa do AMA, foi vetada pela Federação Paulista de Futebol (FPF) devido às más condições do gramado. Desta forma, o jogo foi transferido para o estádio José Maria de Campos Maia, o Maião, em Mirassol.

Para o embate derradeiro, o técnico Alemão mandou o Monte Azul à campo com a seguinte escalação: Zanella; Caio Felipe, Thiago Silva, Keven e Pedro; Pingo, Vinicios, Vitinho e Pedrinho; Gui Sales e Wanderson.

Apesar de ter a vantagem do empate, foi a Votuporanguense que começou melhor, criando boas chances com Wendel e Vinicius Bala. Porém, logo em sua primeira chegada, o Azulão foi fatal.

Aos 32 minutos, Pedrinho chutou, João Paulo defendeu, e no rebote, o artilheiro Vitinho mandou para o fundo do gol, abrindo o placar para o Monte Azul.

Na volta do intervalo, o jogo permaneceu tenso e intenso, afinal, os dois lados sabiam que um erro poderia ser fatal. Mas nos minutos finais, a Votuporanguense se lançou ao ataque e quase definiu o campeão aos 47, quando Wendel Júnior recebeu a bola na área após um bate e rebate e mandou para o gol, mas Zanella fez um milagre e levou a decisão para os pênaltis.

Nas penalidades, Brandão, Mateus e Wesley fizeram as primeiras para o Monte Azul, enquanto Wendel Silva e Gabriel Moysés perderam para a Votuporanguense.

O jovem Pedrinho, camisa 10 do azulão de apenas 21 anos, pegou a bola para bater aquele que poderia ser a última cobrança da disputa. Se fizesse, acabava. E ele fez. Pedrinho chutou no canto esquerdo do goleiro João Paulo e converteu.

Um gol que entrou para a história da cidade de Monte Azul Paulista e do clube que representa seus pouco mais de 18 mil habitantes. Na raça e na emoção, o Azulão conquistou a primeira Copa Paulista de sua história.

O gol de Pedrinho que deu o título da Copa Paulista ao Monte Azul. (Créditos: Canal Paulistão/YouTube)

MONTE AZUL JOGARÁ A SÉRIE D EM 2025

Além de levantar a taça inédita, o Monte Azul ganhou o direito de decidir seu futuro para 2025, escolhendo entre uma vaga na Série D do Brasileirão ou na Copa do Brasil. Dias depois da final, ainda em meio à festa do título, o Azulão oficializou a sua decisão: jogará a Série D na próxima temporada.

Com 104 anos de vida, esta será a primeira vez que o clube jogará uma competição nacional.

Segundo o presidente da associação, Marcelo Cardoso, a preferência pelo campeonato brasileiro se deve à oportunidade de ter um calendário mais extenso, reforçando o projeto à longo prazo do Monte Azul, mesmo que a Copa do Brasil fosse mais vantajosa no aspecto financeiro.

Desta forma, a vaga na Copa ficou com a Votuporanguense.

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Alemão com a taça da Copa Paulista. (Foto: Rodrigo Corsi/Ag. Paulistão)

OS HERÓIS DA CONQUISTA CONVERSARAM COM O FI

Um dos destaques da campanha e do título, Pedrinho não conteve a emoção ao falar sobre o que aconteceu naquele 12 de outubro de 2024. O jogador afirmou que todos que fazem o clube acontecer, mereciam este momento.

“A sensação é inexplicável, a ficha ainda não caiu. Às vezes eu fico pensando, e quando lembro já dá aquela vontade de chorar. Mas é uma satisfação enorme poder dar esse título para o clube, para minha família, para a torcida, para toda a diretoria, porque todos ali mereciam isso. Só tenho que dar Glória a Deus por tudo que aconteceu”, afirmou Pedrinho.

O roteiro não poderia ter sido mais emocionante para o Monte Azul. Vitória no jogo de volta depois de perder a ida, decisão por pênaltis, e a explosão incomparável ao poder gritar “É campeão”. Comandante do vencedor da Copa Paulista, Alemão descreveu a sensação da conquista.

“A sensação é a melhor possível. Uma felicidade muito grande poder ter conquistado esse título tão importante para a história do clube. Não é uma competição fácil, com vários times querendo essa mesma façanha, mas nós conseguimos. Então, é uma sensação indescritível ter sido campeão da Copa Paulista”, contou Alemão.

Um clube de futebol não é formado apenas por jogadores, técnicos e dirigentes, mas também pela sua torcida. Rafael Carvalho, o Nan, é um dos torcedores mais ilustres do Monte Azul, com uma vida inteira dedicada às cores azul e branca. Depois de tantos momentos de tristeza, Rafael celebrou esta nova era do futebol na cidade.

“Vivemos dias difíceis no começo do ano, muita gente contra. O meu medo, particularmente, era que a SAF nos abandonasse e deixasse o Marcelo Cardoso na mão, mas a SAF mostrou o quanto é séria e continuou o trabalho. Logo, foi presenteada com um título e uma vaga em uma competição nacional. Eles foram sérios, mas a camisa aqui ajudou. Como eu sempre digo a todos, a cidade é pequena, mas o clube é gigante!”, celebrou Rafael.

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Rafael Carvalho, torcedor do Monte Azul. (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)