Eliel revela "pressão gigantesca" em luta contra queda na Ponte Preta
Atacante da Macaca avaliou seu primeiro ano completo no profissional, contando bastidores da briga para não cair na Série B
De saída da Ponte, Eliel participou de entrevista Ping Pong com o Portal Futebol Interior, para relembrar a temporada de 2023
Por Eduardo Tolentino
Natural de Brasilândia de Minas-MG, o atacante Eliel Chrystian, de apenas 20 anos, participou de sua primeira temporada completa no elenco profissional da Ponte Preta em 2023. O jogador havia se destacado na categoria sub-20, no ano anterior, quando foi artilheiro do Paulistão com 21 gols em 20 jogos.
Seus números fizeram com que a Ponte renovasse seu contrato até janeiro de 2025, com multa rescisória de R$ 150 milhões para clubes do exterior. Inclusive, foi promovido ao time principal para uma partida da Série B de 2022, contra o Náutico-PE, em confronto importante na briga contra o rebaixamento. Ele fez o gol da vitória.
Com a saída do atacante titular, Lucca, para o futebol tailandês, Eliel herdou a camisa 9 e logo começou a ser escalado no Paulista Série A2, do qual a Ponte Preta se sagrou campeã. Após o bom começo de ano, com título, a vida na Série B não teve a mesma tranquilidade.
Os companheiros de posição, Jeh e Pablo Dyego se lesionaram, e Eliel passou a ser escalado como titular na referência do ataque. O rendimento da equipe caiu com outros desfalques por lesão, chegando a 11 rodadas se vencer. A situação na tabela ficou delicada, com sério risco de rebaixamento. No entanto, com resultados importantes nos últimos jogos, a Macaca escapou.
Para começar, como você avalia a sua primeira temporada completa no profissional? Sentiu muitas dificuldades? Quais as principais diferenças que percebeu comparando com a base?
Eliel: Essa diferença é muito grande. Você sai da base com um estilo de jogo diferente, mais rápido, sendo que a Série B também é bem rápida, bem pegada. Na base eu acho que tem muita diferença entre as equipes. Quando eu subi da base para o profissional, senti aquele frio na barriga e no primeiro jogo eu já fiz o gol, fui feliz. Então ali já dei uma respirada, senti que era ali mesmo que eu queria estar, que aquilo era meu sonho. Então depois do gol eu me senti aliviado, fiquei mais solto, olhei para a torcida assim e vi que o negócio estava acontecendo mesmo. Então eu acho que fiz uma temporada boa, fiz uns gols importantes na Série B. Exaltar meu trabalho também, né? Sempre joguei com muita raça, muita vontade e os resultados acabam vindo. Acho que fiz uma temporada muito boa.
Como foi começar o ano já conquistando um título? Como foi a sensação? E o clima entre os jogadores?
Eliel: É, a gente entrou na A2 sabendo dessa importância, que o objetivo era esse título pra Macaca, acho que depois de 53 anos sem conquistar. E a gente sabia que o nosso nome ficaria na história, acho que fizemos um excelente campeonato. O time estava bem entrosado, bem focado. Mesmo no banco, eu entrava nos jogos e me sentia à vontade. Fiz três gols e acho que uma assistência. Então ali tinha bastante confiança entre o time, bem unido. E acho que a final foi bastante equilibrada, mas pela nossa campanha a gente foi glorificado com esse título. E também foi meu primeiro, né? Fiquei bastante feliz em poder levantar a taça junto com a Ponte Preta dentro do Moisés Lucarelli, com o estádio lotado, foi lindo. Fiquei muito feliz nesse dia.
Na Série B, em sua opinião, por que o time não conseguiu render o mesmo do estadual? E qual aprendizado esse campeonato deixou pro Eliel?
Eliel: Na nossa visão, a Série B era um campeonato totalmente diferente da A2. Acho que teve muitas mudanças também, né? Isso acaba atrapalhando um pouco. Até o time entrosar, tem um jogador que se sente confortável com o técnico, tem um jogador que não sente. Então tudo isso leva a esse ponto. E acho que tem muita coisa também por fora disso tudo que acaba não dando certo no campo. Mas acho que o time quando quis, jogou bem, mas acabava pecando ali no último terço, no ataque. Eu mesmo sei isso aí, sei bem. Fiz uns gols importantes, mas também acabei pecando em alguns jogos na finalização. E agora é pegar de exemplo esse campeonato e levar pra 2024. Essa campanha deixou um aprendizado bem grande para mim, sei o quanto é disputado, sei quanto muda a cada jogo né, você tem que correr bastante, não pode pecar nas finalizações, como eu falei para você, o time tem que estar entrosado. Não pode dar bobeira que, na Série B, em 3 pontos ali, 6 pontos aqui, você está lá em cima. E qualquer bobeira também, você está ali na zona de perigo.
Como foi lidar com a pressão na luta contra o rebaixamento? Dificulta muito o trabalho? E depois de escapar, como foi o alívio dos jogadores?
Eliel: Foi bem sofrido, bastante complicado lutar para não cair. Ainda mais quando se tem uma torcida gigantesca, como é a da Ponte em Campinas, que sempre está ali apoiando. E quando a coisa não dá certo, eles estão no direito deles e tem que cobrar mesmo, cobrar internamente, enfim. É uma pressão gigantesca, né? Carregar o peso dessa camisa na Série B e ir lutando para não cair. E depois ali do último jogo, que a gente ganhou de 3×0, você vê um alívio assim, respira fundo, vê que conseguiu se manter ali na B e não jogar a C, então é um momento de alívio mesmo.
A chegada do Brigatti foi fundamental para escapar do rebaixamento? Como foi sua relação com ele?
Eliel: O Brigatti, sim, foi fundamental. Tem um espírito diferente de ser Ponte Preta e acho que põe uma energia diferente nos jogadores. Acho que nos três últimos, mesmo com a derrota para o Avaí, fizemos grandes jogos. Faltou a bola entrar mesmo. Mas o Brigatti foi, sim, muito importante.
Ao longo do ano você jogou em praticamente todas as funções do ataque, mostrando versatilidade, mas qual a sua preferida? Foi muito difícil se adaptar a essas funções?
Eliel: Eu me sinto mais à vontade jogando como centroavante, incomodando a saída de bola, pressionando o zagueiro com as
movimentações. Não fico muito parado também, fico toda hora quebrando a linha para tentar confundir a defesa e receber passes em profundidade. Na ponta esquerda eu também gosto de jogar, mas na ponta direita acho eu não vou muito bem, porque fica com a perna trocada, né? Fica mais difícil pra mim.
ELIEL DE SAÍDA?
Eliel não deve ficar na Ponte para 2024. Ele tem proposta para defender o Cuiabá, do Mato Grosso, e a diretoria do clube confirmou que está negociando. A informação foi divulgada pelo jornalista Venê Casagrande e confirmada pelo Portal Futebol Interior. Ainda segundo apuração, a proposta pegou todos de surpresa na Macaca.