Premier League rejeita seguir recomendação da Fifa para lidar com o racismo

O Tottenham pediu nesta segunda-feira à Premier League que esclareça os procedimento

O Tottenham pediu nesta segunda-feira à Premier League que esclareça os procedimento

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São Paulo, SP, 23 – Quando a Fifa pediu a todas as competições que aplicassem um procedimento de três etapas em resposta aos casos de racismo nas partidas de futebol, ela não imaginava que a Premier League, organizadora do Campeonato Inglês, não seguiria a recomendação.

O desrespeito ao protocolo estabelecido pela secretária-geral da entidade máxima do futebol, Fatma Samoura, em uma carta datada de julho a todas as federações nacionais, criou confusão à medida em que o futebol inglês começou a ficar manchado com vários casos de racismo.

O Tottenham pediu nesta segunda-feira à Premier League que esclareça os procedimentos. O pedido vem na esteira do relato do defensor do Chelsea, o alemão Antonio Rudiger, que disse ter ouvido torcedores da equipe da casa imitando sons de macaco em sua direção no duelo entre as duas equipes, no domingo, em Londres.

A queixa de Rudiger foi rapidamente seguida por um aviso de advertência nos alto-falantes do estádio do Tottenham direcionado a mais de 61.000 torcedores: “Comportamento racista entre os espectadores está interferindo no jogo”.

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Ao ordenar o anúncio, o árbitro Anthony Taylor estava claramente seguindo o primeiro passo do protocolo antirracismo da Fifa e da Uefa, que permite a suspensão do jogo e eventual abandono se o abuso continuar. Mas a Premier League tem um plano de reação em seis etapas que não fornece a clareza oferecida pela Fifa e Uefa para os árbitros seguirem.

A prioridade da organizadora da liga inglesa é garantir que “a partida não seja indevidamente interrompida”. Dessa forma, no procedimento não está incluído exigir que os árbitros avisem aos fãs para cessar os atos racistas. Ao ser informado um caso de racismo, o primeiro passo no protocolo da Premier League determina que o quarto árbitro peça às autoridades de segurança para procurar os autores dos atos.

Então, quando três avisos foram emitidos no estádio do Tottenham em um intervalo de 10 minutos, houve confusão não apenas para telespectadores, mas também para o time da casa. Havia a possibilidade de que o jogo fosse abandonado em razão da repetição dos abusos.

“Quando o incidente foi comunicado ao árbitro Anthony Taylor, ele tomou a decisão de apelar à implementação da Fase 1 do protocolo da UEFA – em vez do protocolo da Premier League – e solicitou o anúncio, como também pediu um novo anúncio que criou um equívoco de que estava havendo um problema”, disse o Tottenham por meio de um comunicado divulgado nesta segunda-feira.

A Fifa deixou claro na carta enviada em 25 de julho às autoridades do futebol mundial que eles devem seguir o procedimento de três etapas, destacando que era uma mensagem para “todas as associações membros, ligas, clubes e órgãos disciplinares”.

RUDIGER SE PRONUNCIA

O defensor do Chelsea se pronunciou sobre o caso por meio do seu perfil no Twitter e cobrou ação rápida das autoridades, além de alertar para a facilidade de reconhecer o infrator por conta da existências de várias câmeras do moderno estádio do Tottenham.

“É muito triste ver racismo novamente em uma partida de futebol, mas acredito que seja importante falar sobre isso em público. Se não, será esquecido novamente em alguns dias, como sempre. Eu realmente espero que os infratores sejam identificados e punidos o mais breve possível”, escreveu.

O Tottenham ainda não encontrou os autores da manifestação racista nas 24 horas que se seguiram ao incidente. O clube do norte de Londres informou que contratou leitores labiais, está buscando detalhes com os jogadores do Chelsea e revendo as evidências com a polícia.

“Este clube tem um histórico orgulhoso de trabalho antirracismo em todos as nossas comunidades e estamos determinados a conduzir uma investigação minuciosa”, comunicou o Tottenham. “Neste momento, no entanto, devemos salientar que nossas descobertas são inconclusivas”.

O técnico do Tottenham, o português José Mourinho, também falou sobre o caso. Ele pediu uma ação mais ampla da sociedade para acabar com o racismo no futebol e também reclamou de uma música pouco lisonjeira destinada a ele pelos fãs do Chelsea. “Acho que não era uma música legal e ninguém fala sobre isso”, disse o treinador, que levou o clube a três títulos do Campeonato Inglês.