São Paulo fatura mais no Allianz e Palmeiras tem público histórico no Morumbi

"Tricolor e Palmeiras mostram que é possível a convivência pacífica entre rivais históricos'', afirma o presidente do Tricolor Paulista

O São Paulo faturou bastante dinheiro mandando seus jogos do Paulistão no Allianz Parque

Allianz Parque São Paulo
São Paulo fatura bolada jogando no Allianz Parque (Divulgação)

São Paulo, SP, 16 – Depois de o Palmeiras atuar no Morumbi durante a primeira fase do Paulistão, foi a vez de o São Paulo jogar como mandante no Allianz Parque, pelas quartas de final do Paulistão. Em um acordo inédito, Leila Pereira, mandatária alviverde, e Júlio Casares, presidente são-paulino, negociaram a cessão dos espaços para minimizar os prejuízos com o aluguel para shows e eventos quando seus respectivos estádios estivessem impossibilitados.

Passados os dois duelos, a avaliação dos dirigentes sobre a utilização dos estádios adversários é positiva, ainda que, esportivamente, o saldo para o São Paulo tenha sido negativo, já que caiu precocemente nas quartas do Paulistão ao perder nos pênaltis para o Água Santa jogando na casa do rival.

Allianz Parque São Paulo
São Paulo fatura bolada jogando no Allianz Parque (Divulgação)

COFRES CHEIOS COM BILHETERIA

Os presidentes dos dois clubes haviam feito a projeção de que ganhariam mais dinheiro com bilheteria mandando seus jogos na arena do rival do que, por exemplo, na Arena Barueri, que fica longe da região central da capital e apresenta problemas de deslocamento para os torcedores e de estrutura. A projeção foi acertada e o acordo, benéfico para ambos, como comprovam os números apurados pelo Estadão.

Em fevereiro, o Palmeiras levou 49.241 torcedores ao Morumbi e registrou o maior público do time neste século. A renda superou a casa de R$ 2 milhões, com um ticket médio de R$ 42,10, valor menor do que a média anual palmeirense. O jogo contra o São Bernardo, por exemplo, pelas quartas de final, teve renda de R$ 2,6 milhões. Mas a presença do público no Morumbi foi um recorde. Muitos torcedores aprovaram o retorno ao palco utilizado em decisões do Palmeiras até o início dos anos 2000.

SÃO PAULO TEM BOA MÉDIA

Já a equipe comandada por Rogério Ceni, que tinha a segunda melhor média de público da fase classificatória do Paulistão, com mais de 40 mil espectadores por jogo, levou 39.454 torcedores ao Allianz na segunda-feira. A bilheteria do duelo com o Água Santa no estádio do rival rendeu R$ 3.277.089,00 à agremiação tricolor, valor superior à renda de todas as seis partidas da equipe no Estadual dentro do Morumbi.

Chama a atenção o salto em relação às partidas no Morumbi. Nos seis primeiros jogos como mandante em 2023, o São Paulo tinha o menor valor cobrado pelo ingresso do Trio de Ferro da capital, com R$ 40,16. No duelo na arena palmeirense, o número mais do que dobrou, com a marca de R$ 83,06 por entrada. Nas redes sociais, muitos torcedores reclamaram do processo de venda de ingressos, com pouca disponibilidade de meia-entrada e com falhas no desconto para sócios-torcedores.

Contra o Água Santa, os ingressos variaram de R$ 40 (meia-entrada) para o setor Gol Norte, até R$ 600 em camarotes corporativos, como o Braza Restaurante e o La Coppa, locais com ativações especiais e serviços de comida e bebida à vontade. “São espaços que vão além da experiência esportiva, locais onde os torcedores podem usufruir de toda a experiência de um estádio de futebol, somado a alta gastronomia e vastas opções de entretenimento”, diz Mark Zammit, CEO da GSH, empresa que participa de operações em arenas e recebeu os são-paulinos nos dois restaurante que administra no Allianz Parque.

Já após o primeiro jogo do acordo, o duelo do Palmeiras com o Santos no Morumbi, os presidente dos clubes haviam celebrado a parceria bem-sucedida. “A rivalidade deve se restringir ao campo de jogo. Fora dele, os clubes têm interesses em comum e precisam trabalhar coletivamente em busca de melhorias para a indústria do futebol”, disse Leila Pereira naquela ocasião. O posicionamento foi endossado por Júlio Casares.

VOLTA DAS DUAS TORCIDAS NOS CLÁSSICOS?

“São Paulo e Palmeiras mostram que é possível a convivência pacífica entre rivais históricos, deixando a disputa acirrada apenas para dentro de campo nos jogos entre os times. Queremos que este momento seja um marco para o futebol paulista”, afirmara o presidente são-paulino. A Polícia de São Paulo tomou mais providências para a partida do São Paulo no Allianz dada a proximidade de bares e lojas palmeirenses ao redor da arena. Bares foram fechados e tapumes erguidos. Não houve confusão.

Não houve registro de nenhum caso grave de vandalismo e depredação em ambos os estádios ocupados por torcedores rivais. No entorno do Allianz Parque, foram colocados tapumes de aço. No dia seguinte ao jogo do São Paulo, o Palmeiras fez a vistoria em sua arena e não identificou avarias relevantes à estrutura do local, como arquibancadas e cadeiras nos setores usados pela torcida do São Paulo.

Na visão de Renê Salviano, especialista em marketing esportivo e fundador da HeatMap, o acordo entre os rivais é importante para aumentar as receitas das agremiações. “Do ponto de vista financeiro, foi um acordo interessante para os dois lados. Palmeiras e São Paulo administram dois dos palcos mais tradicionais do futebol brasileiro, praças esportivas que possuem camarotes de grandes marcas e espaços com enormes potenciais de ativações”, afirma.

O Palmeiras deve usar o Morumbi novamente em breve. Entre os dias 18 e 20 de abril, terá de atuar fora de seus domínios na primeira partida como mandante na Libertadores. Ainda não existe confirmação, mas o destino mais provável para o confronto é a casa são-paulina.

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