'Quem tiver que se ferrar que se ferre', diz Luxemburgo sobre esquema de apostas no futebol

"Não tem como preservar ninguém que faz coisas erradas e prejudica todo um processo do futebol"

Após expor a posição veemente a favor da punição dos responsáveis e demonstrar otimismo com mudanças legítimas no esporte

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Campinas, SP, 11 – O experiente técnico Vanderlei Luxemburgo espera que a operação Penalidade Máxima, conduzida pelo Ministério Público de Goiás para investigar um esquema de apostas esportivas, transforme o futebol brasileiro após punir os culpados. Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira, no Engenhão, o treinador fez uma breve pausa em suas explicações sobre a derrota por 3 a 0 para o Botafogo ao ser questionado sobre sua visão a respeito do escândalo.

“Eu estou achando ótimo isso acontecer”, respondeu o treinador. “Quem tiver que se ferrar que se ferre. Essa é a grande realidade. Não tem como preservar ninguém que faz coisas erradas e prejudica todo um processo do futebol onde esse dinheiro está chegando. Os problemas não estão nos donos das bets (sites de apostas), está na relação onde você fica vulnerável, o atleta fica, vai chegar em outros setores do futebol”, completou.
CLIMA DE DESCONFIANÇA

Após expor a posição veemente a favor da punição dos responsáveis e demonstrar otimismo com mudanças legítimas no esporte, Luxemburgo fez ponderações sobre o clima de desconfiança que se instaurou. O receio, segundo ele, é que qualquer erro dentro de campo possa ser visto com um possível caso de manipulação.

“Tem que punir todo mundo, doa a quem doer. Se tiver alguma falcatrua, tem que dizer. Mas essas coisas deixam abertura. Estou achando ótimo. Quem fez bobagem, segure a sua onda. Essa coisa ficou muito vulnerável. Amanhã você errou um passe, vão dizer que tem esquema. Tem que separar o joio do trigo”, comentou.

O Ministério Público de Goiás (MP-GO), por meio da Operação Penalidade Máxima, investiga um esquema de manipulação de apostas esportivas em partidas do Campeonato Brasileiro das séries A e B de 2022 e partidas do Paulistão e do Campeonato Gaúcho de 2023. Jogadores cooptados por grupos criminosos recebiam até R$ 100 mil para provocar cartões amarelos e vermelhos ou realizar outras ações dentro de campo e, assim, ajudar os apostadores.
JOGADORES QUE VIRARAM RÉUS

No processo do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que o Estadão teve acesso, sete jogadores foram denunciados e se tornaram réus. Eduardo Bauermann (Santos), Gabriel Tota (Ypiranga-RS), Victor Ramos (Chapecoense), Igor Cariús (Sport), Paulo Miranda (Náutico), Fernando Neto (São Bernardo) e Matheus Gomes (Sergipe). O Corinthians não tem nenhum atleta como alvo das investigações.

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