A Ponte Preta melhorou, mas ainda é pouco. O Guarani até que foi bem diante do bem armado Mirassol. É preciso uma análise bem racional.
João Brigatti colocou em prática uma dobra de laterais pelo lado direito, para conter as investidas do driblador Victor Andrade.
BLOG DO ARI
Campinas, SP, 1 (AFI) – Rodada dupla arrebenta analista septuagenário, como eu, com atribuição de observar os dois jogos dos clubes de Campinas, em escala subsequente, na noite de quarta-feira. Bater os olhos em partidas é uma coisa; se aprofundar em detalhes ligados a elas exige muito mais, dizia Muricy Ramalho, nos seus tempos de treinador.
Ele já confidenciou que comandantes de equipes enfrentam noites de insônia pelo desgaste provocado. Claro que não é o meu caso, mas nas filtragens dos confrontos Portuguesa x Ponte Preta e Guarani x Mirassol, cabe aprofundamento. Não é o caso de se rasgar elogios à atuação do time pontepretano na vitória diante da Portuguesa.
Louve-se, claro, a extrema entrega dos jogadores, mas competividade e raros lampejos podem ser insuficientes dependendo do adversário. Tem-se que levar em conta a ineficácia do ataque luso quando perdeu o seu atacante de beirada Victor Andrade, lesionado aos 39 minutos do primeiro tempo.
BRIGATTI
Aí é preciso reconhecer o aspecto bem observado pelo treinador pontepretano João Brigatti, quando colocou em prática uma dobra de laterais pelo lado direito, para conter as investidas do driblador Victor Andrade.
Até então, Luiz Felipe ficava na sobra de seu parceiro Igor Inocêncio, na cola do hábil jogador luso.
Claro que com a lesão de Andrade, Inocêncio pôde se soltar e até participar do início da jogada que resultou no segundo gol pontepretano.
CHUTÕES
A forma desordenada com que os zagueiros Matheus Silva e Edson se desfizeram da bola, dando chutões para o lado em que o nariz estava virado, mesmo em ocasiões que jogadores adversários não se aproximavam, precisa ser repreendida, pois contra clubes com mais recursos técnicos o preço disso pode ser alto.
Que houve melhora no rendimento do lateral-esquerdo Gabriel Risso, não se discute. Todavia, ainda não se caracterizou como porta para desafogo de sua equipe, o que até pode ocorrer nas rodadas subsequentes.
Em linhas gerais, considere que, tivesse a Ponte Preta enfrentado um adversário mais qualificado ofensivamente, o resumo da ópera poderia ter sido outro.
GUARANI
Como previ na análise pós-jogo da derrota do Guarani para o Mirassol, os mesmos torcedores que rasgaram elogios na goleada diante do Ituano alfinetaram na derrota para o Mirassol, desconsiderando o bem ajustado adversário quer na marcação, quer para trabalhar a bola e construir jogadas.
E ousado para colocar em prática marcação alta na saída de bola do time bugrino, que não está habituado a isso na condição de mandante quando enfrenta clubes do interior paulista. Pode-se dizer que pela primeira vez, neste Paulistão, o quarteto defensivo do Guarani foi colocado à prova, pelo volume de jogo do adversário.
Claro que aí ficaram caracterizadas falhas individuais dos zagueiros Léo Santos e Rayan, mas é necessário olhar o todo.
Escalado com três volantes, não era para o Guarani permitir que o adversário rondasse a sua área seguidamente.
Como a hipótese de ‘picotar’ jogadas não foi colocada em prática, e igualmente faltou capacidade para neutralizar investidas do Mirassol, isso reverteu em maior volume de jogo contra a defensiva bugrina, em situação que precisa ser contornada.
CHAY
Críticas também não faltaram ao meia-atacante Chay, colocado no gramado aos 15 minutos do segundo tempo.
De fato, o condicionamento físico-técnico do atleta está aquém do esperado, mas tem-se que entender a leitura feita pelo treinador Umberto Louzer na busca de desafogo de seu time, dominado pelo adversário.
Errou, Louzer? Sim, porque acompanha diariamente o atual estágio do atleta, embora entenda-se ter sido uma aposta na tentativa de mudar o rumo do jogo.
Diante do quadro, o torcedor bugrino vai precisar de paciência, até que os devidos ajustes sejam feitos.
Atacante Reinaldo, por exemplo, tem melhor desempenho quando encontra espaços, mas a exigência do futebol é desempenho mesmo bem vigiado.
Triangulações pelos lados dos campos não têm sido frequentes na equipe, como na fase áurea do último Brasileiro da Série B. Tudo isso é questão de tempo para os devidos ajustes.
É o que se espera.