Corinthians pode perder pontos por cantos homofóbicos em clássico

Ronaldo Piacente, procurador-geral do STJD, confirmou sua intenção de apresentar uma denúncia contra o clube paulista

O Corinthians será denunciado no STJD e pode perder pontos no Brasileirão pelos cantos homofóbicos no clássico contra o São Paulo

Corinthians pode perder pontos por cantos homofóbicos em clássico

São Paulo, SP, 15 (AFI) – O Corinthians corre o risco de perder pontos no Campeonato Brasileiro caso seja punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pelos cantos homofóbicos na Neo Química Arena. As manifestações preconceituosas aconteceram durante o clássico contra o São Paulo, no último domingo (14), pela 6ª rodada da Série A.

Ronaldo Piacente, procurador-geral do STJD, confirmou sua intenção de apresentar uma denúncia contra o clube paulista. Com isso, o clube corre o risco até de perder pontos no Brasileirão, conforme determinado pelo Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) em casos de discriminação praticada por um grande número de pessoas ligadas a uma mesma entidade desportiva. Também há punições parecidas previstas pelo novo Regulamento Geral de Competições (RGC) da CBF, que tem prometido sanções mais severas.

O EPISÓDIO

Corintianos presentes nas arquibancadas da Neo Química Arena cantaram, aos 18 minutos do clássico, as seguintes palavras: “Vamos! Vamos, Corinthians! Dessas bichas teremos que ganhar”. A melodia é executada frequentemente no estádio alvinegro, mas com a frase “esse jogo teremos que ganhar”. Quando o jogo é contra rivais, contudo, a letra é alterada.

Ao ouvir o cântico ofensivo, o árbitro Bruno Arleu de Araújo paralisou a partida. Além disso, o próprio clube exibiu no telão da Arena uma mensagem pedindo que parassem de cantar: “Atenção. É proibido emitir cantos discriminatórios, racistas, homofóbicos ou xenófobos”, dizia o alerta. O episódio foi relatado por Araújo na súmula da partida.

“Informo que, aos 18 minutos do segundo tempo, paralisei a partida por 2 minutos devido a gritos homofóbicos da torcida: ‘Vamos, Corinthians, dessas bichas teremos que ganhar’. Sendo informado no som e no telão do estádio para que os gritos cessassem, mesmo assim a torcida continuou, gritando efusivamente, e, após os gritos cessarem, a partida foi reiniciada. Fato esse comunicado ao delegado da partida e ao chefe do policiamento”, relatou o árbitro.

Em comunicado oficial, o Corinthians expressou seu repúdio aos cantos preconceituosos entoados por seus torcedores no estádio, que resultaram na interrupção do jogo por alguns minutos. A data do julgamento ainda não foi definida. De acordo com o Regulamento Geral de Competições (RGC) da CBF, a infração pode acarretar em perda de pontos e aplicação de multa, sendo esta última passível de duplicação em caso de reincidência.

A DENÚNCIA

O Timão será denunciado no artigo 134 do RGC-2023, cujas penalidades incluem advertência, multa pecuniária administrativa no valor máximo de R$ 500 mil – a qual seria direcionada a causas sociais ou deduzida das cotas a receber – proibição de registro ou transferência de atletas, além da perda de pontos.

No caso de ato discriminatório praticado por grandes grupos de torcedores, é prevista punição ao clube, com multa de até R$ 100 mil e “perda do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida, prova ou equivalente”. Ou seja, mesmo tendo empatado o jogo, o Corinthians não perderia o ponto conquistado e ,sim, três pontos. Em caso de reincidência, a pena dobra.

No ano passado, o Corinthians também foi denunciado por cantos homofóbicos em clássico com o São Paulo, disputado em maio, mas conseguiu se livrar de penas mais duras pagando uma multa de R$ 40 mil, com metade do valor destinado a instituições de caridade.

Neste ano, a CBF formulou um Regulamento Geral de Competições (RGC) com determinações mais claras sobre a prática de homofobia. O RGC de 2022 falava, em seu primeiro inciso do primeiro artigo, sobre prevenir comportamentos antidesportivos como “racismo, xenofobia ou qualquer outra forma de discriminação”, mas não citava a palavra homofobia ou termos equivalentes em nenhuma de suas 41 páginas.

O regulamento atual, por sua vez, inclui o assunto, também no primeiro inciso de seu primeiro artigo, tratando-o como LGBTfobia. “As competições do futebol brasileiro exigem de todos os intervenientes colaborar de forma a prevenir comportamentos antidesportivos, bem como violência, dopagem, corrupção, manifestações político-religiosas e político-partidárias, racismo, xenofobia, sexismo, LGBTfobia ou qualquer outra forma de discriminação”, diz o artigo.

No segundo inciso, determina que as “declarações antidesportivas” serão passíveis de punições descritas no artigo 134, que prevê advertência, multa de até R$ 500 mil (com possibilidade de ser revertida em prol de causas sociais), vedação de registro ou transferência de atletas e perda de pontos. Já o artigo 78 define os clubes como responsáveis por qualquer conduta imprópria de seus respectivos grupos de torcedores.

Ainda sem ter recebido qualquer notificação oficial sobre o caso, o Corinthians se manifestou por meio de um comunicado oficial e condenou o comportamento dos torcedores.

“O Corinthians volta a repudiar veementemente os cantos homofóbicos relatados na súmula do jogo deste domingo (14/5). Como sempre, o clube alerta continuamente sua torcida, por meio de suas redes sociais e do sistema de som e de telões da Neo Química Arena, com esclarecimentos aos torcedores quanto a ilegalidade dessas condutas. E mais uma vez insistimos com nossa Fiel Torcida para que cessem com atos como esses em nossa arena”, diz o texto.

POSICIONAMENTO DO CORINTHIANS

“O Corinthians volta a repudiar veementemente os cantos homofóbicos relatados na súmula do jogo deste domingo (14/5). Como sempre, o clube alerta continuamente sua torcida, por meio de suas redes sociais e do sistema de som e de telões da Neo Química Arena, com esclarecimentos aos torcedores quanto a ilegalidade dessas condutas.
E mais uma vez insistimos com nossa Fiel Torcida para que cessem com atos como esses em nossa arena.”

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