Nova capital do futebol? Por que Brasília recebe Vasco x Palmeiras e São Paulo x Corinthians

Já no dia 15 de outubro, será a seleção brasileira a jogar em Brasília, contra o Peru, pela 10ª rodada das Eliminatórias

O movimento de jogos, e também de shows em Brasília, que aumentou, fez a taxa de ocupação nos hotéis subir para 65,71% em 2023

Nova capital do futebol? Por que Brasília recebe Vasco x Palmeiras e São Paulo x Corinthians
Nova capital do futebol? Por que Brasília recebe Vasco x Palmeiras e São Paulo x Corinthians

Brasília, DF, 22 – O estádio Mané Garrincha, em Brasília, volta a receber jogos importantes neste fim de semana. Vasco e Palmeiras se enfrentam neste domingo pelo Brasileirão com mando de campo dos cariocas. No dia 29, será a vez do clássico “Majestoso” entre São Paulo e Corinthians, pois o MorumBis vai receber o show do cantor Bruno Mars. Já no dia 15 de outubro, será a seleção brasileira a jogar no local, contra o Peru, pela 10ª rodada das Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2026.

Neste ano, o estádio foi palco de três confrontos do Brasileirão, sendo dois deles com mando do Juventude, que empatou seus duelos contra o Atlético-MG e o São Paulo. Pela Copa do Brasil, foi o Nova Iguaçu-RJ quem levou seu jogo para o local contra o Internacional, que venceu e passou de fase.

Nas últimas temporadas, o Mané Garrincha também foi palco de algumas decisões, entre eles, em 2021 e 2023, em dois grandes confrontos envolvendo Palmeiras e Flamengo. Na primeira oportunidade, os cariocas sagraram-se campeões nas penalidades, enquanto no ano passado, o Palmeiras venceu em jogo eletrizante, por 4 a 3.

Em 2021, foi a vez de uma decisão internacional acontecer na arena, desta vez pela Copa Sul-Americana de 2021, com vitória nas penalidades do Defesa y Justicia, da Argentina, sobre o Palmeiras. “Essa é uma demanda que vem desde a Copa do Mundo realizada no Brasil, em 2014. As arenas seguem precisando mostrar a que vieram, até pra justificar o investimento que foi feito em cada uma delas. Brasília, então, surge como uma possibilidade muito boa”, analisa Jorge Duarte, gerente de marketing e esportes da Somos Young.

“Apesar de não ter tanto apelo para utilização por parte dos clubes que lá estão, o estádio possui nível de arenas europeias, o que propicia uma boa experiência tanto para quem joga, quanto para quem assiste. Aos clubes, vale a pesquisa sobre a aderência do seu público, quanto às ações que podem ser realizadas in loco, mas já podemos dizer que é uma estratégia que vem ganhando força ao longo dos anos”, completa.

De acordo com a secretaria de Turismo do estado, o Mané Garrincha se consolidou como um dos principais pontos turísticos para quem está na capital do País. Assim como ocorre com o Palácio do Planalto, Planetário e Templo da Boa Vontade, o estádio é um dos lugares mais procurados do Distrito Federal aos finais de semana por turistas e brasilienses. O tour guiado pode ser feito por R$ 55,00 durante a semana, e R$ 80,00 aos finais de semana.

O movimento de jogos, e também de shows em Brasília, que aumentou, fez a taxa de ocupação nos hotéis subir para 65,71% em 2023, fazendo ultrapassar o período pré-pandemia: em 2019, por exemplo, a ocupação foi de 59,43%. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal (Abih-DF), que prevê um projeção ainda maior para 2024. A arrecadação com ISS era de R$ 7 milhões em 2018, e em 2023 subiu para R$ 35 milhões.

“Seja por uma necessidade circunstancial, seja como um projeto de nacionalização dos clubes, esse movimento deveria ser realizado dentro do planejamento do calendário”, defende Reginaldo Diniz, CEO e sócio-fundador da End to End, empresa agência que propõe soluções e engajamento para o mercado esportivo. “Muitas agremiações possuem torcidas nacionais, e olhando o futebol também como entretenimento, sem desconsiderar uma modernização no calendário e a saúde mental e física dos atletas, me parece fazer muito sentido levar jogos importantes e de grandes times para outras regiões do país. Movimenta e economia local e reforça o sentido de pertencimento dos torcedores que estão longe fisicamente do seu time do coração”.

REFORMA DO GRAMADO

Uma das principais críticas dos clubes, elencos e comissões técnicas que jogavam no Mané Garrincha era sobre a condição do gramado, que jamais havia sido trocado desde a realização da Copa do Mundo de 2014. Nos últimos meses, visando justamente a carga de jogos nas próximas semanas, o estádio passou por uma ampla reforma, com a retirada completa do piso, nivelamento a laser antes do replantio.

Os oito mil metros quadrados de grama pronta para o plantio desembarcaram no estádio no dia 20 de agosto, e desde então, os rolos já foram sendo retirados e plantados no gramado da Arena. Esse processo de replantio em rolos teve o objetivo de garantir a qualidade do campo, assegurar padrões elevados de desempenho e segurança para todos os jogos que serão realizados.

“ELEFANTE BRANCO”? ESTÁDIO EM BRASÍLIA BUSCA OUTRAS ATIVIDADES

Após a Copa do Mundo de 2014, alguns estádios que foram palco do torneio receberam o apelido de “elefantes brancos”, cunhado para obras que tiveram grandes investimentos, mas pouca utilidade depois da competição, incluindo, nesse grupo, o Mané Garrincha.

Estádio mais caro da Copa (cerca de R$ 1,4 bi), o Mané Garrincha acabou sendo pouco utilizado por clubes da região, que não têm mais a força de outrora. Porém, 10 anos depois do torneio, conseguiu achar outras atividades para não ficar abandonado.

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Recentemente, por exemplo, abriu as portas para os espaços de coworking. A concessionária que administra o local transformou partes dos camarotes em escritórios, que são alugados para diversas companhias. As empresas estão instaladas no terceiro andar da arena, ocupando 6 mil m² dos setores locados. A estimativa da administração é de que 800 pessoas estão trabalhando nesses espaços.

“É interessante que o local aproveite a sua estrutura e traga alternativas para que seus espaços sejam bem utilizados pelos torcedores. É importante pensar sempre em proporcionar experiências memoráveis aos fãs”, aponta Léo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality, empresa que administra camarotes nos principais estádios do Brasil.