Copa do Mundo: Pai de Lauren 'atravessa o mundo', dorme em albergue e vê filha titular da seleção
Erymar acompanha a filha do outro lado do mundo
Apesar de ser a mais jovem de toda a delegação do Brasil no mundial, a defensora iniciou o jogo de estreia da seleção de Pia Sundhage contra o Panamá.
Viajar mais de 20 horas de avião, atravessar o mundo depois de vender o próprio carro, entrar no estádio e ver sua filha titular no primeiro jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo. Isso foi o que Erymar Alexandre, pai da zagueira Lauren, viveu nos últimos dias. Apesar de ser a mais jovem de toda a delegação do Brasil no mundial, a defensora iniciou o jogo de estreia da seleção de Pia Sundhage contra o Panamá.
“É surreal o que eu vivi e senti ao ver ela em campo ali. Estar entre as 23 da Copa do Mundo já me deixou sem palavras, mas quando eu vi a Lauren ali, entre as 11 da estreia perfilada para cantar o hino… não sei nem te explicar o que aconteceu, o que eu senti. É algo que parecia um sonho, mas eu estava vivendo. Minha filha ali, com a camisa do Brasil pronta para jogar uma Copa”, explicou emocionado Erymar em entrevista exclusiva para o Estadão.
Apesar de todo o planejamento feito com antecedência, pensando e imaginando que a filha estaria na Copa do Mundo, a própria Lauren não permitiu que a compra de toda a viagem fosse feita antes. De acordo com Erymar, apesar de todo o bom momento vivido pela jogadora nos últimos anos e de estar nas últimas listas de Pia Sundhage mesmo com apenas 20 anos, a atleta barrou o desejo da família de antecipar toda a compra.
“A nossa família tem um acordo claro, uma promessa. Independente de onde a Lauren estiver, nós vamos estar de alguma maneira. Desde a base é assim. Sempre temos alguém na arquibancada para acompanhar ela em campo. Assim foi pelo Brasil, pela América do Sul, na Finalíssima contra a Inglaterra em Londres, na Espanha onde ela esteve na última temporada e está sendo na Copa do Mundo. Em algumas oportunidades esteve só a minha esposa, outras só a minha filha mais velha e agora estou sozinho. Pensamos em comprar antes da convocação, planejamos trazer todos, mas a Lauren não deixou comprar antes. Só fomos ver tudo cerca de 20 minutos depois que o nome dela foi falado na lista e o custo foi muito acima do esperado. Por isso, desta vez, ficou definido que eu viria sozinho”, comentou o pai da zagueira do Brasil.
SONHO
Apesar de “viver” um sonho, Erymar não esconde que o valor de tudo assustou. Para tentar bancar tudo sem tanto sofrimento, o pai de Lauren não pensou duas vezes e colocou a venda o próprio carro para conseguir fundos e estar na Copa do Mundo.
“Eu agendei as minhas férias no trabalho para poder vir, me preparei para estar aqui, mas ficou muito caro. Não vou esconder que a Lauren está me ajudando muito em estar aqui, pagando a maior parte das coisas, mas vendi meu carro para facilitar tudo. Carro eu posso ter outro, não poderia perder essa chance. Também estou dormindo em hostel, onde for mais em conta. Além da viagem do Brasil para a Austrália, tem as viagens aqui dentro do país também, o que eleva o custo. Eu não tinha ingresso para alguns jogos do Brasil, mas o presidente da CBF fez questão de me encontrar e me garantiu entrada na área VIP da confederação para as partidas”, explicou.
A preocupação do carro não existe mais. Com a história de Erymar ganhando as redes sociais, a Volkswagen garantiu para o pai de Lauren que dará um novo veículo para ele após a Copa do Mundo. “Se prepara porque mais um craque vai fazer parte da família: o Novo Polo”.
A TORCIDA BRASSILEIRA
Lauren já fez o pai e quase toda a família viajar pelo mundo algumas vezes. Na Copa do Mundo Sub-20, em 2022, Erymar Alexandre estava assistindo a filha na Costa Rica e não esconde que o Mundial da Austrália é marcante e único.
“Eu já fui em várias competições e aqui é muito diferente. O clima de Copa do Mundo é completamente outro. Os brasileiros estão acompanhando em muito mais peso. É a maior de todos os tempos e é nítido isso. O pessoal se organiza, se movimenta para ver junto e quando descobrem que eu sou o pai da Lauren é muito grande a emoção de todos”, comentou.
Uma das provas dessa diferença é que pela primeira vez na história o Movimento Verde e Amarelo, grupo de torcedores que acompanha e torce pelo Brasil nos mais diversos esportes, está em uma Copa do Mundo feminina.
“Foram seis meses organizando, preparando e pensando em tudo. Somos um grupo de 15 pessoas que ficou responsável por tudo e a grande maioria são mulheres. Estar aqui e conseguir torcer por mulheres que jogam pelo Brasil é histórico. As jogadoras já nos agradeceram algumas vezes, os familiares das atletas que estão aqui também. A expectativa de pessoas conosco nas partidas foi superada por muito logo na estreia e agora queremos mais”, explicou Fernanda Zaguis, organizadora do movimento, para o Estadão.
Paulo Chacon
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